A pergunta pegou-a de surpresa, mas ela sorriu. “Eu nem quero perguntar. Você estava louco por esse divórcio, eu conseguia sentir.” Sofia já estava preparada para isso desde que se casaram. Ela sabia que seus dias de casada eram contados, mas chegou um pouco mais rápido do que havia imaginado. Não fazia dois meses desde o falecimento do Velho Sr. Constâncio e João já estava divorciando-se.
João ficou surpreso com a resposta dela por um breve momento e então bufou. A ausência de explicação fez Sofia pensar que havia acertado na mosca. João soltou fumaça mais algumas vezes e apagou o cigarro no cinzeiro. Ao invés de continuar o assunto, ele perguntou: “Quais são seus planos agora?”
Sofia ponderou. “Planos? Nenhum por enquanto. Só quero passear um pouco e conhecer novos lugares”. Ela estava preocupada com o que iria acontecer após o divórcio, pois ela sabia que todos iriam rir dela, principalmente porque a razão principal do casamento com ele tinha baseada em superstição.
O casamento dela na Família Constâncio foi para servir como um amuleto da sorte. O Velho Sr. Constâncio estava desesperado devido à sua condição de saúde e tentou virar sua sorte forçando o casamento entre ela e João. Sofia lembrava que João não queria aquilo, mas como ele estava acorrentado à sua moralidade e seus laços familiares, era impossível simplesmente rejeitar.
João renunciou à sua posição e relutante, casou-se com ela . Um amuleto humano era uma superstição, claro, e no final das contas, apenas serviu para alegrar o Velho Sr. Constâncio, mas não ajudou com seu estado. Ele sofreu por muito mais tempo que deveria e no fim, faleceu mesmo assim. Sequer um ano havia se passado e Sofia conseguia imaginar a zombaria que teria que aturar. Esconder-se seria uma boa ideia. Ela baixou seu olhar em direção a seu copo de água. “Voltarei em alguns meses para prestar minhas condolências”.
João pensou um pouco. “Ligue para o Isaque se precisar de algo. Ele pode te ajudar”. Isaque era o assistente de João e trabalha com ele já há bastante tempo. Ele era responsável por todos os assuntos de João relativos a trabalho e alguns esporádicos assuntos pessoais.
Sofia não recusou sua oferta. “Ok, então. Não hesitarei”. Quando a comida foi servida, Sofia foi com tudo sem se importar. Ela não falou nada pois não sabia o que dizer. Eles não se comunicavam muito em seu curto casamento, tirando os momentos de diversão no escuro da cama. Agora que estavam divorciados, a distância entre eles tornou-se um abismo e tinham muito menos assuntos a compartilhar.
João parecia não estar com muito apetite e então parou após algumas medidas, mas Sofia ignorou-o e continuou comendo. O pedido impulsivo há pouco não deu muito certo, era muita coisa para ela. Sofia não aguentava mais nenhuma garfada após metade da comida. Ela inclinou-se para trás e chamou o garçom. Quando ele chegou, ela apontou para a comida. “Embrulhe tudo, por favor”.
Todos que comiam nesse hotel eram pessoas famosas, então raramente alguém pedia para embrulhar a comida. O garçom ficou surpreso com o pedido, mas João disse: “Embrulhe”.
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