A Vitória do Verdadeiro Amor romance Capítulo 130

A mente dela evocava apenas aquela lembrança angustiante de desespero e sufocamento, como se estivesse presa em um abismo profundo de azul escuro, sem fim.

Foi apenas hoje que ela percebeu que o mar não era apenas assustador e opressor. Havia também um lado sereno e belo, como o que via diante de si agora.

Naquela tarde, com a brisa suave da praia, tudo ao seu redor parecia tão tranquilo quanto encantador.

O medo que ela carregava do mar começou a se dissipar. Os anos de ansiedade e inquietação que dominavam seu coração pareciam, aos poucos, se dissolver como espuma das ondas.

Antes, apenas ouvir a palavra "mar" já bastava para deixá-la inquieta. Agora já podia enfrentá-lo com serenidade.

O olhar de Leonardo estava fixo no rosto de Mônica.

Seu rosto delicado, com olhos límpidos, nariz bem definido e lábios suaves em um tom chocolate.

Seus cabelos longos, lisos e macios balançavam suavemente com a brisa do mar, fazendo-a parecer tranquila e bela.

Leonardo sentiu-se transportado para o momento em que a viu pela primeira vez, debaixo de uma árvore, com uma prancheta na mão, desenhando com concentração.

Ele se aproximou de Mônica, mantendo uma distância apropriada.

Perguntou em voz baixa: "Quer sentir a água do mar?"

"O que?"

Mônica virou-se ao ouvir a pergunta, e sem perceber, seus lábios quase roçaram o queixo de Leonardo.

O toque, tão leve quanto uma pluma, era quente e fugaz.

Mônica sentiu seu coração disparar.

Levantando os olhos um pouco mais… estavam os lábios de Leonardo.

Os traços de Leonardo pareciam obra prima divina, especialmente seus lábios finos, bem delineados, com uma perfeição que parecia quase irreal.

Mais acima, encontrou seus olhos sorridentes, que a observavam com suavidade.

Mônica se sentiu completamente perturbada, e até sua respiração ficou desordenada.

Ela nem ao menos entendia como haviam ficado tão próximos.

Por um momento, a ideia de que Leonardo havia se aproximado de propósito passou por sua mente.

Mas logo afastou o pensamento.

Afinal, Leonardo sempre fora impecavelmente educado e íntegro ao seu lado. Ele jamais faria algo desrespeitoso ou oportunista.

Esforçando-se para recuperar a compostura, Mônica assentiu, tentando disfarçar o nervosismo:

"Sim!"

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No Refúgio dos Pássaros.

Débora ouviu o som de um carro se aproximando e correu até a porta.

De fato, era o Rolls-Royce cinza-claro que Samuel costumava dirigir.

Ao se aproximar, a janela abaixada revelou o rosto de Samuel.

Mas o Samuel de hoje parecia estar de mau humor, com o cenho franzido.

Débora, com sua intuição aguçada, percebeu que algo havia acontecido, mas manteve a compostura.

Com um rosto surpreso, ela disse: "Samuel, que bom que veio!"