Depois que a Dandara foi pegar a bandeja no meu quarto, eu voltei a dormir.
Acho que o meu corpo estava exigindo mesmo esse descanso.
Quando acordei, já passava das 10:30.
- Nossa, eu dormi demais, se bem que era esse o plano.
Falei, enquanto me levantava pra ir no banheiro.
Resolvi tomar um banho pra despertar, depois escovei os dentes, escolhi uma roupa, peguei dinheiro, o papel com o endereço da Cris, e saí disposta a resolver os problemas do mundo.
Quer dizer, do mundo não né, na verdade eram os meus problemas.
Cheguei na recepção e encontrei a Dandara.
- Bom dia
Dandara: Bom dia dorminhoca, conseguiu descansar pelo visto né?
- Ainda bem, eu estava precisando.
Dandara: Entra e vai almoçar, você deve estar faminta.
- Na verdade eu não vou almoçar aqui não, eu vim te pedir um outro favor.
Ela ficou me olhando desconfiada, esperando o meu pedido.
- Eu quero que você me diga o que a Cris gosta de comer, pra eu comprar e ir almoçar com ela.
Dandara: Ela vai pegar a comida e jogar na sua cara se você fizer isso Kyra.
- Por favor Dandara, me fala, eu assumo os ricos.
Dandara: Você é louca, mas tudo bem.
Ela gosta de fígado acebolado.
- Ótimo, onde eu encontro isso pra vender?
Dandara: Na esquina tem um restaurante que ela só compra lá quando ela não gosta do que é servido aqui.
- Obrigada Dandara. Eu já vou indo.
Dandara: Escuta Kyra, se ela jogar essa comida na sua cara, o Dilan vai ficar com mais raiva ainda, e você pode piorar as coisas.
- Ela não vai fazer isso.
Falei e saí em direção ao restaurante.
Depois de comprar a minha comida e a dela, caminhei por 10 minutos, perguntando pra Deus e o mundo onde ficava a rua dela, até chegar na casa dela.
Respirei fundo, antes de tocar a campanhia.
Assim que ela abriu o portão, ela pareceu não acreditar no que estava vendo.
Cris: O que veio fazer aqui? perguntou com raiva.
- Por favor, não bate o portão na minha cara. Eu vim me desculpar com você e conversar com você a respeito do Dilan.
Eu quero poder escutar a sua história e ter a chance de te contar a minha.
Ela pareceu surpresa, mas percebi que ela ficou um pouco desarmada.
Cris: Eu não sei se o fato de contarmos a história uma pra outra vai mudar alguma coisa Kyra.
- A gente pode tentar. Eu trouxe fígado acebolado, já almoçou? falei e ela finalmente abriu um sorriso.
Cris: Da pra entender perfeitamente o motivo do Dilan ser apaixonado por você.
Até eu me apaixono desse jeito, entra vai.
Falou dando espaço pra eu entrar.
Segui ela até a cozinha, onde eu pude colocar as marmitas na mesa, enquanto ela pegava pratos pra gente se servir.
Cris: Pode sentar Kyra.
Eu sentei e logo depois ela sentou também, trazendo uma jarra de suco e dois copos.
Ela nos serviu, e fechou os olhos sentindo o cheiro do fígado.
Cris: A Dandara deve ter te falado que adoro fígado.
- Sim, foi dica dela mesmo.
Cris: Então, o que você quer conversar comigo? falou colocando uma colherada de comida na boca.
- Eu quero me desculpar por invadir o seu espaço Cris. Não digo na sua casa, mas o espaço no coração do Dilan.
Nunca foi minha intenção magoar você ou fazer você se sentir rejeitada.
Cris: Por favor, não usa essa palavra Kyra.
Olha, está na cara que eu não lido muito bem com abandonos, ou com fins de relacionamentos. Mas eu odeio isso em mim. É algo que me persegue por onde ando. Eu sempre fico tentando firmar a importância que quero ter na vida das pessoas, e fico frustrada quando algo me faz lembrar que fui rejeitada a vida toda.
- Não fala assim Cris.
Cris: Por favor, não faz isso, não me olha com pena, eu também convivi com esse olhar a vida toda, eu sou cheia de feridas mal curadas Kyra, cheia de incertezas sobre o meu futuro, pois o único futuro que projetei foi ao lado do Dilan, e saber que eu nunca tive uma chance, me machuca profundamente.
Eu me senti enganada, por fazer planos com alguém que o tempo todo pensou em fazer planos com outra pessoa.
Eu peguei o anel do Dilan que estava no meu pescoço e mostrei pra ela.
- Durante muitos anos, esse anel foi a única coisa que me ligava ao Dilan.
Quando a minha mãe morreu, eu fui arrancada dos braços dele e me levaram pra longe, e você já conhece a nossa promessa.
Assim como ele, eu também imaginei o dia em que eu pudesse reencontrá-lo, e tive medo do que encontraria.
Eu tive medo dele já ter casado, dele já ter construído uma família, até em morte eu pensei, mas eu nunca pensei em tirar ele de alguém, se eu o encontrasse dessa forma.
Mas quando ele me viu, ele me reconheceu e eu o reconheci sem precisarmos falar nada um pro outro.
A gente só se olhou e percebos que a promessa que fizemos um pro outro ainda continuava de pé.
Ele me disse que estava solteiro Cris, ele falou que a história de vocês já havia terminado e que sempre deixou claro pra você que não era plano dele construir uma família e nem ter filhos.
Cris: O problema mora exatamente aí Kyra. Ele falou que não era planos dele no momento, e não que não queria.
Eu nunca imaginei que ele tinha esses planos vivos dentro dele pra viver com você, ele poderia ter me dito que isso nunca iria acontecer entre nós dois, eu passei dois anos com um cara que me tratou como um simples passa tempo, e se a Dandara não tivesse me falado a verdade, até hoje eu estaria projetando viver uma vida com alguém que já pertencia a outra pessoa.
Ela falou deixando as lágrimas rolarem.
Eu me levantei e dei a volta na mesa, e me agachei pra limpar as lágrimas dela.
- O que eu posso fazer pra você não se sentir assim Cris?
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Os comentários dos leitores sobre o romance: Amor além do tempo
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