- Como alguém consegue passar o dia e a noite inteira sem se alimentar?
Meu Deus, é capaz de eu comer até as paredes se eu não levantar agora e botar alguma coisa no estômago.
Falei, assim que acordei e senti o vazio do estômago.
Tomei um banho rápido, escovei os dentes, vesti um short e uma blusa, e fui merendar.
- Bom dia Cris, falei assim que passei pela recepção.
Cris: Bom dia Kyra, respondeu com simpatia, parecia que ela estava melhor.
Assim que cheguei na área goumert, eu só vi o seu Dário, mas a Dandara não estava.
- Que estranho. Se ela não está na recepção, onde ela tá?
Dário: Bom dia Kyra, tome aqui, segure um bolo quentinho com café.
- Obrigada seu Dário. O senhor não vai sentar?
Dário: Agora não posso, tenho algumas coisas pra fazer.
- Onde está a Dandara?
Dário: Ela saiu bem cedo pra ajudar o Dilan na decoração da loja dele, coisa que era pra você fazer, mas ficou de birra. Falou com um sorriso no rosto.
Eu também sorri, porque achei engraçado a forma que ele falou.
- Ah seu Dário, você conhece o filho que tem, o birrento da história é ele, mas fico mais tranquila por saber que a Dandara está cuidando de tudo.
Dário: Aquela dali deve tá enlouquecendo todo mundo, nunca vi pessoa mais perfeccionista.
Nós dois rimos.
Ele saiu e eu finalmente pude comer.
Parecia que eu não via comida a anos, e ainda bem que ele me deu dois pedaços de bolo, só um não iria ser suficiente.
Depois do café, fique um tempo sentada pensando no Dilan, ele nem se deu ao trabalho de me proucurar, pelo menos pra se desculpar pela cena que ele fez ontem.
Eu estou me sentindo frustrada, por não conseguir ser pro Dilan aquilo que ele espera que eu seja.
Como eu vou dar um filho pro Dilan sem conhecer ele direito? A gente nem é um casal ainda, nós só nós beijamos e transamos, nunca paramos pra falar sobre nada que envolvesse nós dois, a única coisa que eu sei é sobre a relação dele com a Cris, e nada mais.
Eu já fui atrás dele da última vez, dessa vez, se ele quiser conversar, ele que venha atrás de mim.
Me levantei e voltei pro meu quarto.
Peguei o celular, deitei na cama e fui pesquisar na Internet os valores de fogões e mesas, pelo menos isso eu teria que trocar, o resto eu dou um jeito com um tempo, agora que vou começar a trabalhar, vai ficar mais fácil.
- Nossa, que coisa cara, só isso aqui já é a metade de uma salário. Como vai sobrar dinheiro pra eu comer e pagar contas básicas como água e luz?
Respirei fundo e tentei não pirar.
De uma coisa eu tinha certeza, eu precisava sair logo da pousada, eu estava sendo um peso morto, e eu não queria mais abusar da boa vontade da Dandara.
Depois de passar horas vendo o preço de coisas que eu não iria poder comprar agora, eu desisti e fui ligar pra minha vó.
Vó: Oi Kyra, como você está minha filha?
- Estou bem vó, só com muitas saudades da senhora. Como andam as coisas referente a casa?
Vó: Marcaram uma audiência pra daqui a quinze dias, reze por mim minha filha, essa casa é a única coisa de valor material que tenho.
- Ow vó, vai dar tudo certo, você vai ver.
Vó: Eu espero minha filha, mas me conta sobre você, como está indo com o Rapaz que você me falou?
- Está tudo muito bagunçado vó, a gente ainda precisa se conhecer melhor, afinal, não somos mais crianças.
Vó: Vai no seu tempo Kyra, não precisa querer atropelar o processo das coisas.
- Eu sei vó, estou tentando ir com calma.
Vó: Você é um boa menina Kyra, se esse rapaz for mesmo pra você, ele respeitará o seu tempo.
- Eu sei vó, obrigada pelos conselhos. Depois eu ligo pra senhora, te amo.
Vó: Também te amo meu amor.
Ela desligou, e eu senti mais uma vez o meu coração apertar.
Eu não queria que ela estivesse passando por tudo isso, eu queria ter dinheiro pra ajudá-la a pagar pra esse cara o que ele tá pedindo, só pra ela não precisar passar por isso.
Levantei da cama e fui dar uma volta.
Eu não tinha feito isso desde o dia que cheguei, a única coisa que fiz foi ir no pier.
Quase nada havia mudado com a passagem dos anos, a cidade continuava linda, cheia de vida, com pescadores passando pelas ruas, com turistas indo pra praia.
- Eu estava com tanta saudade disso aqui.
Onde a minha vó mora não tem esse movimento, por ser interior, tinha muito mato, e cachoeiras, nada de praia.
Fui caminhando até a praia, e reconheci o local, eu estava no mesmo lugar onde a minha mãe colocava a banca dela.
Fechei os meus olhos, e me vi chegando na praia e correndo procurando o Dilan, parecia que eu estava ouvindo a voz dela mandando eu correr devagar pra não cair.
Senti as lágrimas molhando o meu rosto.
Quando eu abri os meus olhos, senti a dor da realidade.
Eu nunca mais ouviria aquela voz.
Caminhei pela areia da praia, molhei os pés no mar, prestei atenção nas jangadas que estavam saindo, e seus pescadores indo buscar o seu sustento, me lembrei do seu Dário, eu sempre o via voltando do mar, e o Dilan ficava comigo esperando ele voltar, são essas lembranças que fiz questão de manter na minha mente.
Quando voltei pra pousada, já estava quase na hora do almoço.
Fui pro quarto, tomei um banho, troquei de roupa e depois fui almoçar.
Quando cheguei pra comer, o seu Dário já estava sentado almoçando.
Peguei o meu prato, me servi e sentei com ele.
Dário: Agora nós podemos conversar.
- É sempre bom conversar com o senhor seu Dário.
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