Acordei, sentindo o meu coração pesado, a minha mente me levou até a noite anterior, e eu só queria que tivesse sido um sonho ruim.
Se eu estivesse trabalhando sozinho, iria tirar o dia de folga, e passaria o tempo inteiro trancado no quarto, mas agora tendo uma empresa, eu não podia me dar ao luxo de fazer isso.
- Eu nunca vou perdoá-la por isso.
Falei pra mim mesmo, levantando da cama.
Tomei um banho, escovei os dentes, me arrumei e depois fui fazer o café.
Senti vontade de chorar, pensando no quanto a Kyra foi covarde comigo, me fazendo acreditar em uma relação, que pelo visto só existia na minha cabeça.
Tomei meu café da manhã, e tentei manter a minha cabeça em ordem, pra enfrentar o meu dia, e ter uma boa produção.
Meus funcionários chegaram, e já começaram sem pedir a minha ajuda, eles tinham aprendido muitas coisas no primeiro dia, e estavam bastante desenrolados.
- A Kyra e eu soubemos escolher muito bem vocês. Parabéns.
Falei admirado.
Era 10:30 da manhã quando o meu celular tocou, era a Dandara.
Com licença pessoal.
Falei, me retirando e indo pra área externa.
- Oi Danda?
Dandara: Dilan, tem um homem aqui, aparenta ter uns 45 anos, e disse que precisa falar com você.
- Como ele se chama?
Dandara: Ele disse que se chama Paulo, e pediu pra você vim aqui, que o assunto é urgente, e ele está com uma mala e me pediu um quarto.
Eu não me lembrava de conhecer nenhum Paulo.
E eu achei estranho alguém ter ido me proucurar justamente na pousada da minha irmã.
- Diga a ele que só posso ir no horário do almoço. Seja o que for, ele terá que esperar.
Dandara: Tudo bem.
Continuei o meu trabalho, e esperei o horário do almoço pra ver quem era o homem misterioso que estava a minha proucura.
- Bom gente, eu vou precisar sair agora.
Volto daqui a 1 hora, peçam o almoço de vocês e cuidado com o portão na hora de receber a comida, o tranquem direito.
Eles concordaram.
Eu sabia que ainda era cedo, pra dar esse grau de confiança pra eles, afinal, aquela era a minha casa, mas o assunto na pousada da Dandara parecia ser algo sério e eu precisava ver do que se tratava.
Quando cheguei na pousada, perguntei onde o homem estava, e ela disse que ele estava na área goumert.
Chegando lá, a minha mente me levou até o dia que a Kyra foi arrancada de mim.
Eu nunca esqueci o rosto daquele homem.
Eu fiquei assustado, pensando que havia acontecido algo com ela.
- Oi, você é o Paulo?
Perguntei assim que me aproximei de onde ele estava sentado.
Paulo: Sim, e você deve ser o Dilan.
Ele se levantou e apertou a minha mão.
Sente-se por favor, eu vim conversar com você sobre a Kyra, eu sou o tio dela.
- Eu me lembro de você. Você foi quem levou ela pra longe de mim, falei me sentando.
Paulo: Sim, foi eu, e peço desculpas por isso.
Eu e a Kyra não temos histórias boas pra contar, pois nunca nos demos bem, mas recentemente as circunstâncias me fizeram ver o quanto essa garota é especial e merecedora da felicidade, e é por ela que eu estou aqui.
A Kyra havia me contado que ela e o tio não se davam bem, então vê-lo falar dela com tanto carinho, me fez querer ouvi-lo.
- Eu não estou entendendo onde o senhor quer chegar, e o motivo que o trouxe aqui, pelo que sei, a sua sobrinha vai casar, e não será comigo.
Percebi que ele ficou tenso, e respirou fundo. Ele tinha as mesmas manias da Kyra.
Paulo: Dilan, eu preciso que você me ouça com atenção, pois a história será longa.
Mas eu tenho certeza que depois que você ouvir tudo, você irá entender o porquê a Kyra tomou essa atitude.
Fiquei pensando se valia mesmo a pena escutar algo que provavelmente não iria justificar nada, mas esse homem não teria vindo de tão longe, se não fosse algo importante.
Olhei no relógio, e vi que faltavam 45 minutos de almoço.
- Tudo bem seu Paulo, você tem 45 minutos pra me explicar por que a sua sobrinha me deu uma rasteira. Falei sem esconder o meu rancor.
Ele começou a falar, e a medida que ele ia falando, eu senti uma mistura de raiva, tristeza e alívio.
Raiva por ela ter mentido pra mim sobre ter tido namoros rápidos, tristeza por ela ter sido ameaçada, chantageada e não ter ninguém pra ajudá-la, e alívio por saber que ela me ama, e que só tomou a decisão que tomou por puro desespero.
Eu só percebi que as lágrimas estavam caindo, quando a Dandara se aproximou de onde estávamos.
Dandara: Dilan? você está bem? porque está chorando?
Rapidamente limpei os meus olhos.
- Eu estou bem Dandara, mas preciso que você me faça um favor.
Ela olhou desconfiada pro Paulo, e depois me olhou, como se buscasse alguma explicação.
- Esse é o tio da Kyra, o Paulo.
Dandara: Tio da Kyra? aconteceu alguma coisa com ela?
Ele se levantou e a cumprimentou.
Paulo: Me desculpe por não ter me apresentado direito pra você. A Kyra está passando por uns problemas, mas eu e o Dilan estamos conversando a respeito.
Dandara: Como posso ajudar Dilan?
- Preciso que você vá lá em casa, e libere os meninos pra irem embora.
Diga a eles que amanhã eles também estarão de folga e que nada será descontado do salário deles.
Eu vou passar a tarde aqui resolvendo algumas coisas com o seu Paulo e amanhã tenho outras coisas pra resolver com ele também.
Dandara: Tudo bem.
O Paulo pareceu não entender o motivo de eu ter dito isso, afinal eu não havia marcado nada com ele no dia seguinte.
- Bom seu Paulo...
Paulo: Me chame só de Paulo, por favor.
- Tudo bem Paulo, eu escutei tudo o que você me disse, e eu estou disposto a ajudar a Kyra e vou lutar pra tê-la de volta, mas antes você precisa saber de algo muito importante, e essa pode ser a nossa única chance.
Paulo: Pode falar Dilan, estou ouvindo.
Passei mais uma hora explicando pra ele que o pai da Kyra estava vivo, e que ela tinha uma irmã que trabalhava na pousada, expliquei pra ele que a Cris não sabe que a Kyra é irmã dela, e que a Kyra não quer que ela saiba agora.
Mas dado as circunstâncias, ela precisaria saber pra me dizer onde o pai delas mora.
Paulo: Eu não estou acreditando nisso.
Tadinha da Kyra meu Deus, quanto sofrimento pra uma pessoa só, eu estou me sentindo péssimo por ter sido tão ruim com ela durante esses anos todos.
- Agora já passou Paulo, mas precisamos agir rápido, se quisermos impedir esse casamento.
Paulo: O que você quer fazer?
- O pai da Kyra, é um homem com bastante dinheiro, ele tentou deixar a Kyra bem financeiramente, mas a sua irmã nunca aceitou nenhum dinheiro dele.
Paulo: Isso eu sei, conheço bem a fortuna dos Campbell, e cheguei a conhecer o Fernando.
- Ótimo, pois isso pode nos ajudar a fazer contato com ele.
A minha ideia, é pedir ajuda a ele.
Paulo: Mas o que te leva a pensar que ele a ajudaria, se ele nunca a procurou durante esses anos todos?
- Na última carta que ele mandou pra sua irmã, ele disse que não pôde criá-la como gostaria, e pediu que a mãe dela não estragasse o futuro da Kyra recusando o dinheiro que ele mandava, e isso é sinal que de alguma forma, ele se importa.
Paulo: Mas que tipo de homem abandona duas filhas Dilan? pois pelo que que você acabou de me dizer, essa outra moça passou a vida inteira em um orfanato.
- Talvez exista mais nessa história do que possamos imaginar Paulo, eu não vejo outra saída, além de procurá-lo.
Paulo: Tudo bem, mas precisamos ser rápidos, pois falei pra Kyra que iria retornar em menos de uma semana.
- Hoje a noite eu procuro você, vou tirar essa tarde pra conversar com a irmã da Kyra.
Paulo: Tudo bem.
Fui até a recepção, e a Dandara já havia voltado.
Dandara: Quer me explicar o que está acontecendo?
- Depois explico Dandara, onde está a Cris?
Dandara: Ela vem só as 16:00hrs.
- Você pode dar esse dia de folga pra ela?
Dandara: Posso, mas porquê? você vai contar?
- Sim, eu preciso contar.
Dandara: Meu Deus, ela vai me odiar Dilan.
- Eu cuido disso Dandara, eu vou agora na casa dela, e depois eu conto tudo o que está acontecendo pra você.
Dandara: Tudo bem.
Saí da pousada e fui em direção a casa da Cris, e várias coisas tomaram de conta dos meus pensamentos.
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