Amor Descartável: Quando Eu Parti, Você Chorou romance Capítulo 2

Foi Kauan Serra quem, ao saber da situação, convenceu a família Serra a custear seus estudos até o final do ensino médio.

O jovem, de traços elegantes e marcantes, foi uma luz em meio à sua vida cinzenta, despertando nela o desejo de se aproximar.

Três anos atrás, quando cursava o terceiro ano de medicina na Universidade de Cidade Capital, ela ficou sabendo que Kauan Serra havia sofrido um acidente de carro e perdido os movimentos das pernas.

Sem hesitar, desistiu da tão disputada bolsa de pesquisa de dois anos que seu orientador havia conseguido para ela, e se ofereceu para ser a cuidadora exclusiva de Kauan Serra.

Após o acidente, Kauan Serra tornou-se extremamente impaciente e explosivo, descontando nela qualquer contrariedade com palavras duras.

Certa vez, em meio a um acesso de raiva, chegou a atirar uma xícara de café em sua direção, ferindo sua cabeça.

Mesmo assim, ela suportou tudo em silêncio, cuidadosa e dedicada em cada detalhe do seu dia a dia.

Até que, um ano depois, Kauan conseguiu, finalmente, voltar a andar.

No instante em que se levantou, Kauan Serra a abraçou com força, murmurando palavras carregadas de emoção ao seu ouvido.

— Hadassa, obrigado por nunca me abandonar. A partir de hoje, você é minha noiva! Fique tranquila, vou cuidar bem de você!

Ela acreditou que estava vivendo seu próprio conto de fadas.

Mas agora, Kauan Serra dizia, sem peso algum nas palavras: queria mantê-la apenas como amante!

O que ele mais desprezava no passado era justamente o fato de sua mãe ter sido amante de outro homem.

E agora, invertendo os papéis, queria que ela fosse exatamente aquilo que tanto repudiava!

Ela o via como uma luz, e ele queria transformá-la em alvo de humilhação!

Hadassa Barbosa não entrou na casa. Pegou o carro e foi até a beira de um lago.

O vento fresco da noite bagunçava seus cabelos, levando consigo o brilho das lágrimas em seu rosto.

Depois de alguns minutos, enxugou o rosto e fez uma ligação.

— Presidente Serra, eu concordo em deixar Kauan.

— Pensou bem? Fez a escolha certa. O dinheiro prometido está garantido, pegue-o e saia de Cidade S o mais rápido possível.

Hadassa Barbosa respondeu:

— Presidente Serra, não quero dinheiro. Tenho apenas um pedido.

— Qual?

— Quero que apague meu registro.

O pai de Kauan ficou surpreso.

— Apagar seu registro? Você quer desaparecer de Cidade S como se tivesse morrido?

— Sim.

Acendeu a luz da sala e viu Hadassa Barbosa de olhos fechados, recostada no sofá.

Uma manta leve cobria seu corpo, e os cabelos escuros escondiam parte de seu rosto.

Sob a luz, a pele da mulher parecia ainda mais clara, transmitindo a mesma serenidade de sempre.

Kauan Serra afrouxou o colarinho da camisa, e, ao vê-la abrir os olhos, perguntou:

— Por que não foi me buscar?

— Não estava me sentindo bem.

Hadassa Barbosa se sentou, as feições delicadas levemente retraídas.

— O que houve? Está gripada, com febre?

Kauan Serra sentou-se ao lado dela e levantou a mão para tocar sua testa.

Hadassa instintivamente virou o rosto.

A mão de Kauan ficou suspensa no ar, seus olhos encantadores semicerrados.

Hadassa ajeitou uma mecha de cabelo e, com o olhar penetrante, encarou-o.

— Você está com cheiro de perfume feminino. Kauan, tem outra mulher lá fora?