Amor Moscato romance Capítulo 309

Naquela época, a Família Martins não morava na Cidade R, mas sim na Cidade M, e seu status social não era tão proeminente quanto é agora. Desde que me lembro, meu pai estava sempre fora, negociando, enquanto minha mãe ficava em casa, cuidando de mim sozinha, e vivíamos com grandes dificuldades. Depois, quando minha mãe ficou grávida novamente, meu pai não pôde voltar para cuidar dela. Naquela época, a comunicação não era tão fácil quanto hoje, geralmente se fazia por cartas. A correspondência do meu pai chegava uma vez por mês, e minha mãe lia e relia aquelas cartas várias vezes antes de dobrá-las com cuidado e guardá-las debaixo do travesseiro. Então, ela respondia com outra carta para meu pai.

A vida seguia seu curso normal, até que um dia, quando voltei da escola, vi minha mãe sentada em uma cadeira, chorando. Quando perguntei a ela, disse que algo havia acontecido com meu pai. Aquela noite, minha mãe não dormiu, e na manhã seguinte, disse que estava preocupada e precisava ver meu pai. Eu disse que a acompanharia, então ela me pediu para ir à escola pedir licença enquanto ela me esperava em casa.

Mas quando voltei, depois de ter conseguido a licença, encontrei a porta de casa trancada. Eu não tinha a chave, então pulei o muro para entrar, mas um vizinho me informou que minha mãe havia vendido a casa e ido embora.

Corri para a estação, mas já era tarde demais...

Joana, chorando, disse: "Ela me abandonou, e é por isso que, mesmo sabendo que tenho pais, nunca irei procurá-los. Mesmo se os encontrasse em meio à multidão, jamais os perdoaria!"

Yolanda queria tentar convencer Joana a pensar diferente sobre a Família Martins, mas, ao ouvir essa história, sentiu-se profundamente angustiada.

Deixar uma criança de apenas sete anos, vender a casa...

Eles pensaram em como ela sobreviveria?

"Como você foi para a Cidade L?"

Elas cresceram na Cidade L, dependendo uma da outra como irmãs.

Agora que se revelou que Vanessa era sua irmã, isso a tornava uma órfã?

Ela queria perguntar algo, mas não sabia por onde começar.

Joana continuou: "Naquela época, seus pais tinham uma lojinha, e me acolheram por pena. Eu ajudava na loja fazendo serviços gerais, e eles foram muito bons comigo. Naquela época, a Tia Batista já estava grávida, mas a saúde do Tio Sampaio estava debilitada. Não demorou muito, um grupo de pessoas apareceu dizendo que o Tio Sampaio devia uma grande dívida de jogo, e começaram a destruir a loja sem mais nem menos."

Ela fez uma pausa antes de continuar: "Tio Sampaio não resistiu, cuspiu sangue e morreu na hora. E a Tia Batista entrou em trabalho de parto prematuro e foi levada ao hospital. Aquela noite, eu fiquei do lado de fora da sala de cirurgia."

"No dia seguinte, você nasceu. Eu estava segurando você, parada ao lado da cama da Tia Batista, quando ela disse que seu nome seria Yolanda."

Ao dizer isso, Joana parou de falar e baixou a cabeça para enxugar as lágrimas.