Amor Moscato romance Capítulo 60

Durante o jantar, Flávia não deixou Eduardo sozinho por um momento sequer, bebendo como se fossem água, aproveitando a festa ao máximo.

No começo, Yolanda estava preocupada com Flávia, pensando que, sendo uma mulher, ela logo ficaria embriagada. Mas acabou subestimando Flávia, que mesmo bebendo tanto, não mostrava sequer um rubor no rosto.

Yolanda foi se acalmando aos poucos, deixando seu olhar vagar até pousar em Sandro. Ele estava sentado ali, aparentemente alheio ao fervor ao seu redor. Apesar de estar no meio da festa, ele não parecia se encaixar. Quando alguém falava com ele, ele respondia educadamente, mas nunca tomava a iniciativa, permanecendo quieto e bebendo sozinho.

Yolanda sentia uma certa solidão emanando dele enquanto o observava de longe.

Foi então que uma figura sedutora apareceu ao seu lado, uma moça de vestido rosa, com as bochechas coradas, tentando beber com ele. Porém, ela não segurou a taça direito e acabou derramando a bebida na camisa branca de Sandro.

“Ah, desculpe, Sr. Amaral, sujei sua roupa, deixe-me limpar..." A garota pediu desculpas, mas seu comportamento sugeria o contrário. Ela pegou alguns guardanapos e começou a “limpar" Sandro. Mas era mais uma carícia do que uma limpeza, seus dedos cor-de-rosa desenhando círculos no peito dele, enquanto ela lhe lançava olhares cheios de intenção, claramente disposta a se oferecer a ele naquele momento.

Por alguma razão, Yolanda ficou perturbada ao ver isso. Ela era uma pessoa tranquila, mas, naquele momento, teve vontade de afastar a “Princesa Rose" de Sandro.

Antes que ela pudesse pensar nisso, Sandro agarrou o pulso da garota. Aproveitando o momento, ela se inclinou sobre ele.

Yolanda lembrou-se de uma noite em que Sandro a procurou desesperadamente, e a ideia dele com a "Rosa Princesa" fez seu coração apertar, como se algo o beliscasse, uma dor sutil e incômoda.

Ela estava prestes a desviar o olhar quando viu Sandro empurrar a "Rosa Princesa" levantando-se e dizendo: "Fique longe de mim."

Depois dessas palavras, ele saiu.

Sandro ergueu o olhar e, com uma voz grave, perguntou: “Você não quer mais trabalhar para a família Amaral?”

Yolanda sentiu um frio na barriga, atropelando-se nas palavras: "Não é isso... Eu... Eu..."

Ela não sabia como explicar, consciente de que cada um tem sua capacidade de empatia, mas duvidava que Sandro, sendo o chefe, pudesse entender a situação de uma funcionária como ela. Além disso, ela estava quebrando as regras da empresa ao fazer bicos, e qualquer explicação soaria como desculpa.

Yolanda, angustiada, com os olhos marejados, mordia o lábio, sem saber o que dizer.

Ao ver as lágrimas nos olhos dela, Sandro sentiu seu coração amolecer, acendeu outro cigarro e deu duas tragadas antes de perguntar com voz rouca: “Você precisa de dinheiro?”