Arrependimento após a Rejeição romance Capítulo 2

Ponto de vista da Selene

Corro até não poder mais, chegando à beira de um dos incontáveis parques naturais de Elysium. A floresta se estende diante de mim e, embora eu não consiga imaginar nenhum refúgio ali, pelo menos sei que não haverá ninguém.

Embrenho-me na floresta densa, e o chão áspero corta os meus pés enquanto piso em pedras, galhos caídos e folhagem. Não ouço mais nenhum lobo atrás de mim, mas não paro de correr mesmo assim. Entro mais fundo na floresta, o máximo que posso, até ser impossível me imaginar ainda dentro de uma cidade.

A escuridão é completa, até reconfortante após as luzes e sons avassaladores da cidade. Subo nos galhos de um grande pinheiro, arranhando cada centímetro do meu corpo no processo. Depois me encolho contra o tronco áspero. Sei que preciso fazer planos e decidir os próximos passos, mas estou exausta. Tento manter os olhos abertos, mas é uma batalha perdida, pois logo em seguida sucumbo, e o mundo escurece.

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Sempre fui como uma forasteira e, talvez no fundo, meus colegas sentissem que eu não pertencia ao Bando Nova; ser uma loba Volana era a desculpa perfeita para me atormentarem. Minha mãe e eu éramos as únicas da espécie em Elysium, e as crianças não se importavam com linhagens raras, tudo o que sabiam era que eu era diferente.

Quando eu tinha cinco anos, o valentão da escola me perseguiu nos túneis sinuosos da montanha abaixo da cidade, e achei que seria capaz de encontrar o caminho de volta. Contudo, eu não tinha noção do quão complexos podiam ser os caminhos antigos até me encontrar verdadeiramente perdida.

Lembro-me de vaguear pelo labirinto subterrâneo por dois dias até Bastien me encontrar. Na época, ele era apenas um jovem adolescente, mas nunca fora estranho ou inseguro como os outros garotos da sua idade.

Na vida real, não há garantia de que o filho de um Alfa será seu herdeiro, pois outro lobo pode ser maior, mais forte, mais feroz. São essas características primárias que decidem quem ficará no comando, mas nunca houve qualquer dúvida em relação a Bastien. Desde o primeiro dia ficara claro que nenhum lobo da matilha seria capaz de desafiar seu domínio ou inteligência quando crescesse.

Naquela época, ele me levou para um lugar seguro, e aqui está ele novamente, olhando para mim em meu momento mais sombrio com a promessa de salvação. Só que desta vez, não acredito nele.

Ele foi gentil comigo uma vez, mas Garrick também. O homem me encheu de amor por dez anos antes de mostrar sua verdadeira face. Não cometerei o erro de confiar em ninguém tão facilmente de novo.

"Você vai descer, lobinha?" A voz profunda de Bastien causou um arrepio na minha espinha.

Nego com a cabeça, agarrada ao meu galho. "Vá embora." Imploro humildemente, minha voz é quase um sussurro, mas sei que seus ouvidos de lobo podem me ouvir.

Seus lábios, cheios e macios contra um pano de fundo de linhas e ângulos agudos, formam uma linha dura. "Não posso fazer isso. Você está ferida."

Procuro alguma explicação que o convença a ir embora. "Eu me esfolei subindo aqui, foi só isso."

Pelo brilho nos olhos prateados como aço, ele sabe que estou mentindo. "E por que você está aí em cima?"

É tão surreal falar com outra pessoa que não seja Luna ou Garrick. Procuro uma resposta lógica. "A tempestade me assustou." Como uma deixa, um trovão ressoa acima, e eu estremeço ao me lembrar de Garrick cambaleando em minha direção.

“Se você descer, posso levá-la para casa, onde estará segura e aquecida.” Bastien insiste.

A imagem da minha cela no porão substitui as memórias do ataque de Garrick. Não, eu não quero ir para casa. "Estou bem aqui." 

Posso sentir seus olhos me avaliando, e, me sentindo envergonhada sob o peso deles, escondo meu rosto no tronco da árvore. Assim, ele não pode me ver.

“Se está tão bom aí em cima, talvez eu me junte a você.” 

"Não!" Quase grito, enquanto meu coração acelera no peito. Preciso ficar longe dele, tenho que encontrar um esconderijo melhor. Olho a árvore a minha esquerda e vejo seus galhos pesados. 'Será que consigo me mover pelas copas das árvores?'

"Nem pense nisso." A autoridade em sua voz me congela no mesmo lugar. Ninguém pode desobedecer uma ordem do Alfa, está no nosso DNA. Choramingo, abraçando a árvore com mais força enquanto novas lágrimas caem.

"Não precisa ter medo." O resmungo áspero desmente suas palavras. "Me diga o seu nome."

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