Através de montanhas e mares para a abraçar romance Capítulo 243

Otilia corria desesperadamente em direção à favela dos subúrbios ocidentais. Era um lugar caótico, barulhento, sujo. No entanto, abrigava o único vínculo que ela tinha com este mundo.

Willian a seguia de perto até chegar à desordenada favela. Observou-a enquanto ela ficava parada diante da janela de uma casa decrépita, fixando o olhar num garoto magro de aproximadamente treze ou quatorze anos.

Havia algo de especial naquele garoto?

Para Willian, aparentemente não tinha.

Ele estava prestes a perguntar quando ficou surpreso ao descobrir que os olhos estavam cheios de lágrimas da pessoa ao seu lado, com uma expressão de profunda tristeza.

Ele a viu ser implacável, indiferente, doce sorriso, e muitas outras facetas. Mas nunca tinha visto suas lágrimas.

Era a primeira vez!

Willian ficou chocado, mas ainda ficou confuso.

O seu olhar involuntariamente se dirigiu ao menino dentro da casa, o que nele poderia fazer essa mulher forte chorar?

De repente, o garoto sentiu-se observado. Ele virou-se e seu olhar encontrou o de Otilia através da janela. Ao vê-la, os seus olhos brilharam de alegria.

"Irmã Otilia," Breno disse.

Breno correu para fora da casa. Assim que se aproximou de Otilia, foi imediatamente envolvido num abraço apertado. Ele podia claramente sentir o calor dela, enquanto seus olhos marejados sorriam.

Na vida passada, Lorena Barreto foi levada à força por um chefe da máfia local.

Seu pai e sua mãe imploraram por sua ajuda. Sem saída, ela e Breno procuraram o chefe da máfia. Naquela noite, Otilia foi salva. Mas Breno, quem tentou protegê-la, morreu.

A terrível cicatriz em seu rosto foi deixada naquela ocasião.

Naquela época, todos consolavam Lorena, ignorando-a completamente, coberta de sangue e feridas. Também não se importavam com a vida que foi perdida para salvar sua filha.

"Irmã."

Breno ficou parado, sem se mover. Ele deixava-a abraçá-lo. Mesmo que os braços ao seu redor fossem tão apertados que lhe dificultavam a respiração, ele não se mexeu.

Porque ele sabia que sua irmã precisava dele naquele momento.

Ele não sabia o que havia acontecido, nem como consolá-la. Mas se isso a fazia se sentir melhor, se isso a ajudava a desabafar, o desconforto não importava.

Depois de um tempo longo, Otilia soltou Breno, com um sorriso de volta ao rosto. Mas os olhos ligeiramente avermelhados provaram o momento de descontrole e colapso que acabou de passar.

Ele ouviu sua mãe dizer uma vez que, quando uma pessoa que sempre sorri te diz que está triste, a dor e o sofrimento que ela está enfrentando são algo que você não pode imaginar.

"Irmã, foi essa pessoa que te incomodou? Eu vou te defender," Breno disse, e apontou para Willian com um olhar feroz.