Atravessando: Da Coadjuvante à Protagonista romance Capítulo 164

A Senhora Araújo, já de idade, estava repleta de frustração, que logo se transformou em palavras afiadas.

Os três repreendidos não encontraram palavras para se defender.

Com raiva, a Senhora Araújo disse: “Eu entendo o dilema de vocês, Afonso e Débora, ambos são preciosos para vocês, e Afonso estava gravemente ferido naquele momento, além de ser mais obediente e compreensivo do que Débora na maioria das vezes. Vocês escolherem acreditar no Afonso não é um erro, mas vocês não poderiam considerar uma terceira possibilidade? Talvez nenhum dos dois esteja errado! Olhem só, não é exatamente essa a situação agora? Por que não pensaram nisso antes? Seus três idiotas, imbecis, tolos!”

A terceira possibilidade era muito, muito baixa, mas mesmo assim, ainda era uma possibilidade!

Agora, os fatos provaram que esta possibilidade ínfima realmente ocorreu com eles!

A Senhora Araújo não culpava Eduardo por escolherem acreditar no Afonso, pois ele era o filho deles, seu neto querido, uma criança digna de confiança.

O que a deixava furiosa era que Débora não recebeu a confiança que merecia.

Ao mesmo tempo, a Senhora também estava zangada consigo mesma por não ter insistido mais.

Pensando nisso, a Senhora Araújo, incapaz de se conter, exclamou: “Se eu fosse vinte anos mais jovem, eu tiraria todos vocês dos seus cargos na empresa! Com essa incompetência de vocês, é capaz de o negócio da família Araújo não sobreviver até o dia do meu último suspiro!”

Após um desabafo furioso da Senhora, ninguém ousou fazer um som.

Finalmente, foi o Senhor Araújo quem interveio para acalmar os ânimos: “Está bem, está bem, minha velha, acalme-se, você já não é mais tão jovem, não vale a pena se estressar tanto. Eu também tenho culpa, não mandei investigar a fundo.”

No dia em questão, o Senhor Araújo reuniu a família Araújo e, após ouvir Débora admitir seus erros, com o pensamento de que a harmonia familiar traz prosperidade, quis que o assunto fosse esquecido.

À medida que envelhecia, perdendo o vigor de outrora, desejava apenas que sua família vivesse em harmonia e paz, preferindo sempre suavizar os problemas domésticos.

Eduardo, Patrícia e Gabriel realmente sentiam remorso e tristeza agora.

A Senhora Araújo suspirou, suavizando seu tom, “Tudo bem, essa era uma situação que vocês não previram. Eu sei que não foi fácil para vocês, o que aconteceu, aconteceu. Mesmo que eu castigasse vocês três, isso não mudaria o que aconteceu. O que precisamos fazer agora é lidar corretamente com as consequências. Quanto a perdoar vocês, não depende de mim, a velha aqui, mas da querida Débora.”

A vida continua, e todos são uma família, ligados pelo sangue e pelos ossos. A Senhora, por mais que estivesse magoada, não queria ver seu filho, sua nora e seu neto mais velho sofrendo mais.

“Mãe, eu entendo.” Eduardo baixou a cabeça, aceitando a crítica da Senhora de todo coração.

Querida, o suicida da vida passada foi o Samuel, não a Débora, nem o Afonso Araújo.

Débora faleceu devido a uma doença, não foi um suicídio, embora tenha morrido sozinha.