Caminhar Contra A Luz romance Capítulo 112

A vovó só então ficou tranquila.

"Vamos logo comer, né? No fim, sou sempre eu que tenho que cuidar de vocês três... Vou descascar o caranguejo pra vocês, servir a sopa... Tá bom assim? Ai, me digam: por que será que eu sou tão azarada?" Alma percebeu que, além de ter que trabalhar para sustentar três "pendurados", quando chegava em casa ainda tinha que cuidar deles.

No entanto, depois que fizeram as pazes, o pequeno apartamento alugado passou a ser cheio de risadas e alegria.

No dia seguinte

Alma acordou bem cedo.

Precisava de tempo para se arrumar com capricho.

Antônio já havia combinado com ela no dia anterior: iriam ver um terreno nos arredores da cidade, encostado na serra, com um lago por perto, perfeito para uma futura aposentadoria.

Claro, sob a condição de que ela fosse junto como amante de Antônio.

Ou seja, hoje precisava se produzir como uma dama da alta sociedade.

Daquelas mantidas por um homem.

Alma escolheu uma blusa de lã gola alta em tom rosa claro, calça preta justa, e botas de couro italiano, salto alto, no mesmo tom suave da blusa.

Por cima, usava um sobretudo de alpaca branco, de manga três quartos, com mangas levemente em formato sino, deixando à mostra a lã cor-de-rosa delicada nos punhos e no pescoço. O conjunto realçava sua feminilidade e brilho.

Brilhante e sensual.

Até ela mesma, ao se ver no espelho, achou que parecia mesmo uma flor de estufa, criada sob os cuidados de um homem.

Quando Antônio veio buscá-la e viu Alma assim, ficou completamente pasmo.

Dessa vez, seu coração foi realmente tocado.

Nas vezes anteriores em que viu Alma, ele nunca achou que ela fosse bonita.

Especialmente no dia do acidente de carro, ele chegou a pensar que Alma era feia como uma alma penada, feia e assustadora.

Mas na festa de aniversário da avó Sequeira, ele percebeu que Alma não era feia, pelo contrário, era uma mulher com uma bela presença — ainda que nada de extraordinário, nada que ofuscasse as demais.

Mas hoje, Alma estava diferente.

Do ponto de vista de um homem maduro, a beleza de Alma hoje carregava múltiplos significados.

Havia timidez, havia graça.

Havia brilho, havia sedução.

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