Caminhar Contra A Luz romance Capítulo 30

"É verdade!"

As duas funcionárias não faziam ideia de que a mulher à sua frente, Alma, era aquela falsa herdeira expulsa de casa.

O nome Alma fora escolhido por ela mesma no dia em que completou dezoito anos, quando foi ao cartório mudar o registro civil.

O policial encarregado lhe perguntara o sobrenome e o nome.

O sobrenome ‘Sequeira’ certamente não podia mais ser usado, então ela se lembrou da avó de criação: Carolina Moraes Sequeira.

"Meu sobrenome é Moraes", respondeu ela ao policial.

"E o primeiro nome?"

Lembrou-se de ter sido expulsa de casa pelos pais adotivos, rejeitada pelos biológicos, como se tudo em sua vida sempre tivesse acontecido tarde demais.

"Alma", repetiu ela para o policial.

Depois do aniversário de dezoito anos, passou a se chamar Alma.

Antes dos dezesseis, era Madalena.

Antes dos dezesseis, era o xodó de pais, avós e irmãos, além de uma aluna exemplar com excelentes notas.

No entanto, aos dezesseis anos, o segundo irmão, Roberto Sequeira, foi diagnosticado com leucemia.

Quando a família inteira foi ao hospital para fazer o teste de compatibilidade de medula óssea, Madalena descobriu que não era filha biológica da Família Sequeira.

A notícia caiu como um raio em céu azul, abalando toda a Família Sequeira.

A família investigou imediatamente o hospital onde ela nascera, concluindo que era provável que a troca tivesse ocorrido com o bebê que nascera no leito ao lado, no mesmo dia.

A menina vivia numa região rural distante, tinha três irmãos mais velhos e a família era tão pobre que mal tinha o que comer.

Quando os pais encontraram a menina, ela estava descalça, prestes a sair para cortar capim para os porcos.

A mãe, tomada pela dor, desmaiou ali mesmo.

Depois, os pais trouxeram a menina para casa; a mãe dormiu abraçada a ela durante um mês inteiro, período em que sequer olhou para Madalena.

Era como se todo o sofrimento da menina fosse culpa de Madalena.

Os pais ainda deram à garota um novo nome cheio de significado: Rebeca.

Tentou de todas as formas conquistar Oliver, mas ele jamais quis olhar para ela novamente.

Enquanto isso, Rebeca, aos dezesseis, via sua sorte mudar.

Para compensar os dezesseis anos de ausência, Mariano Sequeira contratou os melhores professores do país para lecionarem exclusivamente para Rebeca no ensino médio; ela correspondeu às expectativas, sendo aprovada em uma excelente universidade e em um ótimo programa de pós-graduação.

Tornou-se o exemplo da verdadeira filha: esforçada, nobre de nascença, íntegra mesmo em meio à adversidade.

Até Oliver, ao conhecê-la três anos atrás, se sentiu atraído pela força, pela disciplina e pela confiança luminosa de Rebeca.

Desde que Oliver e Rebeca se apaixonaram, houve períodos em que Oliver passou até meio ano sem dirigir uma palavra a Alma.

Esse casamento já deveria ter acabado!

Quando Alma voltou à sala de visitas com um copo d’água, encontrou-se com Oliver e Rebeca, que acompanhavam um senhor estrangeiro de cinquenta ou sessenta anos.

Rebeca ainda dizia: "Sr. Fáusto, fico muito grata por o senhor ter gostado do meu projeto."

Ao levantar os olhos e ver Alma, Oliver franziu o cenho, surpreso, e perguntou de forma severa: "O que você está fazendo aqui?!"