Casados à Primeira Vista romance Capítulo 73

Karen entrou no restaurante e viu Kristine sentada, sonhando acordada.

Elas não se viam há três anos, mas a aparência de Kristine continuava a mesma: delicada e fraca, como se pudesse ser levada pelo vento.

Karen caminhou em direção à irmã. Ela ainda estava a alguns passos de distância quando Kristine ergueu os olhos e sorriu. "Você chegou."

"Sim," respondeu Karen, de má vontade, percebendo que estava calma agora que vira Kristine depois de tanto tempo, quase como se tivesse esquecido do passado.

Kristine falou: "Eu pedi ensopado de frutos do mar, batata frita e ..."

Karen a interrompeu bruscamente: "Já almocei. Você não disse que queria falar comigo sobre a minha mãe? Pode falar." Ela viu os olhos decepcionados de Kristine, mas não se importou.

No passado, Kristine tinha se ajoelhado no chão com um olhar triste para pedir desculpas. Pelo quê?

Isso já tinha ficado no passado e Karen não queria tocar no assunto, mas ela não podia esquecer das coisas que Kristine havia feito.

"O pai me pediu para falar com você." Karen não gostava de enrolações, então Kristine foi direto ao ponto.

"Ah..." Karen sorriu friamente.

Pai?

Quase se esquecera de que tinha pai.

Kristine continuou: "O pai quer que você vá até Beaford City comigo. Não precisa ficar longe de casa".

"Só isso?" Karen perguntou, friamente.

Ela tinha saído de Beaford City há três anos e nunca ninguém perguntou dela. Agora que Charlie a encontrara, e seu pretenso pai a queria de volta, ela já conseguia imaginar o que estava por vir.

"Karen ..." Kristine franziu os lábios e lágrimas rolaram dos seus olhos. "Perdi meu filho e nunca mais poderei engravidar. Não sou capaz de gerar um herdeiro para a família Gook..."

"Aí ele quer que eu volte? Ele quer que eu gere o herdeiro da família Gook?" Perguntou Karen, abruptamente.

Apesar da aparência calma, seu coração doía. Mesmo que não quisesse admitir, aquele homem ainda era o seu pai.

Ela queria muito ter tido um pai que amasse a esposa e as filhas como os outros pais e que fosse feliz sem precisar ir em busca da fama. Em vez disso, seu pai ignorava a esposa e tratava as filhas como objetos.

Karen sabia que o seu pai era cúmplice do caso que Kristine tinha com Charlie e que sabia até da gravidez dela.

De qualquer forma, ambas eram da família. Não importava qual delas entrasse para a família Gook, desde de que uma delas conseguisse.

Embora tivesse sido noiva de Charlie, o relacionamento deles estava fadado a terminar, pois ela era muito jovem e tinha outras prioridades.

Seu pai chegou falar para Karen que ela precisava se dedicar mais ao Charlie, para cultivar os sentimentos dele por ela, mas Karen tinha uma opinião diferente sobre o assunto.

Para ela, se o relacionamento deles tinha que ser mantido pelo desejo sexual, não duraria muito tempo. Muitas vezes, ela espantava até o próprio pai.

Kristine logo engravidou de um filho de Charlie, o que foi uma ótima notícia para o pai delas.

Quando Kristine desse à luz, o herdeiro traria a união das famílias Gook e Daly,  garantindo o status social para a família dela.

Então, quando lhe disseram para cancelar o noivado entre ela e Charlie e deixar que Kristine se casasse com ele, seu pai comentou que Karen era inútil porque não tinha cumprido seu dever de mulher, que era dar um filho à família.

Mas Kristine sofreu um aborto e não podia mais engravidar, então Karen voltou a ser o alvo do pai.

Pensar nisso a enjoava.

Karen continuou: "Por favor, volte lá e diga a ele para não me incomodar. Eu não o considero mais como meu pai."

Kristine respondeu suavemente: "Karen, eu sei que você sempre foi uma mulher forte e independente, e que não obedece às ordens do pai."

Kristine conhecia bem o temperamento obstinado da irmã.

Se ousou renegar o próprio pai, o que diria de Charlie, que a traiu?

Kristine se atreveu a usar o truque de engravidar do bebê de Charlie porque ela sabia que, uma vez que Karen soubesse da traição, ela nunca o perdoaria.

Kristine sabia que Karen era decidida e que a irmã nunca obedeceria as ordens do pai nem voltaria para Beaford City com ela.

Por isso, ela não foi até Chatterton Town com o objetivo de convencer a irmã a voltar e sim de garantir que Karen ficasse bem longe de Beaford City.

Apesar de ser noiva de Charlie, ela não podia dar à luz aos filhos dele. Kristine aceitaria que qualquer mulher tivesse os filhos dele, menos a Karen.

Se a Karen voltasse para Beaford City e se reconciliasse com Charlie, Kristine ficaria de escanteio novamente.

Seu pai sempre concordou com tudo o que a família Gook fazia e gostava. Se Charlie desse atenção para Karen, o pai delas faria o mesmo, sem deixar espaço para Kristine na família Daly.

Kristine seria tratada da mesma forma que Karen fora tratada três anos atrás, por isso não podia deixar Karen voltar para casa.

Karen sabia que Kristine queria falar mais alguma coisa, mas não perguntou o que era. Se Kristine dissesse alguma coisa, ela iria ouvir, mas se não quisesse dizer nada, melhor ainda.

Kristine pegou a bolsa da cadeira e propositalmente virou o logotipo de frente para Karen. Era de uma marca luxuosa, cujo preço de uma peça pequena chegava na casa dos milhares de dólares.

Em contrapartida, a bolsa de Karen não era de marca famosa e sim produzida em massa, o que não passou despercebido por Kristine.

Depois de exibir a bolsa, Kristine tirou um cartão dentro dela e colocou-o na mesa, empurrando-o na direção da Karen.

Ela sorriu e disse: "Karen, tem cerca de um milhão de dólares neste cartão. É o suficiente para você comprar uma casa em uma cidade pequena e, se gastar o dinheiro com sabedoria, não precisará trabalhar pelo resto da sua vida. "

Karen então entendeu que o verdadeiro objetivo do encontro era fazer com que ela desaparecesse.

Ela se sentiu incomodada, mas sorriu gentilmente. "Kristine, você quer me comprar com um milhão de dólares?"

Kristine ficou chocada com o comentário. Ela piscou os olhos que até então estavam arregalados e olhou para Karen, que parecia inocente e indefesa.

Karen continuou: "Se eu voltasse para Beaford City e desse à luz um filho do Charlie, a família Gook me trataria mal? Acho que o patriarca da família Gook daria muito dinheiro ao seu neto. Sendo assim, como mãe dele, eu também seria tão preciosa quanto a criança. Você acha mesmo que preciso do seu dinheiro? "

"Você quer me ofender, não é? Eu também tenho os meus truque e não vou perder para você neste jogo." Pensou Karen.

"Karen, como você pode..." começou a dizer Kristine, sem conseguir sorrir. Ela mordeu os lábios e segurou o choro.

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