Harlan só soube recentemente da identidade e do passado da Zoey. Ele não fazia ideia dos enroscos entre Bill, Nicholas e Philippa, então era natural que a cena à sua frente fosse difícil de digerir.
Parecia que todo o seu senso de realidade tinha acabado de desmoronar.
Por não ser meu lugar opinar sobre os assuntos dos mais velhos, apenas pigarreei discretamente e falei: “As coisas entre minha mãe e eles não são algo que dá pra explicar em duas frases. Cuide da sua vida e evite se meter na dos outros.”
Aos poucos, Harlan saiu do transe.
“Não entendo tudo, mas apoio. Eles estão divorciados, foi uma decisão de comum acordo. Cada um é livre para fazer o que quiser.”
Na sequência, ele me olhou com uma expressão de puro desespero: “Chloe, a minha Zoey não faria uma coisa dessas... faria?”
Suspirei, conformada.
“Relaxa. Já basta um bobão na vida dela. Que chance tem de ela querer dois”
“Chloe, acho que isso foi uma indireta. E tenho provas.”
Olhando pro Harlan, finalmente entendi por que a Janice tinha ficado tão furiosa a ponto de se jogar no rio. Se meu marido fosse tão desligado quanto ele, acho que eu faria o mesmo.
“Vai com calma, vá digerindo aos poucos. O Nicholas foi o primeiro amor da sua sogra. Esperou por ela a vida inteira. Meu conselho? Seja esperto e segure sua língua.”
Era o máximo que eu podia fazer por ele.
Se Harlan conseguisse conquistar a Philippa, já estaria com meio caminho andado pra conquistar a Zoey.
Por mais que o Bill pegasse no pé dele, se a mulher o aprovasse, ele não teria outra escolha a não ser aceitá-lo como genro.
Se vira, Harlan. Se resolve aí, sozinho.
Voltei pro quarto. Carter ainda parecia meio grogue, provavelmente tinha sido acordado à força pelo amigo e tentava recuperar o sono perdido da viagem.
Ele estava deitado na cama, distraído, virando o Everett de um lado pro outro como uma tartaruguinha, de barriga pra cima, depois de bruços, e de novo de barriga pra cima.
Depois de algumas rodadas, Everett perdeu a paciência. Mal tinha aprendido a engatinhar, mas de tanta frustração, se arrastou pra frente com esforço, deu dois passinhos e acertou um tapa bem no queixo do Carter.
Só então ele voltou à realidade, com um olhar meio perdido: “O que foi?”
Ri baixinho.
“No que tá pensando?”
Everett me olhou com uma carinha tão sentida que não resisti e o peguei no colo, tentando acalmá-lo.
“O papai não fez por mal.”
Carter se sentou e sorriu, meio cansado.
“Desculpa, estava distraído.”
“Pensando em quê?”
“Em nada. Besteira.”
Coloquei o bebê de lado e me aconcheguei nos braços dele.
“Você tá pensando na sua mãe, né?”
Eleanor e Jeffrey eram bem diferentes. Um foi um pai que nunca o amou. A outra, uma mãe que o amou tanto que morreu por ele.
Todos esses anos, ela cuidou dele escondida, sob outra identidade. Agora, de repente, ela se foi. Era impossível ele simplesmente seguir em frente.
Carter sempre foi um homem que sente tudo com muita intensidade, mas guarda tudo pra si.
Ele passou o braço pela minha cintura e beijou meu cabelo.
“Chloe, me desculpa.”
“Já te falei que não culpo mais ela. Não fique triste. Você ainda tem a mim, ao Everett e à Everly.”
“Chloe...”
Carter se inclinou na minha direção, os olhos cheios de ternura.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Casamento de Arrependimentos e Revelações
Meu Deus quando eles vão ser feliz...
Não terá mais atualização??...