Casamento de Mentira, Amor de Verdade romance Capítulo 9

— Não pode, — Víctor Laranjeira segurou minha mão, contendo a emoção. — Francisca, nem eu nem a Kelly conseguimos viver sem você, não nos abandone. Eu vou me esforçar em buscar ajuda médica. Não vamos nos divorciar, tá bom?

Eu não gostava nada desse jeito dele, insistente, sem coragem para assumir as consequências dos próprios atos.

Ou talvez fosse porque eu o amava demais, e isso tinha dado a ele a confiança — ou a ilusão — de que, não importava o que fizesse, eu nunca o deixaria.

Ele achava que, não importava o tamanho do erro, bastava me dizer algumas palavras doces, me dar um beijo, um abraço, e trazer um presente que me agradasse, que tudo ficaria para trás, como se nada tivesse acontecido.

— Naquela noite, eu estive atrás de você o tempo todo. Ouvi tudo que você disse ao telefone. Quero saber: você cumpriu aquilo que prometeu à Serena Cruz? Se, nesses cinco anos, ao menos por um dia, você realmente me considerou sua parceira, me diga a verdade.

O corpo de Víctor Laranjeira ficou tenso num instante. Ele baixou os olhos, apertou os lábios, tentou falar algumas vezes, mas engoliu as palavras.

— Não consegue dizer, né? Então, deixa eu adivinhar. O que você prometeu à Serena Cruz foi nunca ter nada comigo, guardar-se para ela, certo?

Víctor Laranjeira levantou o rosto, chocado, o olhar escurecido. A mão direita se fechava e abria, e dava pra ver a marca dos dentes no maxilar.

Eu tinha acertado!

— Francisca, me perdoa. Tem coisas que eu não consigo te contar. Só quero que saiba que a pessoa que eu amo de verdade é você. Foi por você que fiz tudo isso, só isso importa.

— Amar de verdade é esquecer o passado e se dedicar a quem está ao seu lado. Se você fica preso a uma promessa feita à sua ex, é porque nunca a esqueceu. Você quer o amor da Serena Cruz e, ao mesmo tempo, quer meu cuidado com você e com a Kelly, não é? Víctor Laranjeira, ninguém pode querer tudo, não dá pra ser tão ganancioso.

— Não é isso! — ele negou, aflito, e me abraçou por trás. O rosto encostou na minha nuca, o calor da respiração tocou minha pele, dando arrepios. — Eu não amo mais ela faz tempo. Eu sei, dentro de mim, que a única pessoa que amo agora é você.

Que audácia dizer isso assim...

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