Chamas da Paixão romance Capítulo 93

Cristina, frente a Rafael, estava extremamente nervosa:

- Presidente Gomes, eu só tenho pena de Jane.

Ela estava explicando porque tinha ajudado Jane, a esconder do homem à sua frente, a origem de tanto dinheiro. Rafael, no entanto, não estava de bom humor.

As últimas palavras, amargas e cortantes daquela mulher, ainda reverberavam em seus ouvidos, não importava o quanto tentasse, ele não conseguia se livrar delas. Quando ouviu Cristina dizer que Jane dava pena, seus lábios esboçaram um arco frio:

- Cristina, não possuo pessoas boas sob minha liderança.

Aquela mulher dava pena? ... ela estava amaldiçoando e humilhando uma amiga que já havia morrido.

Aquela pessoa... merecia pena?

Ele estava muito zangado, uma fúria indescritível!

Ele não esteve tão zangado nem quando a viu se tornar patética e lamentável!

A Jane que ele se lembrava, tinha orgulho no coração, ela nunca se rebaixaria a insultar e humilhar uma pessoa que já morreu!

Mas naquele dia, naquele dia, ela o fez abrir os olhos... um inexplicável acesso de raiva, e uma decepção inexpressível. Ele não entendia, o que exatamente o deixava decepcionado!

O suor frio escorria pela testa de Cristina. Aquele homem à sua frente poderia decidir sua vida ou morte com uma única palavra.

Mas ela não se arrependeu!

- Presidente Gomes, desobedeci a sua ordem, eu estava errada, estou pronta para receber a punição.

A coluna de Cristina estava ereta.

Por um instante, o olhar de Rafael pareceu distante, ele viu em Cristina a imagem de Jane, da mesma forma pronta para assumir responsabilidades, com a mesma postura ereta ao encará-lo, com a mesma... falta de arrependimento!

- Amanhã de manhã, vá ao escritório para receber sua punição. – Disse ele com uma voz fria, suas palavras eram definitivas. Ele se levantou e caminhou para fora.

Cristina ficou encostada na parede branca atrás dela, demorou algum tempo até que ela pudesse respirar aliviada.

Ela soltou um suspiro pesado e levantou o braço para limpar o suor frio da testa... Rafael permitindo que ela fosse à empresa para receber a punição, era uma boa notícia.

Ela pensou por um momento, "como será que aquela idiota da Jane está?".

Sem hesitar, ela foi para o quarto de hospital da Jane.

Ao chegar à porta do quarto, Cristina levantou a mão para bater, mas de repente parou por um instante. Ela ouviu claramente um rugido suprimido, que não era de sua imaginação.

Atrás da porta, um rugido abafado, como o de um pequeno animal, rouco e desagradável... Aquilo era, era o som característico daquela idiota com a garganta arruinada.

Um som abafado, monótono, como o de um pequeno animal ferido, que não ousava rugir alto.

Cristina ficou parada, imóvel como uma estátua, diante da porta do quarto de Jane, sem se mover por um longo tempo.

Ela não sabia quanto tempo havia passado, mas eventualmente o som abafado da garganta atrás da porta se silenciou. Cristina concentrou sua atenção para ouvir, para se certificar de que a pessoa no quarto tinha se acalmado.

Ela não entrou imediatamente, esperou por cerca de quinze minutos. Cristina ficou na porta o tempo todo, esperando por quinze minutos, antes de levantar a mão novamente e bater na porta.

Ela entrou.

À primeira vista, ela viu Jane na cama, que também estava olhando para ela.

Seus olhares se encontraram, e um sorriso delicado, amigável, surgiu no rosto de Cristina:

- Jane, você está bem?

- Sim. Estou bem.

Jane, na cama, já não parecia machucada como antes, falou com tranquilidade:

- O médico disse que eu tive sorte.

Seu rosto calmo fez Cristina se sentir desconfortável. Se não fosse o rugido suprimido ouvido atrás da porta, Cristina teria acreditado nas palavras dela.

Cristina olhou para Jane, havia uma sombra profunda em seus olhos, um pouco hesitante. Até que, ela sorriu novamente, caminhou em direção a Jane, pegou uma cadeira e sentou-se ao lado da cama. Ela estendeu a mão e colocou-a no dorso da mão de Jane:

- Estou feliz que você está bem. Cuide-se. Seu joelho também foi seriamente ferido desta vez.

Cristina queria segurar Jane, chacoalhá-la violentamente, e perguntar "Por que você não chora? Por que você não diz nada? Por que você finge que nada aconteceu?"

Se estivesse realmente bem, então por que estava rugindo sozinha onde ninguém podia enxergar? Por que Cristina podia ouvir o seu rugido suprimido de dor profunda?

Claramente, a pessoa mais angustiada era Jane, mas a pessoa que não conseguia conter o tremor da mão era Cristina.

Cristina sentiu como se estivesse vendo seu passado em Jane... aquele maldito passado que ela queria esquecer, mas que se tornou vívido novamente naquele dia por causa de Jane.

- Está com fome?

Depois de um bom tempo, Cristina conseguiu controlar as emoções turbulentas em seu coração e manteve a calma diante de Jane:

- O que você quer comer? Eu compro.

Com isso, ela se levantou para ir, mas de repente, seu braço foi puxado. A voz rouca na cama atrás dela chamou:

- Cristina.

Cristina não olhou para trás.

A voz rouca disse:

- Posso me encostar no seu ombro?

Finalmente, o coração de Cristina tremeu, seus olhos estavam um pouco ardentes... sem dizer uma palavra, ela se virou e foi abraçada pela cintura, com uma cabeça apoiada em seu peito.

Ela podia sentir claramente a cabeça tremendo levemente em seus braços. Cristina não podia ver a expressão de Jane, mas conseguia adivinhar que a tola estava chorando em seus braços.

Suspirou levemente... aquilo era bom.

Uma pessoa que não sabia chorar, finalmente aprendeu a chorar.

- Jane, você se lembra? Quando eu te tratei de maneira especial, mesmo dizendo que eu, Cristina, andava com coração frio em Cidade S. Não porque eu sou bondosa, eu nunca me considerei uma pessoa boa, mas curiosamente, ainda tenho um pouco de compaixão com você. Jane, antes, eu achava que você era como eu. Mas agora eu percebo que, na verdade, não somos nada parecida. Agora eu sei, você nasceu em uma família rica, a filha da família Pereira, uma das mais ricas de Cidade S. E eu, sempre fui uma criança pobre. Eu sofri, sofri desde pequena, com isso, pude suportar o que aconteceu depois, graças às dificuldades que passei quando era criança. Mas você é diferente, você foi mimada desde pequena, nunca te faltou nada, passou por humilhações, mas ainda consegue manter a dignidade em seu íntimo. Jane, você é muito mais forte do que eu.

Comparado a um início de vida sofrido, com dificuldades, e ainda assim se levantar; ter crescido em condições favoráveis, sofrer um golpe devastador, e ainda assim ser capaz de viver bem... Em comparação, Cristina achava que uma pessoa como Jane, era mais resistente do que uma erva daninha.

Era difícil imaginar que uma filha de um grande conglomerado, uma jovem rica, tenha a resistência de uma erva daninha.

- Cristina.

Jane não levantou a cabeça, ainda apoiada no peito de Cristina, de repente falou baixinho:

- Cristina, eles dizem que matei alguém, por ciúme, planejei deliberadamente matar a mulher que o Presidente Gomes mais amava, minha melhor amiga Xaviana.

- Eu não acredito. Você não seria capaz de fazer isso. - disse Cristina calmamente.

Jane, abraçada por Cristina, de repente começou a chorar descontroladamente.

Rafael... Havia a deixado cega! Uma pessoa com quem ela conviveu por mais de meio ano conhecia-lhe melhor do que ela!

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