Ciclo de Rancor romance Capítulo 122

― Tudo bem, querido. ― Charlene riu e complementou: ― No entanto, é possível que eu precise ficar na mansão por algum tempo, por causa da minha saúde. Lamento que você precise me aturar, Deirdre. ―

A jovem zombou, silenciosamente. ‘Esta mulher é muito boa em ser hipócrita tanto nas palavras quanto no comportamento. Brendan simplesmente não consegue perceber isso.’

Apesar do pensamento sarcástico, Deirdre apenas assentiu. Ela realmente queria sair daquele lugar e subir as escadas, mas Charlene disse:

― Vamos almoçar os três juntos, o que acham? Eu sou muito boa em cozinhar. ―

A jovem abriu a boca, desejando recusar prontamente, mas sentiu um calor familiar na lateral do rosto e soube que Brendan a estava encarando, com um alerta. Por isso, respondeu:

― Boa ideia. ― E depois de um suspiro, assim que terminou de engolir seu desgosto, reforçou: ― Claro. ―

Então, Charlene foi para a cozinha e algum tempo depois, o trio se reuniu em volta da mesa de jantar. Charlene preparou um prato cheio de comida para Deirdre e disse, com um sorriso gentil:

― Não conheço suas preferências alimentares, então preparei uma refeição normal. Prove e me diga se gostou, Deirdre. ―

Enquanto Deirdre pegava os talheres, ouviu o comentário insistente e gelado de Brendan:

― Por que ela não gostaria da sua comida? Quem ela pensa que é? Ela vai saborear cada pedacinho, até a última mordida. ―

― Mas, e se ela reclamar? E se disser que não gostou da minha comida? ―

― Ela não ousaria. Você fez isso com um esforço meticuloso. ―

Deirdre riu, zombando de si mesma. Então, serviu um bocado em seu garfo e colocou na boca. Um segundo depois, a jovem engasgou e cuspiu, tossindo. Era muito picante. Era amargo e forte. Um sabor estranho, diferente de tudo o que já tinha comido.

Os olhos de Charlene ficaram vermelhos de lágrimas instantaneamente:

― Caramba, minha comida é tão ruim assim, Deirdre? ―

Brendan jogou seus talheres no chão com um estrondo, parecendo extremamente furioso:

― Deirdre, deve haver um limite até para a frescura! Eu provei a comida e tinha um gosto muito bom. Por que você está fingindo nojo? ―

― Esqueça, Brendan... ― Charlene segurou as lágrimas e agarrou a bainha da saia com as mãos, como se estivesse sendo tratada injustamente ― Tenho certeza de que é por causa das minhas habilidades culinárias mais simples que ela odeia minha comida. Por mim, tudo bem que Deirdre não tenha gostado. ―

― Como ela pode odiar sua comida!? Ela não costumava engolir mingau frio e sem gosto na prisão? Ela está pedindo piedade de propósito. ― Brendan lançou um olhar feroz para a jovem de rosto desfigurado: ― Nem pense em levantar dessa mesa se não terminar de comer. Eu gostaria de ver se você é realmente incapaz de terminar sua refeição! ―

Deirdre respirou fundo. Não havia nada que Brendan pudesse dizer a ela agora que a machucasse mais. Mas, pensando bem, achou divertido e até previsível, que Charlene tivesse preparado uma refeição meticulosamente, apenas para pregar uma peça nela.

As consequências de não terminar a refeição eram muito evidentes. Bliss seria expulso e, mesmo depois disso, ela ainda precisaria terminar a refeição. Então, ela respirou fundo, agarrou os talheres com força e deu uma grande mordida.

O sabor picante e o amargo grudaram em suas papilas gustativas e ela ficou tão enojada que começou a ter engulhos. Seus olhos se encheram de lágrimas pelo sabor forte. Ela então resistiu à náusea e se forçou a engolir a comida antes de dar outra mordida. Deirdre não podia dar tempo para que suas papilas gustativas descansassem, senão, o próximo bocado seria ainda mais agonizante.

No final, sua boca estava entorpecida com o tempero e o sabor repugnante fez seu estômago revirar. Ela respirou fundo para manter a comida dentro.

― Será... será que vai ficar tudo bem? ― Charlene estava testemunhando todo o processo, durante todo o tempo. Além de se sentir orgulhosa, ela teve muita dificuldade em aceitar a resistência de Deirdre. A jovem já deveria ter ficado furiosa em circunstâncias normais.

‘Será porque ela foi punida por Brendan? No entanto, se for esse o caso, como poderei fazer Deirdre me atacar, o quanto antes, para que eu possa expulsá-la da mansão?’ Seus olhos rolaram enquanto ela pensava consigo mesma.

Na cabeceira da mesa, Brendan, que não suportava mais observar Deirdre, disse:

― Já chega. Vá lá para cima! ―

Deirdre subiu as escadas sem se virar, correu para o banheiro e vomitou profusamente. Sua garganta estava dormente de dor e seu rosto estava encharcado de lágrimas. Ela se sentou no chão em desânimo.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Ciclo de Rancor