Ciclo de Rancor romance Capítulo 134

― Por que a convidaríamos para a festa? ― Brendan ficou contrariado. ― Você é muito gentil. Ela merece ser essa criatura lastimável e só tem a si mesma para culpar por isso. Além disso, sua festa de aniversário é muito importante. Quem vai se divertir na sua festa quando a presença dela estraga toda a diversão? ―

― Mas... Deirdre não vai ficar entediada em casa e sozinha? ― Ela disse, em um tom choroso: ― Não acredito que Deirdre possa estragar a diversão. ―

― Mas, você acha que ela merece ser convidada para a sua festa de aniversário? ― Os olhos escuros de Brendan estavam manchados de frieza, enquanto seus olhos estavam fixos no rosto de Deirdre. ― Fale por si mesma. Você merece participar de um evento tão grandioso? ―

O coração de Deirdre estava acelerado. Este foi o golpe mais letal de Brendan. Não bastava humilhá-la. Ele agora a forçava a reconhecer cada insulto.

Deirdre acreditava que Charlene devia estar sorrindo de satisfação. Então, ela respirou fundo, suprimiu sua voz trêmula e respondeu:

― Não, eu não mereço. ―

Brendan disse em tom de zombaria:

― É ótimo que você saiba disso. Por que você ainda não voltou para o seu quarto? ―

Deirdre fechou os olhos e os abriu novamente. Ela então levantou da mesa e subiu as escadas lentamente. Mas, antes de fechar a porta do quarto, ainda ouviu Charlene dizer, pretensiosamente:

― Não faça isso, Brendan. Ela já está sofrendo muito. ―

Ninguém sabia que seu aniversário era um dia antes do de Charlene, ou seja, era aquele dia. Quanto mais celebrado era o aniversário de Charlene, mais solitária e mais desolada ela se sentia. Ninguém se lembrava de seu verdadeiro aniversário, além de sua mãe.

Deirdre abriu os olhos e sentiu seu coração disparar, seus olhos ardendo em lágrimas. Sua mãe ainda estava vivendo sob o controle de Brendan e ela se perguntou se a doença de sua mãe havia sido curada ou se sua mãe sentia falta dela.

Ela não tinha a menor noção de que sua mãe tinha morrido, pouco antes que ela saísse da cadeia. Por isso, lembrar da mãe, despertou uma pontada de esperança. Então, a jovem se sentou ereta e esperou que o som abafado da conversa entre Brendon e Charlene se extinguisse, antes de abrir a porta e caminhar em direção ao escritório.

Ela bateu na porta e a abriu quando ouviu as palavras:

― Entre. ―

Brendan parecia enojado e surpreso com a visão dela e, automaticamente, exclamou:

― Vá embora! ―

Deirdre apertou as mãos atrás das costas trêmula, reunindo coragem para dizer:

― É meu aniversário hoje, Brendan. ―

Brendan ficou atordoado por um momento. Ele não tinha ideia, ou pode-se dizer que ele nunca se importou com isso. Logo, seu espanto foi substituído pelo desprezo:

― E daí? Não me diga que você gostaria que seu aniversário fosse comemorado com uma festa também. Você sabe melhor do que eu se você merece isso! ―

Deirdre já estava acostumada com a discriminação e não podia se incomodar em franzir a testa, nem um pouco:

― Não é isso. Eu apenas... Eu só quero falar com a minha mãe. Ela costumava me desejar 'feliz aniversário', todos os anos... Senti falta de ouvir a voz dela... ―

Ela assumiu que seu pedido era muito simples, mas Brendan o rejeitou sem qualquer hesitação, com um olhar sombrio:

― Impossível! Pare de sonhar! ―

― Por quê? ― Deirdre não conseguia entender. ― Eu nem tenho o direito de falar com a minha mãe? Brendan, eu nem estou pedindo para encontrar com ela. Não posso simplesmente falar com ela pelo telefone? ―

Os lábios finos de Brendan estavam bem franzidos. Ninguém sabia, melhor do que ele, que Ophelia estava morta. O que ele queria dizer era ‘Esqueça disso, você nunca mais vai falar com sua mãe, ela está morta.’ Mas, o que disse, foi:

― Ela não tem permissão para falar ao telefone, devido à sua condição. ― Brendan inventou uma desculpa. ― Ela ainda está recebendo tratamento e sua condição é muito instável. Se ela ouvisse sua voz, isso afetaria o tratamento. ―

― O que está acontecendo com ela!? ― Os olhos de Deirdre ficaram avermelhados e cheios de lágrimas, instantaneamente. Então, ela perguntou ansiosa: ― Eu pensei que você disse que ela já estava de volta ao país. ―

― É precisamente porque ela está de volta ao país que seria problemático se ela adoecesse novamente. Quando ela se recuperar, vou marcar um encontro entre vocês duas sem que você precise ficar me apressando. ―

Os olhos de Deirdre ficaram avermelhados de raiva, mas ela não teve coragem de comentar, por medo de que Brendan voltasse atrás em sua palavra. Afinal, bastava um capricho do monstro para que ela nunca mais pudesse ver a mãe.

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