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Deirdre voltou para seu quarto na mansão e sentou-se na beira da cama em um transe dissociativo. A confissão de Charlene sobre seu papel na morte de Bliss tinha causado um ferimento profundo em sua alma. Minutos rastejaram, possivelmente horas. A jovem não tinha ideia de quanto tempo levou até que finalmente sentisse o sono a alcançando. Ela se deitou.
Então, de repente, a porta se abriu com um chute e Brendan cambaleou como uma besta louca, prendendo os pulsos dela contra a cama. O ar esfriou, mas Deirdre quase podia sentir o gelo vindo dos olhos do homem examinando furiosamente seu rosto.
― Nem perde mais o sono por causa das merdas que faz, não é? ― Brendan berrou. O aperto nos punhos de Deirdre era tão forte que quase esmigalhava os ossos finos da jovem.
― Aquela porra de lesão no pescoço de Lena! Nada pôde fazer aquilo desaparecer, e todos viram! Eles falavam sobre isso pelas costas dela e entre si, durante toda a festa. Tudo por causa da merda estúpida que você fez! Ela sequer voltou para casa após a comemoração! Esse é o tamanho da humilhação que você a fez passar, sua vadia sem coração! Você nunca vai ficar satisfeita? Nunca vai parar!? ―
A dor queimou como fogo os punhos da jovem e o rosto de Deirdre ficou branco com a provação. Brendan parecia tão furioso que era como se fosse erguê-la da cama e atirá-la da sacada.
Que piada. Deirdre tinha deixado de amar Brendan, desde que fora injustiçada na prisão, mas Charlene não percebia isso e continuava tentando prejudicá-la. Entretanto, o monstro acusava Deirdre de não ficar satisfeita, de não saber parar, quando, na verdade, sua adorável noiva é quem não conseguia. Não poupando, nem mesmo, a vida de um filhote de cachorro indefeso.
― Por que você não pede para sua ‘Lena’ parar? Veja se ela concorda com isso... ― Deirdre atirou de volta. ― Sinceramente, como uma pessoa cega, franzina, debilitada e desajeitada como eu, conseguiria atacá-la e enforcá-la se ela não tivesse provocado e permitido que isso acontecesse? Chego a duvidar de que eu seja a única pessoa cega aqui... ―
― Como você ousa!? ― Os olhos de Brendan estavam vermelhos de fúria. Ele a puxou pelo colarinho, a erguendo da cama e a pressionando contra a parede, enquanto rangia os dentes. ― Você vai culpar a vítima de novo, não é? A única razão pela qual Lena não revidou foi por ela ser gentil e ingênua. Ela não consegue nem machucar uma mosca, muito menos outro humano. Mas, isso não significa que você pode tirar vantagem de sua gentileza! ―
― Gentileza? ― Deirdre ecoou com os olhos baixos. Ela se lembrou dos lamentos e ganidos de Bliss, em seus últimos momentos de vida e como Charlene gravou cruelmente, apenas para que Deirdre pudesse ouvi-lo em outro golpe.
‘Gentileza! Ah, ela e sua maldita bondade!’
― Brendan... Seu julgamento das pessoas... é péssimo. ―
― Você está cem porcento certa ― ele rosnou e a empurrou para o chão. Parado e olhando para o rosto desfigurado e contorcido de dor, o monstro continuou falando: ― Tão péssimo que continuei me iludindo em dar a uma sociopata como você mais chances do que merece! Você é uma idiota vil, baixa e miserável. Você nunca saberá como se comportar sem que receba castigos e mais castigos! ―
Ele agarrou o pulso de Deirdre e começou a arrastá-la para fora do quarto, em direção às escadas:
― Levante-se! Vamos! ―
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Ciclo de Rancor
Cadê o restante?...
😣...
Terá mais capítulos?...
Gostaria de ler o restante do livro...