Ciclo de Rancor romance Capítulo 247

'Ah, sim... tem o Brendan' Os olhos opacos de Deirdre se encheram de decepção, pois ela sabia que Brendan nunca concordaria que ela trabalhasse.

O coração de Maeve se derreteu de pena, ao ver como a expressão animada tinha se desfeito do rosto da jovem e substituída pelo abatimento.

― Ahh Dee, não é bom ficar na mansão? Por que você quer tanto conseguir um emprego? ―

― Acho que é porque preciso sentir que sou apreciada por fazer algo bem. Queria sentir que faço alguma coisa útil e deixar uma marca, mesmo que mínima, no mundo. ― Respondeu a jovem, com um sorriso um pouco sarcástico. ― Além disso, não posso continuar dependendo de outra pessoa para me sustentar. Se eu tiver um bom desempenho neste trabalho, significaria que eu poderia sobreviver em outro lugar e caso você precise de ajuda, eu poderia desembolsar dinheiro para você, sem depender de Brendan. ―

Maeve ficou surpresa ao saber que Deirdre desejava ser independente. Ela achava difícil imaginar que uma mulher cega e com a saúde tão delicada fosse capaz de pensar assim. Entretanto, percebeu que a jovem queria poder contar apenas consigo mesma, sem se contentar em depender de outra pessoa.

Naquele exato momento, Maeve descobriu o porquê de um homem notável como Brendan estar tão profundamente apaixonado por Deirdre. O charme de algumas pessoas é muito mais profundo do que a aparência.

― Nesse caso, acho que você pode tentar convencer Brendan. Acredito que, como vocês dois são casados, ele considerará seus desejos, desde que você possa cuidar de si mesma. ―

Deirdre não se sentia confiante de que poderia fazer isso, mas ainda assim se preparou.

― É, eu posso tentar. ― Mesmo que houvesse apenas um porcento de chance, a jovem não queria deixar a oportunidade escapar.

As duas voltaram para a mansão e, sem ter o que fazer no térreo, durante a noite, Deirdre subiu para o quarto e se deitou na cama, fantasiando ser uma grande pianista até ouvir Brendan chegar e subir as escadas, entrando direto em seu escritório.

Então, a jovem se levantou, desceu para a cozinha para pegar uma sobremesa que havia preparado para o homem e bateu cautelosamente na porta do escritório. Assim que Brendan disse ‘entre’, Deirdre empurrou a porta.

O empresário guardava um rancor crescente já a dois dias, mas, assim que viu a jovem sua raiva se dissipou. Ele havia presumido que Deirdre nunca cederia. 'Talvez ela nem saiba que estou chateado porque ela é uma mulher indiferente para algumas sutilezas.'

― O que te traz aqui? ― Ele falou, em um tom rígido e frio, enquanto folheava as páginas do documento sobre a mesa. No entanto, ele não conseguia se concentrar em uma única palavra que lia.

Deirdre morria de medo, mas reprimiu o desejo de sair da sala e foi até a mesa de Brendan, servindo a sobremesa e dizendo:

― É mesmo? E o que é? ―

Deirdre apertou os dedos.

― Eu gostaria de começar a trabalhar. ―

O sorriso no olhar de Brendan desapareceu instantaneamente e ele sentiu como se queimasse de fúria. Ele estava animado, pois tinha presumido que Deirdre estava ali para tentar se reconciliar com ele, quando, na verdade, ela só estava ali por ter outra demanda.

Ele havia sido frio com Deirdre nos últimos dois dias, não porque estivesse realmente chateado com a falta de preocupação de Deirdre por ele, mas para verificar se sua estratégia das últimas semanas tinha surtido algum efeito no coração da jovem. No entanto, as ações dela mostraram que, não apenas seu esforço tinha sido infrutífero, como Deirdre tinha se tornado ainda mais ambiciosa.

― Que tipo de trabalho você vai conseguir, sendo cega? Aposto que você quer fugir, estou errado? ―

― Você está errado, Brendan! ― Deirdre não tinha ideia do porquê de Brendan levar as coisas tão longe. Ela mordeu o lábio inferior e franziu as sobrancelhas. ― Eu gostaria de conseguir um emprego para poder ganhar meu próprio dinheiro. ―