Ciclo de Rancor romance Capítulo 271

Deirdre ficou congelada, no mesmo lugar, com os olhos arregalados de espanto, enquanto ouvia o som de alguém soluçando com o rosto coberto, provavelmente pelas mãos, ou contra um ombro em um abraço carinhoso. Ela sentiu como se seus ouvidos estivessem pregando uma peça nela e ela estava com tanta dor que não conseguia falar.

A voz que ela reconheceria em qualquer lugar... A voz que fez companhia a ela todo esse tempo e a chamou de filha com tanto carinho dizia a mesma frase para outra garota... 'Você é minha filha mais querida?'

― Sério mesmo? Achei que você tinha me abandonado. Por que você não me respondeu quando tentei entrar em contato com você, por todo esse tempo? Além disso, aquela cega do quarto também estava te chamando de 'mãe'. Você tem apenas 40 anos. Como poderia ter uma filha tão crescida? Como acabei tendo uma irmã mais velha, do nada? ―

― Uh... ― Maeve parecia hesitante.

Silvia, a filha de Maeve, ficava cada vez mais impaciente e bateu o pé, com raiva, enquanto olhava para a porta. ― Que diabos está acontecendo! Diga-me, rápido. Se você não me der uma explicação adequada, eu a repudiarei como minha mãe, de agora em diante! ―

― Não! Silvia, não... ― Maeve ficou extremamente ofendida. ― Vou te contar, vou te contar! A mãe dessa menina faleceu há muito tempo, e minha voz é muito parecida com a da mãe dela. Por isso fui escolhida e contratada para ser a mãe da menina por um tempo. No entanto, meu trabalho terminou hoje e vou embora, em breve. ―

Deirdre sentiu como se fosse atingida por um raio e seu peito tivesse explodido. Seus ouvidos zumbiam e sua mente ficou em branco. Na verdade, ela até havia esquecido onde estava, enquanto sentia como se seu peito estivesse sendo espremido e trucidado. Era tanta dor que não conseguia nem emitir um som, ou derramar uma lágrima.

'Deirdre, não me odeie.’ Enquanto, estava com a mente congelada, Deirdre ouviu a voz suave de Brendan. O rosto arrogante e frio do homem entrou em sua mente, mais uma vez.

Acontece que a expiação que ele mencionou e o pedido para que ela não o odiasse, assim como tudo mais, sempre se referia a este acontecimento. Ele tinha feito isso para esconder a verdade sobre a trágica morte de sua mãe.

Ele não havia mudado. Ainda era aquele demônio sanguinário, o monstro que matava sem consciência, o pai de sangue frio que matou seu filho biológico.

Deirdre manteve-se quieta, enquanto lágrimas caíram de seus olhos em profusão. Mas, ela não conseguia contestar nenhum dos argumentos de sua maior rival. Não conseguiria dizer quanta força exerceu apenas para se levantar do chão, entorpecida, e tatear o caminho ao longo da parede, de volta ao quarto.

Ela não sentia a dor penetrante que irradiava de sua palma machucada, mas sua cabeça estava cheia apenas com as lembranças do sorriso de sua mãe.

— Deirdre? ― Ela havia perdido a noção do tempo quando Maeve entrou na sala e a encontrou sentada ao lado da janela, perdida em pensamentos. Maeve ficou atordoada, por um momento, antes de se aproximar de Deirdre. ― Quando você acordou? Por que você está sentada tão perto da janela? Você não está com frio? ―

Ela pegou um suéter e o colocou sobre Deirdre. No movimento, abaixou a cabeça e percebeu que a mão enfaixada de Deirdre estava encharcada de sangue.