Ciclo de Rancor romance Capítulo 284

Deirdre se contorcia, e gritava palavras ininteligíveis, enquanto dois brutamontes a golpeavam e tentavam imobilizá-la. Brendan percebeu o que acontecia e pegou o telefone, esquecendo, até mesmo, da própria dor, enquanto gritava:

― Parem! Vocês a estão machucando! ―

Percebendo a reação do poderoso magnata e sem querer causar problemas, os policiais encontraram seus olhos e afrouxaram o aperto, fazendo com que Deirdre caísse no chão. Os olhos da jovem estavam desfocados, como se a magnitude de sua tristeza tornasse impossível que ela enxergasse.

― Você é um assassino, Brendan. Você é bom nisso, não é? ― ela resmungou, em lágrimas.

O empresário havia tratado o amor dela por ele como um convite para usar e abusar dela. Mas, mesmo depois de todos os pecados cometidos, a única proposta de Brendan era 'fingir que nada aconteceu’. Esquecer é mais fácil para quem bate.

Ele sempre desdenhou abertamente o amor dela no passado e, como Deirdre notava, ele ainda cuspia no nobre sentimento.

Ninguém era capaz de abusar de alguém como Brendan. Ninguém.

O coração de Deirdre ficou frio. Não. Estava quebrado, estilhaçado e pisoteado pelo canalha que gritava no telefone, atrás da janela. Seu rosto ficou inexpressivo e a jovem ignorou, sem querer saber o que Brendan esbravejava. Simplesmente, tateou a parede, se recompôs e, caminhando com firmeza, saiu da cela.

Brendan afundou na cadeira, o rosto branco como papel. Foi o policial ao lado dele que notou seu estado e chamou uma ambulância.

Quando Madame Brighthall soube da notícia, Brendan havia acabado de receber uma transfusão de sangue. Ela apontou um dedo trêmulo no homem doente, berrando:

― Você perdeu a cabeça?! Aquela megera conspirou para aprisionar você, ela quer que você morra! Mas, o que você fez depois que finalmente se recuperou um pouco da lesão? Você foi vê-la novamente! Você não tem nenhum amor pela vida, não é? Que tipo de filho eu trouxe para este mundo?! ―

Brendan fechou os olhos. Seus lábios estavam pálidos.

Charlene o observava com os punhos cerrados. Ela nunca imaginou que Brendan se importaria tanto com aquela cadela que suportaria, de bom grado, a agonia ou a possibilidade de morte para vê-la.

Mas, antes que Charlene pudesse entrar na conversa, Madame Brighthall explodiu novamente.

O rosto de Charlene ficou branco. Madame Brighthall também parecia preocupada, mas se preparou e argumentou:

― Não fale assim com Lena, Bren! Ela salvou sua vida! ―

― Sim. Ela salvou minha vida. ― Brendan cerrou os punhos, os olhos desesperados e desolados. — Mas, destruiu a de Deirdre. ―

Ele se lembrou de como Deirdre estava quebrada, de como seus olhos opacos começavam a refletir uma insanidade crescente. Ele fechou os olhos, sentindo-se cansado, e murmurou:

― Ela não vai para a cadeia de novo e ponto final. Vou trabalhar duro para convencê-la a desistir, então, é melhor que vocês duas desistam de tentar me impedir. ―

Mas, mesmo tendo dito isso. Durante o resto da semana, Brendan não tentou participar de outra audiência com Deirdre, sabendo que a jovem negaria. Sabendo que não poderia forçar nada, procurou a ajuda de Sam.

― Você precisa falar com ela. ―