Ciclo de Rancor romance Capítulo 29

A malícia transbordou dos olhos de Brendan. Ele parecia menos com um homem e mais com um monstro sedento por sangue:

― Eu te resgatei do seu suplício, Sterling! Como ousa cuspir na minha boa vontade? Como você se atreve a tentar roubar minha mulher, na minha cara?! ―

A dor queimou a bochecha de Sterling, mas não foi o suficiente para detê-lo. Ele riu.

― Sua mulher? Oh, então é assim... Ser obrigada a cumprir a pena de outra pessoa por um crime que não cometeu é uma das vantagens de ser sua mulher, né? Ser desumanizada e usada como seu meio de entretenimento também é o tipo de coisa que 'sua mulher' deve fazer, certo? Deus, sou só eu que penso assim, ou ser 'sua mulher' é o tormento mais cruel que alguém pode sofrer? ―

Os olhos de Brendan faiscaram de raiva e ele atacou novamente.

Sterling não era páreo para ele em uma luta, mas isso não serviu como desculpa para que ele tentasse fugir do combate. As outras pessoas na sala, incluindo Deirdre, estavam horrorizadas demais para reagir. A jovem sabia que tinha que impedir Sterling de irritar Brendan, ainda mais. Afinal, seria muito fácil para alguém tão obscenamente poderoso quanto o empresário, arruinar a carreira de Sterling como médico, para sempre!

― Pare! Por favor, pare de lutar! ― A jovem gritou, impotente. Ela não podia ver nada e só podia ouvir os sons de punhos se conectando com carne. Desesperada, Deirdre se lançou na direção do confronto e agarrou um deles, dando uma guinada. Então, sentiu uma explosão de dor, diretamente em seu rosto lacerado.

Seus ouvidos zumbiram e ela sentiu a gravidade a convocando com insistência. Sem conseguir resistir, a jovem foi ao chão. Instantaneamente, seu rosto inchou e respirar se tornou um ato difícil de executar.

Sterling parou de brigar e seus olhos se encheram de lágrimas, enquanto gritava:

― Dee! ―

Brendan empurrou o homem para longe e a puxou para seus braços. Ele lançou a todos da família um olhar gelado e disse, com raiva:

― Todos vocês me enojam. Eu entendo que ele é apenas um filho bastardo, mas Deus, esse selvagem recebeu qualquer instrução de boas maneiras? Treine seu filho, com um adestrador de cachorros se for preciso! Mas, alguma coisa sobre honra e compostura ele tem que aprender! ―

Depois de dizer isso, Brendan saiu furioso.

Antes que fosse arrastada para fora de casa, à força, os ouvidos recuperados de Deirdre ouviram vagamente Richard criticando Sterling. Ela se encolheu e murmurou:

― Não, os ferimentos de Sterling... Ele precisa ir para um hospital! ―

Brendan franziu a testa:

― Para o maldito hospital! Sua cara está parecendo um maldito balão! E se você tiver sofrido uma concussão?

― Não! Eu não vou voltar para o hospital! ― A jovem se lembrou de como as pessoas tinham-na agredido e ameaçado linchá-la e o trauma ainda a consumia ― Eu estou bem. Não preciso de um médico ―

O carro guinchou e parou.

― Por que diabos não quer!? Que diabos você vai fazer, hein? Voltar lá e cuidar do Sterling até ele ficar tinindo? Vai deixar que ele use seu corpo, como se fosse uma maldita boneca?! ― Brendan explodiu. ― Você não viu!? Os Fuller sentiram repulsa por você! Eles te odeiam. Você os enoja! Você realmente acha que poderia fazê-los mudar de opinião agindo como uma santa e estando sempre à disposição, como uma das criadas? ―

Os lábios de Deirdre empalideceram. Ela não tinha visto nada disso, era óbvio, mas tinha sentido muito bem o desprezo da família. Mesmo assim, por que Brendan tinha que ser sempre tão cruel? Por que ele não podia medir as palavras? Ele agia como se ela não fosse um ser humano capaz de sentir dor.

― Você está certo! Eu não consegui ver nada porque sou cega, esqueceu!? ― Ela retrucou, com a voz trêmula e respirou fundo, levantando a cabeça em desafio. ― Além disso, qual seria a diferença entre ser empregada deles e servir a você? Eles me odeiam tanto quanto você! ―