Ciclo de Rancor romance Capítulo 311

Deirdre ficou em silêncio. A resposta a surpreendera tanto que sua língua falhou e levou alguns segundos para finalmente recuperar a voz.

― Tobey, eu... eu não valho a pena. ―

A jovem tinha convicção de que não merecia a preocupação do rapaz. Ela era uma bomba-relógio hedionda, cega e fichada na polícia, cuja presença poderia significar problemas, a qualquer momento. Ela não merecia estar com um homem cuja vida estava em ascensão.

O tom de Tobey se tornou mais duro:

— Não ouse menosprezar a si mesma, Deirdre. Ou você fez uma piada sobre minhas preferências românticas? —

Deirdre ficou em silêncio.

― Você quer que eu conte a verdade nua e crua? Tudo bem. ― Tobey acrescentou. ― A verdade é que estou tirando vantagem de você. Você está mais vulnerável e é uma alma solitária clamando por companhia e um lugar para pertencer. Estou apenas aproveitando este momento. Você sabe por quê? Porque sei que mesmo agora, mesmo quando parece que estou no auge da minha vida, não estou à altura nem de um fragmento do esplendor ofuscante que você costumava emanar. ―

Deirdre sempre foi a estrela mais brilhante da escola. Sua origem familiar miserável não foi justificativa para impedir sua excelência acadêmica. Ela poderia facilmente ter conseguido uma vaga entre as escolas de elite do país se quisesse.

Também, havia os pretendentes. Ela era a bela para tantos de seus colegas que Tobey literalmente não teve chance.

Deirdre mordeu o lábio e seus olhos ficaram enevoados.

― Não, Tobey, você está errado! Eu não sou tão boa quanto você parece pensar que eu sou. Não quero ser o obstáculo que ficará entre você e seu... —

— Não, Deirdre. Ninguém é tão boa quanto você ― Tobey interrompeu, com firmeza e, um longo silêncio depois, ele perguntou: ― Você estaria disposta a vir para Eastgene? ―

Ele quebrou o silêncio causado pelo choque dela e continuou.

― Minha mãe está saudável e forte agora, mas eu não gostaria que ela ficasse sozinha neste lugar, em um futuro próximo. Eu tenho um lugar para morar e um emprego nesta cidade agora. Só preciso da hora certa para trazer minha mãe para cá, para ela ficar comigo. Se quiser, pode vir e se juntar a mim também. Isso tornará mais fácil para mim cuidar de você. —

Ele estava pedindo para ela ir para uma cidade que nunca tinha estado? Deirdre estava atordoada. Ela não havia pensado nessa opção, mas agora que ele expôs abertamente, Deirdre não pôde deixar de reconhecer seus méritos. Poderia ser um recomeço. Um lugar novo e desconhecido, intocado e intacto pela presença de Brendan. Talvez fosse ali que ela pudesse recomeçar a vida.

― Tem certeza de que aquele homem não está aí? E se ele de repente sair e chutar minha bunda? —

― Sem chance! ― O líder do bando ignorou sua preocupação em voz alta. ― Minha mãe o viu saindo do vilarejo e entrando num ônibus, ontem à noite, então aposto que ele voltou a trabalhar na cidade ou algo assim. Ele não está aí, sua covarde! Podemos fazer o que quisermos e ninguém vai nos impedir! —

― É sério? ― O resto do bando relaxou.

Então, endireitando os ombros e estufando os pulmões, eles cantaram do lado de fora da porta novamente:

― Ela não é uma princesa, é uma aberração! Uma porca cega e indesejada! Nenhum príncipe vai querer se apaixonar! Beijá-la vai deixá-lo doente! —

Pelas vozes, Deirdre percebeu que eram crianças pequenas que não deveriam nem ter dez anos de idade. Seus pais trabalhavam e os deixavam em casa, então seus avós os transformavam em valentões, sem nenhum conceito de respeito ou empatia.

Ela não planejava prestar atenção neles. Baixando os olhos de volta para o chão, continuou arrancando as ervas daninhas. As crianças a deixariam assim que ficassem entediadas.