Ciclo de Rancor romance Capítulo 47

Deirdre estava prestes a desmoronar. A jovem respirava fundo, hiperventilando, então empurrou o médico para longe, mas sendo cega, tropeçou na perna da mesa e caiu para a frente.

Sua bandagem ficou em um tom profundo de vermelho e o médico correu para ela, alarmado, mas Deirdre se levantou e se lançou novamente na direção da porta, com a dor esquecida.

O segurança percebeu que algo estava errado e, em passos rápidos, a alcançou e a imobilizou, gritando:

― O que foi agora?! ―

Deirdre gritou:

― Deixe-me ir! Eu quero sair! ―

― Sem chance! ― Veio a resposta trovejante. O segurança nem franziu a testa, nem viu necessidade de ser mais gentil ― Senhor Brighthall te proibiu explicitamente de sair de casa, as ordens foram claras! ―

Sua força contra Deirdre fez com que a ferida no pescoço se abrisse e sangue escorreu em profusão, fazendo o médico entrar em pânico.

― Isso não é nada bom! Prenda-a e não a deixe se mover mais! Se isso continuar, ela vai ter que voltar para a mesa de operação! ―

Outro segurança foi mobilizado e, enquanto um mantinha a jovem imobilizada, o outro tentava manter sua cabeça ereta, impedindo que ela movesse o pescoço. Deirdre parecia uma criminosa no momento de sua captura e a força aplicada contra ela era tamanha que chegou a acreditar que terminaria com um braço quebrado e o crânio esmagado.

O médico também não parecia se importar se ela estava com dor. Tudo o que importava era como ele finalmente lidaria com o ferimento e estancaria o sangramento.

A jovem parou de lutar e seus ombros começaram a subir e descer enquanto se desfazia em lágrimas. Ela não conseguia entender por que isso estava acontecendo. Brendan tinha roubado toda a dignidade da jovem e a obrigado a viver como uma prisioneira na mansão. Mesmo assim ele não se contentou e revidou em Sterling também?

‘A vida de Sterling foi arruinada. Seus sonhos e seu futuro, tudo acabado. Ele nunca será capaz de viver em Neve sem que as pessoas o desprezem. Ninguém mais confiará nele como médico.’

O coração da jovem doeu com o pensamento. Ela queria poder pular de um prédio e se livrar do pesadelo que era sua vida. Ela queria ter morrido muito antes. Afinal, se ela tivesse morrido na prisão, nunca teria conhecido Sterling e tinha certeza que a vida do médico seria excelente.

― Ele prometeu! Ele prometeu que não faria mais mal a Sterling! Ele prometeu! ― Ela gritou.

― Cale a porra da boca! Ninguém te perguntou nada! ― Um dos seguranças explodiu. ‘Deus, esta mulher dá muito trabalho! E agora eu tenho que ficar segurando esse rosto deformado junto do meu’.

― Qual é seu problema? Se o suicídio é o seu objetivo, por favor, não nos cause problema, faça isso na frente do Senhor Brighthall! Ninguém vai te impedir! Mas, agora? Droga, vamos todos morrer por causa do seu drama sem fim, senhora! Se o Senhor Brighthall souber que sua ferida reabriu, você acha que ele nos deixaria escapar impunes com apenas uma cicatriz? Não, inferno! Ele irá nos matar! ―

― Pelo amor de Deus, é irritante que você continue causando todo esse drama. Honestamente, o que mais você pode fazer, além de ser um pé no saco?! ―

― Ei, é melhor parar! Lembra da última vez? Ela acabou cortando o pescoço e perdemos metade do nosso salário anual! Se irritarmos a Cara de Amolar Faca de novo, talvez ela realmente se mate, desta vez! ―

Os dois continuaram indo e voltando, suas vozes cheias de sarcasmo e zombaria. Qualquer espírito de luta que a jovem tinha em seus olhos morreu e ela baixou os olhos, enquanto seu coração afundava. O procedimento médico foi doloroso, e ela se sentiu entorpecida.

Depois de parar de lutar, a jovem murmurou:

― Eu quero ver Brendan. ―

― De jeito nenhum! ― O segurança respondeu, como de costume ― O Senhor Brighthall está muito ocupado. Ele não tem tempo para vê-la. ―

Deirdre virou os olhos vazios na direção do brutamontes, enquanto pensava:

‘Ocupado com o que? Mimando Charlene...? Talvez, abraçando a impostora? Com o que mais seria!? Afinal, por que um homem conhecido por sua atitude arrogante e cruel daria a mínima para o homem inocente cuja vida ele estava arruinando?’

Ela fechou os olhos, com os cílios tremendo:

― Eu quero vê-lo. Se não deixar, vão ter que ficar 24 horas me vigiando, porque estou em greve de fome. Eu não me importo se vou morrer. Pode me desafiar. ―

Dois dias depois de Deirdre ter iniciado a greve, Brendan voltou.

No período, mesmo que o médico insistisse, ela recusou qualquer soro ou suplemento. Quando Brendan a viu na porta, percebeu que ela tinha perdido peso. Suas mangas eram largas e suas maçãs do rosto eram visíveis. Ela estava encolhida na beira da cama, completamente silenciosa.

‘Patético e irritante.’ Pensou Brendan.

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