Ciclo de Rancor romance Capítulo 50

Charlene ainda estava em uma cadeira de rodas e seus olhos ficaram vermelhos quando ela percebeu a injustiça a que seria submetida.

― Brendan, você quer que eu doe meu sangue para aquela mulher? Você sabe que ainda não me recuperei... ―

― Quando ela estava grávida, doou sangue para você, não foi? ― Brendan impediu Charlene de fazer objeções ― Ela não deve morrer! Vou dizer à enfermeira para ter cuidado ao tirar seu sangue, para que não afete sua recuperação. ― A observação de Brendan foi, na verdade, um ultimato.

Charlene parecia triste e arranhou a capa de couro da cadeira de rodas com as unhas, com tanta força que quase rasgou o tecido. Mas, no fim, ela forçou um sorriso e disse:

― Bem, é uma vida humana, afinal. Contanto que ela sobreviva, não importa que eu morra, pode tirar todo o sangue necessário... ―

Assim que ela terminou sua frase, a enfermeira apareceu, esbaforida:

― O doador de sangue está aqui? E quem é o parente mais próximo da paciente? Preciso de uma assinatura para o formulário de consentimento médico de emergência! ―

― O parente mais próximo sou eu. ― Brendan avançou e disse, enquanto comprimia os lábios ― Eu sou o marido dela! ―

― Marido? ― Charlene agarrou suas mãos e cerrou os dentes, com raiva.

‘O que ele quis dizer com isso? Se ele é o marido de Deirdre, quem sou eu, nessa história? Ela é apenas uma mulher com um rosto desfigurado. E daí se ela pulou de um prédio? Por que Brendan estaria tão ansioso para me trazer aqui, no meio da noite, para doar sangue para aquela canalha?'

Charlene sentiu raiva e medo, simultaneamente. Mesmo tendo desfigurado o rosto de Deirdre, roubado sua visão e ter ameaçado colocá-la de volta na prisão, parecia que nada a impedia de roubar Brendan.

Depois de assinar o termo de consentimento, Charlene foi levada para tirar sangue. Enquanto isso, Brendan sentava rigidamente e com um olhar vago no rosto. As mãos e o rosto do homem ainda estavam cobertos de sangue e parecia que ele ainda podia sentir o calor do corpo frágil de Deirdre em suas mãos. Seus olhos ficaram vermelhos.

‘Como ela ousou pular da janela, só pelo bem de Sterling!? Como ela pôde ser tão obstinada?’

Mas, pensar em Sterling encheu o coração de Brendan de ódio.

Resgatando o homem cruel de seus pensamentos, o celular vibrou em seu bolso. Nos dois primeiros toques, ele estava decidido a não atender, mas, quando soou o terceiro, pegou o aparelho e olhou o identificador de chamadas.

Uma voz soou quando Brendan apertou o botão de atender:

― Senhor Brighthall, concluímos a investigação solicitada. Em relação aos olhos da Senhorita McQuenny, ela realmente ficou cega na prisão. ―

― O quê? ― Brendan franziu a testa ― Tem certeza? ―

― Sim, recuperamos os relatórios médicos. ―

― Quando ela ficou cega? ―

Brendan deu um suspiro quando seu detetive falou a data. Precisamente, a mesma que Deirdre tinha informado ao médico, quando fizeram a consulta para saber se era possível reverter a cegueira. Na época, porém, Brendan reagiu com desdém e sarcasmo e teimosamente pensou que Deirdre estava falando bobagens. Brendan até repreendeu Deirdre e disse que era tudo culpa dela, antes que ela pulasse da janela.

O homem, de repente, sentiu uma dor intensa no peito e como se o coração não quisesse mais bater. Então, sentiu dificuldade para respirar.

Ele não conseguia acreditar que havia sido mantido no escuro e não tinha ideia de como Deirdre estava desesperada. Ele pensou que a havia protegido bem, mas nem sabia sobre a cegueira e sobre nenhum daqueles acontecimentos.

Brendan apertou o aparelho com força e seus olhos encheram de lágrimas. Ele finalmente entendia por que Deirdre o culpava por tudo e o odiava tanto que preferia morrer do que conviver com ele.

O monstro sentiu que estava à beira de um ataque de nervos, mas antes, ele tinha que tirar essa história a limpo, por isso, virou para seu segurança e disse:

― Traga Steven aqui! ―

O brutamontes ficou tão impressionado com a aura intimidadora de Brendan que seu rosto empalideceu. No entanto, ele ligou imediatamente para Steven ao receber o pedido. Assim que o homem chegou, antes mesmo de dizer qualquer coisa, Brendan o nocauteou, sem nenhuma piedade.

Charlene, que acabara de voltar da doação de sangue e pretendia adotar um ar doce de sofrimento, diante de Brendan, engasgou ao presenciar a cena. A mulher sabia que Steven era como um irmão para Brendan. Não importa o quão sério fosse o problema que Steven causava, Brendan sempre o repreendia e deixava passar. Portanto, ela se perguntou o que poderia ter deixado Brendan tão furioso.

Charlene, de repente, se sentiu desconfortável.

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