Ciclo de Rancor romance Capítulo 523

O policial achou que seria cruel extinguir a esperança de Deirdre, então perguntou, com tato:

―Você tem alguma evidência sólida? ―

― Se eu tenho uma evidência? ―

― Não podemos condenar alguém com base em um único depoimento. Precisamos de mais testemunhas e provas.

― Não conto como testemunha ocular? ―

― Claro que sim, mas como você é cega, a ré poderá facilmente escapar dessa acusação. É realmente difícil fazer um caso sólido se você for a única testemunha. ―

Uma pessoa surgiu na mente de Deirdre e a cor de seus olhos endureceu. Ela apertou os lábios, antes de dizer:

―Eu... eu conheço outra testemunha ocular, mas não sei se ela está disposta a testemunhar. Independentemente disso, estou disposta a tentar. Você pode me ajudar a convocar essa pessoa? Depois falo com ela a sós. ―

Maeve O'Keefe foi levada para a delegacia, pouco depois. Apesar de sua expressão aparentemente calma, segurava a barra da saia com força, como se tivesse previsto que as coisas chegariam àquele ponto. Uma policial a escoltou até uma sala de interrogatório, onde Deirdre já esperava.

A mulher mais velha quase não conseguiu reconhecer a jovem, mesmo quando se sentou em frente a ela. O rosto de Deirdre estava quase totalmente curado e se alguém olhasse por cima das cicatrizes, seria sugada por sua beleza estonteante.

De repente, a inveja maliciosa de Charlene, assim como todos os outros esquemas que a mulher havia inventado, apenas para apagar a existência de Deirdre, fizeram sentido.

Na verdade, Maeve estava feliz por ver Deirdre bem e ilesa. Sentando-se em frente a ela, ela disse cautelosamente:

― Dee... minha querida. ―

Deirdre olhava com uma expressão tranquila, para a mesa, até que, erguendo a cabeça, perguntou:

― Sua filha está segura? ―

Maeve congelou. Um momento depois, percebeu que Deirdre perguntava sobre o sequestro de sua filha e seus olhos lacrimejaram.

― Sim! Graças a Deus, ela está segura! ―

Maeve só soube que sua filha nunca estivera em perigo, depois de muito tempo. Como ela poderia saber que sua filha entraria em um esquema com Charlene e fingiria estar em perigo, somente para conseguir algum dinheiro?

Envergonhada, Maeve acrescentou:

― Eu não pensei que você estaria preocupada com ela ou comigo, Dee. Eu pensei... eu pensei que você nunca mais iria querer me ver. ―

Deirdre fechou os olhos e controlou a respiração:

― Você não quis me colocar em perigo, não é? ―

― Você sente pena de mim? Bem, para ser justa comigo, eu deveria ter contado às autoridades que você é uma das cúmplices, mas não contei. Porque preciso da sua ajuda. ―

A ansiedade atormentava a mente de Maeve.

― O quê? ―

― Eu preciso que você testemunhe contra Charlene. ―

― Como!? ― A mulher mais velha gritou. Ela apertou as mãos com tanta força que suas unhas ficaram brancas. ― Dee... você... ―

Deirdre a interrompeu.

― Não me decepcione mais, Senhora O'Keefe. Quero ver Charlene receber o castigo que já era devido a ela, há muito tempo. Ela não pode mais fugir da justiça. ―

Ela estava olhava para Maeve sem quebrar o contato visual.

― Este não é um pedido que você pode aceitar ou rejeitar. Isto sou eu dando a você uma chance de se redimir. Esta é sua única chance de fazer a coisa certa e fazer o certo por si mesma, se você realmente sente muito pelo que fez para mim. ―

Maeve encontrou o olhar de Deirdre pela primeira vez. A jovem costumava ser muito mansa para se defender, mantendo-se em tão baixa consideração que aceitava toda dor em silêncio. Mas Deirdre tinha amadurecido e se tornado uma mulher forte e corajosa.