Deirdre parou de falar e fechou os olhos, deixando uma lágrima involuntária escorrer.
Percebendo que tinha sido muito duro, Brendan se explicou, dizendo:
― O que eu quis dizer é que vocês são pessoas diferentes. Não adianta se comparar a ela. ―
Deirdre permaneceu tão quieta quanto antes. Mas, Brendan reparou nos lábios secos e rachados da jovem e se levantou para pegar um copo d'água para ela.
― Não durma ainda. Beba a água, antes de descansar. ―
Mas, chateada, Deirdre virou o rosto para o lado:
― Não. Eu quero descansar. ―
― Claro. Tudo bem, mas, depois de beber a água. ― Brendan empurrou o copo de água para ela e a jovem se recusou a beber. Os dois começaram uma pequena briga besta e o copo caiu no chão, se espatifando.
Brendan ficou furioso:
― Deirdre! Por que você está fazendo isso? Ignorei sua tentativa de suicídio sem fazer nenhum comentário. No passado, eu nunca teria deixado você escapar! Você ainda é ingrata, mesmo depois de tudo isso? Você só vai se comportar quando eu forçar a bebida na sua garganta!? ―
A gola de sua blusa estava molhada e os lábios de Deirdre tremiam. Ela estava com tanta dor que se recusou a beber; um gole de água seria uma agonia para ela. Mas, ela sabia que Brendan não ficaria convencido, mesmo que ela se explicasse, então parou de falar completamente.
O homem ficou exasperado. Ele queria dizer algo, mas se conteve. Então, saiu da sala, com passos largos, fechando a porta atrás de si.
O vento forte soprou no rosto de Deirdre, no exato momento em que a porta foi fechada. Então, ela enrolou o corpo sob o cobertor e fechou os olhos, em letargia. Ela sabia que Brendan estava furioso, mas isso não era mais importante para ela. Ela não podia mais ser afetada pelo humor de Brendan porque a dor e a letargia em seu corpo a dominaram. Suas pálpebras ficaram pesadas lentamente, e ela adormeceu novamente.
Ela perdeu a noção do tempo até que finalmente acordou e ouviu o som de passos ao lado dela. Ela abriu os olhos e perguntou:
― É você, Brendan? ―
A pessoa ficou quieta por um momento. Mas, acabou dizendo, em uma voz alegre:
― Olá, Senhora McQuenny. ―
A voz desconhecida acabou deixando Deirdre em estado de alerta e ela perguntou, tensa:
― Quem é você? Por que está no meu quarto? ―
― Por favor, acalme-se, senhorita. Sou o cuidador contratado pelo Senhor Brighthall. ―
― Cuidador? ― Deirdre franziu as sobrancelhas, ainda sentindo uma energia estranha no ar.
Antes que ela pudesse pensar, o homem disse:
― Sim. E é ótimo que você esteja acordada agora. Seu remédio já foi preparado e você pode continuar dormindo, depois de tomar os comprimidos. ―
Um copo de remédio foi levado para perto dela, exalando um odor medicinal intenso e penetrante. Então, um arrepio passou pelas costas de Deidre.
― Você não é um cuidador! Quem é você? ―
Ela queria derrubar o copo de remédio, mas a outra pessoa empurrou sua cabeça para baixo e colocou o copo contra seus lábios, derramando o conteúdo em sua boca à força.
Deirdre lutou desesperadamente, mas líquido desceu por sua garganta. Um momento depois, sua garganta começou a doer como se ela tivesse engolido vários objetos pontiagudos.
A outra pessoa imediatamente fugiu ao perceber a situação, enquanto o rosto de Deirdre ficou pálido de dor. Ela se inclinou sobre a cama na tentativa de cuspir.
Um segundo depois, Sterling abriu a porta e encontrou Deirdre jogada para o lado da cama, com o rosto pálido. Ele se aproximou dela com pressa.
― Dee! Dee! O que aconteceu com você? ―
― Veneno... Minha boca... ―
Deirdre só conseguiu pronunciar três palavras antes de suas costas ficarem encharcadas de suor pela dor. Suor frio escorria por seu corpo e sua voz estava rouca além do reconhecimento.
'Alguém está realmente tentando me calar pela eternidade!'
Sterling imediatamente verificou sua boca, ao ouvir o comentário e percebeu que seu interior estava completamente inchado.
― O que aconteceu? O que você tomou? ― Sterling ficou ansioso, preocupado que a voz da jovem fosse destruída, a julgar pela reação na garganta.
Deirdre já havia perdido a visão, então se ela perdesse a voz, o que seria dela?!
Seu rosto ficou terrivelmente pálido e ele se inclinou para perto dela, para examinar seus sintomas.
Brendan abriu a porta e entrou na sala. Deirdre estava deitada na cama enquanto Sterling estava inclinado sobre ela. Do ponto de vista de Brendan, eles estavam se beijando.
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