Ciclo de Rancor romance Capítulo 58

Deirdre disse, com a voz trêmula:

― Alguém mais me odeia tanto quanto ela? ―

Antes mesmo de refletir, por um segundo que fosse, assim que a jovem fez o comentário, assumindo uma postura de incredulidade, Brendan respondeu, reativo:

― Acho que você está sofrendo de paranoia. Isso é mania de perseguição! Ela é uma pessoa muito gentil, como poderia odiar você?! Além disso, ela nunca falou mal de você para mim. Você acha que ela tem um motivo para colocá-lo em perigo? ―

'Um motivo? Ela não tem uma centena de razões para fazer isso? Fui eu quem salvou Brendan! É óbvio que Charlene quer me calar por toda a eternidade para garantir seu lugar no coração de Brendan, para sempre!'

Deirdre queria dizer em voz alta, mas reprimiu a vontade de falar. Ela pensou em como era tolice ter a audácia de suspeitar de Charlene, quando o amor de Brendan superava qualquer outra coisa.

'Agora que tentei o suicídio serei, para sempre, considerada uma incapaz que não sabe nem o que é melhor para mim mesma.'

A jovem preferiu não falar mais nada, apenas fechando os punhos, para ajudar a conter a vontade de gritar.

Brendan não pôde deixar de franzir as sobrancelhas, ao ver os punhos fechados de Deirdre. Ele se sentiu bastante agitado, afinal, em um ponto a jovem estava certa, ela tinha sido vítima de um ataque, por isso, disse:

― Não se preocupe. Eu vou investigar isso a fundo e não vou deixar ninguém escapar, não importa quem seja essa pessoa. ―

Deirdre fechou os olhos e se recusou a ouvir mais. Era a primeira vez na vida em que Brendan se sentia impotente e incapaz de extravasar a raiva que lhe enchia o peito. Por isso, sentindo que explodiria, como uma panela de pressão, o monstro saiu, batendo a porta atrás de si.

Então, se aproximou de Sam e falou com sua habitual voz fria:

― Guarde a porta corretamente, desta vez. Se qualquer coisa acontecer com Deirdre, eu vou acabar com a sua raça, não importa a desculpa que você me der. ―

― Sim, sim, claro! Não se preocupe, Senhor Brighthall! ―

Saindo do hospital, Brendan foi diretamente para a empresa. A filmagem de vigilância já havia sido examinada minuciosamente, mas ninguém mais havia estado em seu escritório além de Charlene. Por isso, ele ligou para a mulher e avisou para que ela voltasse para a sede do Grupo Brighthall.

Brendan estava parado diante da janela, que ia do chão ao teto, quando Charlene foi empurrada para dentro do escritório, em uma cadeira de rodas.

Os olhos de Brendan eram escuros e obsidianos. Pareciam conter uma galáxia inteira em seu interior. Seu perfil era cinzelado e se fundia engenhosamente com os raios do sol poente. Sua figura era bem proporcionada, como a de um modelo fotográfico e ele usava um terno feito sob medida. O homem possuía uma perfeição física admirável, capaz de hipnotizar e atrair olhares por onde passava.

Desde a primeira vez que Charlene viu Brendan, quando ainda trabalhava como enfermeira, tinha ficado tão impressionada que jurou fazer qualquer coisa para conquistar o homem, com quem ficaria para o resto de sua vida. Por isso, ela jamais permitiria que Deirdre ameaçasse seu juramento.

― Brendan... ― Charlene o chamou suavemente, com um sorriso no rosto ― você queria me ver? ―

O homem virou o rosto e seus traços faciais, que haviam sido iluminados pelo suave pôr do sol, foram engolfados pela escuridão. Ele caminhou até a mesa com uma expressão indiferente, emanando uma presença avassaladora e sufocante:

― Fui eu quem pensou que você queria me ver. ―

― O quê? ― Charlene tinha uma expressão inocente no rosto ― O que você quer dizer? ―

― Eu pensei que você tinha vindo ao meu escritório, quando eu estava em uma reunião. Mas, você não me esperou. Por que saiu? ―

― Oh, é disso que você está falando... ― Charlene soltou uma risada forçada ― Sua mãe não tem estado muito bem recentemente, não é? Ela está sempre reclamando de dores nas costas. Eu ouvi de um amigo sobre um quiroprático maravilhoso que possui uma clínica na West Street, então eu estava planejando encontrar o quiroprático com você. No entanto, percebi que você estava ocupado, então fui sozinha. ―

― Isso é tudo? ― Os olhos de Brendan escureceram e não havia como dizer qual era seu humor.

A expressão de Charlene endureceu por um momento:

― O que está acontecendo, Bren? Sinto como se você tivesse algo a me dizer. ―

O olhar de Brendan estava contaminado com um mau presságio:

― Algo ruim aconteceu com Deirdre. ―

― O quê? ― Charlene ficou atônita, como se não soubesse da situação. Então, perguntou, apressadamente ― O que aconteceu? Ela está bem? ―

― Alguém invadiu o quarto dela e tentou silenciá-la, com veneno. Se Sterling não tivesse aparecido em tempo hábil, Deirdre teria ficado muda. ―

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