Ciclo de Rancor romance Capítulo 62

Depois de chegar naquela conclusão, Deirdre teve vontade de rir.

― Você vai dizer que eu a estou acusando injustamente. Tudo bem então. Estou muito cansada. Acho que você deve ir embora. ―

'Lá vamos nós, de novo...' Brendan estava furioso. ‘Eu já não fiz o bastante por ela? Chamei Charlene para meu escritório e a interroguei, mesmo sem provas. Mesmo sendo a pessoa por quem mais sinto afeto, duvidei dela por causa de Deirdre. O que mais ela quer que eu faça?’

― Não force a barra, Deirdre. Foi uma pena não ter conseguido impedir o ataque. Mas, você deve culpar a mim, por isso, não a Charlene! ―

Deirdre riu em autoironia.

‘Como eu poderia querer culpar alguém? Não posso culpar ninguém porque sou apenas uma pessoa cega e impotente.'

Deirdre não queria mais falar, então fechou os olhos e puxou o cobertor para descansar.

Brendan saiu com raiva, depois de ser ignorado por Deirdre. Quando abriu a porta, com um estrondo, e saiu batendo os pés, sua partida assustou Sam. O empresário era emocionalmente instável, com mudanças de humor extremamente drásticas.

Depois desse incidente, Brendan demorou muito para reaparecer, mas acabou, de fato, contratando uma cuidadora para Deirdre.

A cuidadora gostava muito de ler jornais de tabloides, quando estava livre, e além de deixar Deirdre em dia com os acontecimentos do mundo, também atualizava sobre o paradeiro de Brendan. Ele frequentava bailes de caridade com Charlene e fazia viagens de trabalho, com a companheira sempre ao seu lado.

Normalmente, Deirdre ficava alheia, mas um dia, com a paciência limitada, ficou irritada e falou:

― Você não precisa me contar nada sobre ele. ―

A cuidadora ficou atordoada com o tom frio e áspero, então inventou uma desculpa para ir embora e saiu descontente. Talvez, tenha achado Deirdre ingrata e pensado que era esnobe da parte dela ter um acesso de raiva, apesar de ser uma pessoa cega e desfigurada.

Deirdre fechou os olhos de cansaço, sentindo os pensamentos se misturarem lentamente, conforme o sono se aproximava, a envolvendo lentamente, mas, quando começava cochilar, alguém abriu a porta.

O som de cliques no azulejo ecoava por toda a sala, deixando claro se tratar de alguém de saltos-altos. Deirdre virou o rosto na direção da porta, com uma expressão desagradável:

― É você, Charlene? ―

Ela estava certa e Charlene riu, sem tentar esconder sua identidade:

― Sim, sou eu. Sei que Brendan não tem prestado atenção em você, nos últimos dois meses. Como eu não aguentava mais de curiosidade, estou aqui para ver como você está. Como vai você? ―

‘Ver como estou? Charlene está realmente me checando, mas não é para ver como estou, mas para me ver fazendo papel de trouxa.’

― Pare de fingir, Charlene. Nos poupe dessa encenação. Se você realmente se importasse comigo, não teria enviado alguém para me envenenar. ―

Charlene gritou:

― Caramba, Deirdre! Deixa essa história para trás! Você não tem mais o que fazer da vida? Nós investigamos este incidente e encontramos a culpada. Ela já foi tratada de acordo com a lei. ―

― Brendan foi o único que acreditou em sua mentira grosseira, Charlene. Eu sinto muito por quem quer que seja a azarada que você responsabilizou por seu crime! Quem mais no mundo teria interesse em me deixar muda? Tenha um pingo de dignidade e liberte o bode expiatório. ―

Charlene sorriu de alegria e foi até Deirdre. Então, olhou para os dois lados, para ter certeza de que estavam à sós, inclinou o corpo sobre o de sua rival e murmurou:

― Sim, eu realmente encontrei um bode expiatório, mas o que você pode fazer sobre isso? Se Brendan acreditasse em você, você não teria sido reduzida ao que é agora. ―

Deirdre ficou sem palavras. A verdadeira natureza de Charlene era óbvia, mas Brendan ainda optava por ignorá-la. Ele estava realmente cego de amor, assim como a própria Deirdre havia estado, no passado.

― Por quê? ― Deirdre cerrou os punhos com força. Ela ainda podia se lembrar da dor que sentiu quando o veneno foi forçado a descer por sua garganta, embora ela já estivesse totalmente recuperada ― Eu já estou nesse estado lamentável, mas, mesmo assim, você não me deixa em paz! ― A jovem cerrou os punhos com tanta força que suas unhas cravaram em sua carne.

‘Sim, mas mesmo neste estado lastimável, horrível e repugnante, ainda consegue cativar o coração de Brendan' pensou Charlene.

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