Depois, que Charlene foi levada por Sam, Brendan voltou para o quarto e encontrou Deirdre sentada na cama, concentrada em seus pensamentos. Mas, quando ouviu o barulho da porta, tomou um pequeno susto, mas falou, ansiosa e animada:
― Quando você vai me levar até minha mãe? Eu... eu sinto muita falta dela... ―
Talvez, A jovem tivesse reprimido suas emoções, mais cedo, por não querer mostrá-las a Charlene, mas se sentia muito ansiosa ao pensar na mãe e era como se esse sentimento ruim só fosse passar quando ela encontrasse Ophelia, em carne e osso.
― Eu disse a você que ela está recebendo tratamento no exterior. Vamos precisar de algum tempo para fazer os arranjos, mesmo que você queira encontrá-la. Você acha que é tão simples? ― Brendan estava respondendo contra sua consciência, então, falou em um tom bastante áspero.
Deirdre presumiu que ele não gostava de ser questionado, então ela assentiu e disse em tom gentil:
― Não se preocupe, Brendan. Não é que eu não queira me divorciar. Só estou preocupado que você não me deixe mais ver minha mãe depois do divórcio. Irei ao tribunal com você assim que a reencontrar. Não quero a posição de Senhora Brighthall. ―
Ela falou de maneira lisonjeira, talvez para motivar Brendan a trazer Ophelia mais cedo, mas, sua observação, fez os olhos escuros de Brendan ficarem frios instantaneamente.
O homem cerrou os punhos até que os nós dos dedos ficaram brancos. Ele não queria que Deirdre percebesse as emoções controversas que ele sentia.
― Vamos. ―
Deirdre tirou o cobertor e saiu da cama. Ela estava quase totalmente recuperada depois de três meses. Ela calçou os sapatos e, sem dizer nenhuma palavra, tateou o caminho da cama até a porta. Ela não pediu para Brendan ajudá-la, durante o processo.
Entretanto, ao ver a jovem fazer aquele voo livre, Brendan ficou exasperado e estendeu a mão para segurar a dela. A mulher ficou atordoada por um momento, enquanto Brendan disse, em tom de zombaria:
― Nem pense que estou tratando você bem. Só não quero perder meu tempo com uma pessoa cega. ―
― Ah ― Deirdre riu. Ela estava bem ciente de que ele tinha um impulso incontrolável de zombar dela, sempre que tinha uma chance.
A dupla entrou no elevador, atraindo olhares inusitados dos transeuntes pelo caminho. Principalmente porque sua vibração de 'a bela e a fera' era surpreendente. Afinal, eles andavam com os dedos entrelaçados, o que era um sinal aparente de que tinham intimidade.
Quando chegaram à saída, Sam aguardava encostado na porta do carro e percebendo que Brendan e Deirdre se aproximavam, apagou o cigarro e o jogou na lata de lixo. Então, se aproximou deles e disse:
― Senhor Brighthall! ―
Seu olhar se deslocou para Deirdre, e ele teve dificuldade em decidir como se dirigir a ela. Ele havia descoberto recentemente que Deirdre e Brendan eram legalmente casados.
― Senhora? ―
Deirdre ficou chocada com o termo, aquele homem costumava tratá-la muito mal, pouco tempo atrás.
Brendan também foi pego de surpresa, mas então franziu as sobrancelhas.
― Quem lhe deu permissão para se dirigir a ela dessa maneira? ―
Sam estava encharcado de suor frio ao pensar que sua bajulação havia falhado:
‘Eu não deveria tê-la chamado de ‘senhora’, bastava tê-la ignorado, como sempre. No entanto, é tão evidente que Brendan trata Deirdre de uma maneira diferente que até mesmo uma pessoa cega pode ver.'
― Eu... sinto muito, Senhor Brighthall. ―
Brendan afastou a mão dela, com um sorriso de escárnio:
― Ela não merece ser tratada como madame. Não pense bem dela. Ela é apenas uma mulher vulgar qualquer. ― E ao dizer isso, entrou primeiro no carro.
Deirdre zombou e acrescentou:
― Sim, não pense muito bem de mim. Não mereço ser a Senhora Brighthall. Você pode apenas me chamar pelo meu nome. ―
Sam assentiu, com suor ainda escorrendo pelo rosto. Deirdre tateou o caminho tocando o carro e se afastou do banco de trás, onde Brendan estava, indo para o banco do passageiro, ao lado do motorista.
O segurança podia sentir o olhar ardente atrás dele durante a jornada e a raiva intensa no ambiente ao redor. Parecia sufocante.
Quando finalmente chegaram ao destino, Sam levou Deirdre para a sala de estar e saiu com pressa. Antes de subir as escadas, Brendan falou, com desdém.
― Venha para o quarto. ―
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Ciclo de Rancor