Ciclo de Rancor romance Capítulo 727

Eilis se sentiu um pouco envergonhada. Mas, como a culpa era dela, perdoou Charlene por seus comentários rudes e sorriu.

― Sinto muito por isso, menina. Você estava parada atrás de mim, então não te vi. ―

― Você não me viu? Você está dizendo que eu mesma esbarrei no seu cotovelo de propósito e permiti que você me batesse? Como existe a possibilidade de você não ter me visto? ― Charlene insistiu. Ela apontou para uma lojista e disse: ― Apresse-se e tire essa coisa velha deste salão! Você não consegue sentir o cheiro do corpo dela? Tenho certeza de que a casa dela deve ser um depósito de lixo. Eu não posso acreditar que vocês estavam dispostas a atender isso. Vocês não estão preocupadas que ela possa espalhar seus vírus e a bactérias para outras pessoas? ―

O rosto de Eilis empalideceu, quando ouviu o comentário áspero que Charlene fazia sobre ela. Ela havia feito as roupas de seu corpo com as próprias mãos e, mesmo que estivessem um pouco gastas, ela as tirava e as lavava quando sujavam, para que não houvesse manchas e nenhum sinal de sujeira.

― O que você está esperando? ― Charlene zombou friamente. ― Saia logo daqui. ―

Antes que Eilis pudesse dizer qualquer coisa, uma voz feminina e calma soou a alguns metros de distância deles.

― Existem bactérias no ar, quanto mais nos corpos humanos. Se acha que um lugar cheio de bactérias não é lugar para você, sugiro que vá a um vulcão. Afinal, nenhuma bactéria pode sobreviver em um lugar tão quente. ―

Charlene ficou atordoada quando ouviu a voz. Ela levantou a cabeça e, quando viu Deirdre, um sorriso desdenhoso apareceu em seu rosto.

― Ora, ora, quem eu vejo aqui? Como você tem passado, Deirdre? ―

Tobey franziu a testa.

― Deirdre, você a conhece? ―

― Claro que eu a conheço. Não apenas isso, como também somos velhas amigas. ― Charlene riu. ― Por que você não me disse que ela é sua amiga, Deirdre? Se você tivesse me contado antes, eu certamente não teria ficado com raiva dela. Afinal, pássaros da mesma pena voam juntos. É normal que essa mulher faça essas coisas se ela for sua amiga. ―

Qualquer um com ouvidos seria capaz de discernir o que Charlene estava insinuando. Tobey não aguentou mais, mas quando deu um passo à frente, Deirdre o parou e disse, ainda com a voz tranquila:

― Isso não é algo de que você deva se orgulhar, então é melhor guardar para si mesma. Afinal, você quer se juntar às pessoas em companhia educada, não é? ―

Charlene se acalmou e lançou um olhar de mil adagas na direção de Deirdre. Nem se lembrava mais do momento exato, mas já faziam incontáveis anos desde que começou a odiar Deirdre, do fundo de sua alma. Se não fosse pela sorte, ela não teria chegado ao fogo primeiro e salvado Brendan. Ela a odiava por sua aparência, temperamento e compostura calma. Parecia que Deirdre era melhor do que ela em todos os aspectos possíveis. Mesmo agora, depois de ter caído em desgraça, ela ainda tinha uma língua afiada.

No entanto, pensou em algo e um sorriso cruzou seu rosto.

― Sim você está certa. Não gosto de me comparar com pessoas da sua laia, afinal, sempre fui perfeita aos olhos de Brendan. Ele me ama tanto que está disposto a... ― Ela fez uma pausa no meio da frase e disse, com um sorriso nos lábios: ― Aliás, Cruz não te machucou, certo? ―

Por um momento, as pupilas de Deirdre se contraíram. Ela foi dominada por uma torrente de emoções confusas e todos os nervos de seu corpo se tornaram rígidos enquanto era assaltada por onda após onda de dor.

A risada barulhenta do homem, a maneira como ele a tratou como um objeto e como se fosse uma prostituta barata... Tudo o que aconteceu naquela noite a deixou tão mal que ela se recusava a se lembrar.