Não era do feitio de Brendan fugir de uma conversa difícil. Então, ele se aproximou de Madame Brighthall e disse:
― Você sabe o que aconteceu com ela? ―
Somente a lembrança do fato já foi o suficiente para fazer o sangue de Brendan ferver, mas o homem suprimiu a raiva, para contar:
― Quando a encontrei, ela tinha sido drogada e vestida para ser estuprada por uma pessoa qualquer! O afrodisíaco que usaram nela danificou seu sistema digestivo o suficiente para que sua vida ficasse por um fio. Ela acabou de sair do pronto-socorro, mas ainda está inconsciente! ―
― O quê?! ― Madame Brighthall gritou, e então cobriu o rosto com as mãos, em descrença ― Como isso...? Não é possível! Quem cometeria tal atrocidade? Vivemos na barbárie! ―
O homem respirou fundo:
― Só porque não sabemos que essas coisas acontecem, não significa que não temos culpa quando somos responsáveis por deixar a vítima vulnerável. ―
Madame Brighthall franziu as sobrancelhas e ergueu o rosto:
― Ah, então é isso? Você está procurando alguém para crucificar, não é? E para você, fui eu quem causou tudo isso, certo? ― Ela retrucou ― como se não fosse aquela mulher quem estragou seu relacionamento com Charlene! Como se não fosse ela quem quebrou a perna de Charlene! Que tipo de atitude você exige que eu assuma diante de alguém assim, hein? Devo beijar as costas da mão dela? Reverenciá-la? Providenciar que alguém compre uma casa de luxo para ela e contrate uma comitiva de enfermeiras depois de me despedir dela? ―
Brendan se sentiu muito cansado:
― Há algo que você precisa saber, mãe. A verdade é que Deirdre é quem você... ―
― B-Bren! ― Charlene deixou escapar, em pânico, e com a voz tremendo.
‘O que ele vai fazer? Contar a Madame Brighthall a verdade sobre o casamento? Ele enlouqueceu?! Não ocorreu a ele em que tipo de perigo ele me colocaria com essas... ações insanas?!’
Charlene empurrou todo o seu terror para o fundo de sua mente e externamente, ela fingiu desânimo:
― Se você está procurando alguém para culpar, Bren, culpe a mim, está bem? Foi minha culpa por não ter parado Deirdre quando deveria. Foi tudo minha culpa. Eu não deveria ter me colocado entre vocês dois! ―
― Oh, Charlene, coitadinha! Pare com isso. Não é sua culpa ― Madame Brighthall arrulhou, soando com o coração partido. Ela se virou para Brendan e lançou um olhar furioso:
― Está bem! Vou assumir a culpa pelo que aconteceu com a jovem. Mas, isso não o absolve de seus vícios, hein? Devo lembrá-lo do que aconteceu? Charlene salvou você do incêndio. Achei que a compensação monetária seria suficiente, mas você insistiu nessa relação. Você trouxe Charlene para minha casa em uma tentativa de me fazer aceitá-la. E então eu fiz. Dei minha bênção e tratei Lena como minha nora... E depois, o que aconteceu? Você só tinha que puxar ao seu pai caloteiro! Você se lembra que ele abandonou a esposa e o filho? Você se lembra que ele passava o tempo com todo tipo de mulher por aí?! ―
Madame Brighthall sempre foi graciosa e equilibrada, mas os pontos de sua ferida emocional mais profunda se abriram, e ela começou a tremer.
Brendan se sentia genuinamente cansado:
― Não há nada de errado comigo, mãe. Não há motivo para se estressar porque é impossível me separar de Lena. ―
― Bem, se você valoriza tanto o que tem, então encerre seu relacionamento com a outra e nunca mais a veja! ―
― Sem chance. ― Brendan retrucou.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Ciclo de Rancor