POR Sophia Carson.
Recostada na cabeceira da cama, ouvi as vozes do corredor invadir em tom diminuto o quarto. Passei a prestar a atenção e até mesmo torci o nariz por estar sendo contrariada.
Eu simplesmente disse que estava bem, enquanto que Samuel me desacreditava ante o doutor, que a poucos minutos atrás me tinha examinado. Eles conversavam e o CEO tratava de convencê-lo a me convencer para que eu aceitasse a internação.
Como uma criança brava por estar sendo forçada a ir a um lugar que não gosta, me angustiava antes mesmo de uma resposta médica sobre o assunto.
— Em todo caso, não creio que seja necessário. Apenas o repouso e os analgésicos devem ser suficientes. — Ouço o doutor dizê-lo.
— Eu discordo... — Samuel já começava a falar novamente.
Tinha de interrompê-lo, do contrário, sofreria uma internação completamente desnecessária.
— Sam!! — Gritei em uma chance de distraí-lo.
Como se sobrepassasse as barreiras do tempo e espaço, Samuel se plantou ao meu lado, revisando-me como se algo tivesse me passado.
— Calma. — Pedi depois dele quase me pegar no colo.
Se pudesse adivinhar, Samuel estava remoendo alguma coisa, pois nunca mostrou-se tão alterado quanto preocupado.
— Você está bem?
— Por quê está perguntando isso? A paciente não é você? — Ele Questionava-me de volta, mas com certeza se esquivando.
— Sam, vou falar pela última vez. — Respirei fundo, recolhendo o restante da paciência que me restava. — Eu estou bem.
— Mas Soph...
— Mas nada. — Disse o interrompendo. — Mande o doutor ir embora, deixo-o dormir, já é madrugada. — Falo em tom de ordem e o maior parece não retrucar.
— Mas se sentir qualquer coisa...
— Sim, eu aviso. — Digo já sabendo o fim da frase.
Não poderia ser simplesmente "sim, porque sim". Então algo me dizia que precisava fazer com que o CEO se abrisse de uma vez por todas.
Samuel havia descido para acompanhar o doutor até a porta, e quando ouvi seus passos já perto da porta, achei que poderíamos por fim chegar a conversar.
Antes mesmo de entrar, o som dos sapatos de couro tocando sua sola ao chão, cessou.
— Como pode ter achado que eu a machucaria? — A pergunta surgiu de uma voz feminina.
Amélia, mãe de Samuel. Ela havia se apresentado mais cedo, quando eu e Seth vínhamos entrando acompanhados do taxista que ao fim se revelou ser um funcionário.
Sua voz trazia certo ar de injustiça, mas Samuel logo a respondeu, me deixando boquiaberta.
— Para quem matou minha irmã, ferir Sophia poderia não ser nada.
— Pode me culpar o quanto quiser, sua irmã era fraca, não fui eu quem a empurrei da janela e você sabe que ela quis se matar desde o começo. — Ela se pronuncia e então tudo se cala.
Não se ouviu nada por um tempo além dos sons de passos se dissipando. Então alguns minutos se passam e a maçaneta é girada.
Samuel adentra o quarto, se deita a cama e me abraça como na vez em que o apoiei.
— Samuel, eu estou aqui se quiser conversar...
— Eu sei, mas não quero. — Ele responde afundando seu rosto em meu pescoço.
Posso sentir sua respiração pesada em minha nuca, seus braços passam a me rodear e um beijo é dado em meu ombro.
— Samantha, era minha irmã e a única com quem eu realmente tinha uma boa relação nesta casa. E se não fosse fato de minha mãe ignorá-la, com certeza ela não iria ter se suicidado tão jovem.
— É por isso que quer distância dela? — Questionei alisando seus cabelos.
Ele assentiu e suspirou, parecendo ter cansado da mãe.
— Lembre-se que prometemos estar juntos. Estou aqui para você. — Acariciei seu rosto com meu polegar.
Ele fitou-me por um momento e assentiu outra vez, mas sem o suspiro, dessa vez um selinho alcançou meus lábios e o abracei.
A luz da manhã cega-me dolorosamente os olhos, estou com os ouvidos zumbindo e não vejo Seth ou Samuel.
Apenas passo a fazer a higiene básica, troco meu absorvente feliz pelas dores e cólicas terem diminuído.
— Novo dia... — Sussurro a mim mesma, me animando com meu sorriso refletido no espelho a frente.
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