Depois da Tempestade, Chegou Meu Sol romance Capítulo 38

Quarenta minutos depois, Késia desceu as escadas.

Seus longos cabelos negros estavam presos de maneira simples e elegante no topo da cabeça com um grampo de madeira enfeitado com esmeraldas. Seu rosto não tinha maquiagem, a pele era extremamente clara, apenas um pouco de batom dava cor aos lábios. O vestido verde-água, no estilo tradicional, realçava ainda mais sua silhueta delicada e etérea, conferindo-lhe um ar quase celestial, com uma beleza que emanava da simplicidade.

O motorista que veio buscá-la ficou por um instante surpreso, mas logo retomou o controle, desviando o olhar e abrindo a porta traseira do carro para Késia.

O jardim da família Castilho não ficava próximo à mansão; quando o carro chegou ao destino, já era entardecer, e o céu estava tomado pelos tons dourados do crepúsculo.

Késia desceu do carro, justamente quando o carro de Arnaldo vinha do lado oposto. Ele a viu parada à beira da estrada, a brisa da tarde balançava a saia do vestido, e ela permanecia ereta e graciosa, como uma flor de lótus recém-desabrochada em seu auge.

Arnaldo tocou a buzina brevemente, o som fez com que Késia, instintivamente, voltasse o rosto em sua direção.

As nuvens coloridas do pôr do sol serviam apenas de fundo para ela, cuja beleza parecia irradiar luz própria.

Arnaldo semicerrava os olhos, tomado por lembranças.

De repente, ele recordou-se dos tempos de escola, quando Késia o esperava na entrada. Naquele dia, ela vestia o uniforme de verão, blusa branca e saia clara, com o cabelo preso em um rabo de cavalo. O vento fazia ondular sua saia, e ela permanecia ali, o rosto delicado de adolescente já transmitindo uma frieza que não combinava com a idade.

Só quando o avistava, o olhar de Késia se iluminava; debaixo do pôr do sol, ela gritava o nome dele com alegria e acenava entusiasmada, emanando vitalidade e vivacidade.

Todos que passavam não podiam deixar de notar a presença dela, mas nos olhos de Késia só existia ele.

Arnaldo não pôde negar que, naquele instante, de certa forma, sua vaidade fora profundamente satisfeita por Késia.

Pensou que, se Késia continuasse obediente como sempre, por mais dez anos, não seria relutante em deixá-la ocupar o lugar de Sra. Castilho.

Arnaldo abriu a porta e saiu do carro.

No banco de trás, Ricardo já havia tirado o cinto de segurança e descido primeiro, estendendo a mão para ajudar Vânia a sair.

Késia, mantendo a postura de cega, observava as duas crianças correndo em sua direção, esforçando-se para conter o impulso de abraçá-las.

“São Ricardo e Vânia?” perguntou ela, sorrindo e estendendo a mão.