Késia seguiu de perto o tempo todo, mas quanto mais avançava, mais tudo ao seu redor lhe parecia familiar, até que, diante de seus olhos, surgiu novamente aquela mansão conhecida, o jardim, o gramado... Os passos apressados de Késia diminuíram gradualmente.
Família Cardoso.
Era a antiga casa da família Cardoso, onde ela nascera e passara os momentos mais felizes de sua vida, vinte anos atrás!
Inacreditavelmente, tinham reproduzido tudo exatamente como era!
Késia tremia incontrolavelmente, como se toda sua alma tivesse sido tocada, e o tempo enterrado em suas memórias ressurgisse, vívido e claro diante dela!
Ela tapou a boca, impedindo-se de gritar em choque.
E a figura do avô André estava sentada sob a árvore de tipuana em frente ao portão principal.
Já faziam sete anos... Ele estava muito mais velho, com as costas encurvadas, os cabelos totalmente prateados.
Os olhos dele fixavam-se intensamente em uma direção, na esperança de ver alguém que demorava a voltar para casa...
“É Alzheimer. Sempre que o senhor tem uma crise, ele vem se sentar aqui.” Moisés aproximou-se de Késia, com um pesar infinito na voz. “Qualquer um que se aproxime o agita, só podemos esperar que ele se recupere sozinho, com o tempo.”
Moisés lançou um olhar piedoso para Késia. “O senhor está esperando pela senhora, trazendo a senhorita pequena de volta da escola.”
Késia viu a bala de hortelã nas mãos do avô e, finalmente, as lágrimas correram como chuva.
Alzheimer.
Fazia a pessoa esquecer de si mesma, do presente, mas conservar algumas lembranças antigas e importantes...
“Ei!” A enfermeira viu Késia caminhando em direção ao senhor e tentou detê-la, mas Alfredo a impediu.
Késia aproximou-se devagar e agachou-se diante do avô.
O olhar do idoso, antes perdido, aos poucos se fixou em seu rosto.
“Quem é você?”
Késia chorava copiosamente, lutando contra o coração partido, e respondeu suavemente: “Vovô, sou eu, Késia.”
Mas ele já não a reconhecia.
“Você também se chama Késia? Minha neta também se chamava Késia.” O velho sorriu, olhando para a bala de hortelã nas mãos. “Esta é a bala preferida da Késia, não se encontra em nenhum outro lugar, fui eu mesmo que fiz.”
As lágrimas de Késia caíram pesadas. Ela estendeu a mão: “Me dá uma para eu experimentar? Eu também gosto muito de bala de hortelã.”
O idoso hesitou um pouco, mas colocou delicadamente o doce na palma da mão de Késia. Como a segurava há muito tempo, a bala já começava a derreter sob o papel.
Késia desembrulhou e colocou na boca.
Na ponta da língua, espalhou-se um frescor amargo...

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Depois da Tempestade, Chegou Meu Sol
Boa noite. Estou lendo o livro Depois da tempestade, quando tento comprar aparece uma nota dizendo para tentar mais tarde. Isso é muito incoveniente....