Depois da Tempestade, Chegou Meu Sol romance Capítulo 536

A noite estava profunda como as águas de um rio.

Ao longo das margens do fosso da cidade, inúmeros holofotes iluminavam a orla, tornando-a clara como o dia.

O Sr. Ferro enxugou o suor do rosto.

De repente, ouviu-se o som de hélices vindo a baixa altitude.

O Sr. Ferro ergueu o olhar e avistou vários helicópteros pintados com camuflagem sobrevoando em círculos. Ele se assustou.

“Esses não são... helicópteros militares? O que estão fazendo aqui?”

Ao enxergar melhor o número de identificação, o Sr. Ferro ficou ainda mais surpreso.

Era da família Soares!

Um colega ao lado exclamou, admirado: “A família Soares providenciou helicópteros militares para ajudar nas buscas? Realmente, o Sr. Rodrigues é muito respeitado!”

A explicação parecia razoável.

Afinal, dentre as famílias tradicionais capazes de rivalizar com os Rodrigues em Cidade A, provavelmente só restava a família Soares. Entre esses grandes clãs de prestígio, a cooperação e troca de favores era algo comum.

O Sr. Ferro recompôs-se e incentivou os colegas em alta voz: “Vamos lá, pessoal, força, continuem procurando!”

O Sr. Ferro olhou, preocupado, para o rio turbulento abaixo, onde se escondia uma cachoeira perigosíssima. Se Késia e Demétrio Rodrigues fossem arrastados para debaixo daquela cachoeira, seria praticamente impossível sobreviver em meio à floresta densa e aos rochedos...

Do outro lado, sob o luar.

Na margem da floresta, a luz fria da lua incidia sobre duas silhuetas encharcadas.

“Cof, cof, cof...”

Késia abriu lentamente os olhos, mas tossiu com força ao sentir a água que inundava seus pulmões. Cuspiu várias vezes até recobrar a consciência.

Ela não tinha morrido!

A euforia de ter escapado da morte durou apenas dois segundos. Késia imediatamente se lembrou de Demétrio!

Desesperada, virou-se para procurá-lo e logo, sob a pálida luz da lua, avistou a figura de Demétrio não muito distante.

Tentou chamá-lo, mas o som que saiu foi fraco demais.

Késia se levantou com dificuldade; a roupa encharcada estava gelada e pesada, como uma prisão ambulante sobre seu corpo.

Ela percorreu a curta distância de dez metros em vários minutos, caindo duas vezes no caminho. Suas mãos se feriram nas pedras afiadas, sangrando, o sangue quente.

Foi na dor aguda das feridas que ela se reanimou e, com suas últimas forças, lançou-se ao lado de Demétrio.

“Demétrio...”

Ele estava deitado de olhos fechados, os cabelos molhados colados à testa, o rosto ainda mais pálido à luz da lua, quase translúcido, como se pudesse se desfazer ao menor toque.

Késia entrou em pânico e apressou-se a verificar o pulso em seu pescoço. O batimento era tão fraco que ela mal conseguia sentir.

Sem saber de onde vinha tanta força, Késia pressionou o peito dele e começou a reanimá-lo com massagens cardíacas, fazendo respiração boca a boca.

As lágrimas que Késia acabara de conter agora corriam ainda mais intensas.

“Buá, buá, buá... você quase me matou de susto!”

A mão de Demétrio, que pairava no ar, repousou nas costas dela, que soluçava em seus braços. Ele a acariciou suavemente, tentando acalmá-la.

Ele a provocou, com uma expressão de extrema ternura.

“Se eu soubesse que você choraria tanto, eu nem teria acordado.”

“Cruz credo! Não fale besteira!”

Késia, irritada, pensou em lhe dar um soco, mas ao ver o rosto de Demétrio, não teve coragem.

Ela perguntou, séria: “Quais partes do seu corpo estão machucadas? Consegue andar?”

Ela já havia verificado seus próprios ferimentos; apesar dos muitos cortes, nenhum era profundo.

Késia sabia muito bem que, em meio àquela grande explosão, somada ao impacto de pular do carro e cair no rio turbulento... estar viva e quase ilesa não era obra do acaso, mas graças a Demétrio!

Ele deixara para ela o banco do motorista com airbag, protegendo-a na hora do salto. Mesmo dentro d’água, ele compartilhou o ar com ela e, nos momentos mais críticos, ergueu-a para fora da água para que ela pudesse respirar...

Mas e ele?

Ela nem queria imaginar o quanto Demétrio se ferira...