Depois da Tempestade, Chegou Meu Sol romance Capítulo 585

A foto era bastante antiga, protegida por uma camada de película, de modo que o rosto da mulher ainda permanecia nítido. Késia, de início, não reconheceu a pessoa, mas ao virar a foto, percebeu as palavras escritas no verso.

Era a caligrafia marcante de seu avô, letras desenhadas com destreza, onde se lia: “Amor profundo, sentimento intenso.”

O nome de solteira de sua avó era Tanara Vaz.

Késia deixou o laboratório e foi até o quarto do hospital, onde o ambiente era tomado por um leve cheiro de desinfetante e marcas de chão recém-lavado eram visíveis.

Ela notou que o avô já havia trocado de calças e, assim, compreendeu o que havia acontecido, sentindo o coração apertado.

O avô já estava tão doente que não conseguia mais cuidar de si mesmo.

Se estivesse em pleno juízo, ele, um homem tão orgulhoso, jamais aceitaria chegar ao ponto de precisar de terceiros até para as necessidades mais básicas, perdendo toda sua dignidade…

“Vovô.” Késia se aproximou, abriu com delicadeza a mão já ressequida do avô e colocou a fotografia da avó, ainda jovem, em sua palma.

André, contudo, continuava olhando para fora da janela, sem apresentar qualquer reação.

Késia permaneceu em silêncio por alguns minutos, enxugou discretamente as lágrimas dos olhos e saiu do quarto sem fazer barulho.

Pouco depois que ela saiu, André mexeu-se lentamente; seus olhos desceram até a foto em sua mão.

No fundo de seu olhar opaco, surgiu um leve brilho.

“Sentimento intenso…” A mão envelhecida e magra acariciou a imagem da esposa, ainda jovem e bela na foto, enquanto lágrimas turvas rolavam por seu rosto. “Sentimento intenso, meu tempo está acabando… Quando é que você vai despertar?”

Villa Bella Vista.

A sala de estar, ampla, permanecia em absoluto silêncio.

Uma mulher elegante e imponente sentava-se no sofá de frente para Demétrio: era a atual matriarca da família Rodrigues, mãe biológica de Dalton, a Sra. Rodrigues.

Com um olhar frio e repleto de desprezo, ela fitava Demétrio, sem tentar esconder o desgosto evidente em seus belos olhos.

Aquele rosto sedutor lhe trazia à mente, com facilidade, a imagem daquela mulher desprezível! Era, sem dúvida, a única mancha em sua vida refinada e nobre!

Sra. Rodrigues ajustou o penteado com um gesto suave e, ao mesmo tempo, lançou um olhar ao Professor Anderson, que a acompanhava.

Professor Anderson prontamente se adiantou, abriu a pequena maleta que trouxera e a apresentou diante de Demétrio.

Dentro da caixa, havia três frascos de um novo medicamento.

“Você já parou de tomar o remédio anterior. Estes são os novos, três frascos no total.” A voz da Sra. Rodrigues era contida, mas seu olhar transbordava desdém, revelando uma arrogância arraigada. “Tome todos dentro de dois meses, e uma nova remessa será entregue.”

Ela fez uma breve pausa, com um leve sorriso frio nos lábios.

“Ótimo, é exatamente o que preciso agora. Agradeço-lhe, Sra. Rodrigues.”

Sra. Rodrigues exibiu um sorriso forçado: “Não há de quê. Se você estiver bem, meu filho também estará.”

Dizendo isso, Sra. Rodrigues levantou-se e saiu.

Na porta, uma fileira de carros pretos estava à espera. Sra. Rodrigues entrou no veículo central, acompanhada por Professor Anderson.

Do carro, Sra. Rodrigues lançou um olhar frio à Villa Bella Vista, seu desprezo evidente.

“Dalton é bondoso demais. Eu já havia dito que deveriam manter Demétrio internado: fornecendo sangue para a produção dos medicamentos e permitindo que o Professor Anderson continuasse os experimentos. Assim, encontrariam uma solução definitiva para ele. Mas ele ainda aceitou negociar com esse tipo de…”

Ela semicerrava os olhos, procurando as palavras certas para descrever Demétrio.

“Esse tipo de mercadoria barata e suja! Está apenas desperdiçando tempo!”

Professor Anderson ouviu sem ousar contestar.

No entanto, sabia muito bem: a crueldade e astúcia do grande senhor Dalton da família Rodrigues superavam em muito as da mãe!

O motivo de não manterem Demétrio preso era simples — não conseguiam contê-lo!