Arnaldo não voltou para casa até altas horas da noite.
Késia, é claro, não se importava; ela realmente não ligava para o que ele fazia.
Quem ficou preocupada foi Vânia, que segurou o celular e ligou várias vezes para Arnaldo, como se tivesse algo urgente para discutir com ele.
Késia bateu na porta do quarto dos dois filhos.
“Ricardo, Vânia, mamãe vai entrar.” Como a porta estava apenas encostada, ela empurrou e entrou, flagrando Vânia escondendo o celular atrás das costas com um olhar de culpa nos grandes olhos brilhantes.
“O que você veio fazer aqui?” O tom de Vânia não foi nada receptivo.
Ela acabara de enviar um áudio para o pai, explicando que no dia seguinte iria ao Parque Aquático com a Sra. Geovana. Não queria que aquela mulher má soubesse disso de jeito nenhum.
Além disso, não sabia por quê, mas, mesmo sabendo que aquela mulher má não podia enxergar, bastava vê-la para se lembrar do bolinho de manga que jogara no lixo…
Késia percebeu o celular escondido de Vânia; negar que se sentiu um pouco decepcionada seria mentira, mas ela sabia que não podia forçar a situação.
“Vânia, já está tarde, está na hora de tomar banho e dormir.”
Ela já havia perguntado à Carla: Ricardo era independente desde pequeno e, desde o início do ano, tomava banho sozinho.
Mas Vânia era mais manhosa e mimada; não gostava de tomar banho, só aceitava se a banheira estivesse cheia de espuma e com vários brinquedos, e ainda precisava de alguém contando histórias ao lado para convencê-la.
Somente quando Geovana estava presente, Vânia se comportava melhor.
Como era de se esperar, Késia foi prontamente rejeitada ao falar.
Vânia: “Não quero tomar banho.”
Késia recuou, falando com delicadeza e paciência: “Então, mamãe pode te ajudar a se limpar? Você ficou o dia inteiro na escola hoje, deve ter suado. O corpo pode estar um pouquinho cheirando mal, sabia?”
“Eu não…” Vânia abriu a boca para recusar, mas lembrou que, na manhã seguinte, iria com a Sra. Geovana ao Parque Aquático.
Se a Sra. Geovana sentisse um cheiro ruim nela, isso seria péssimo.
Pensando nisso, Vânia acabou cedendo, mesmo contrariada.
“Então peça para a Carla me ajudar a tomar banho.”
Késia respondeu suavemente: “A Carla precisou sair mais cedo, tinha um compromisso em casa. Mamãe te ajuda, está bem?”
Késia já tinha uma explicação pronta. Sorriu e explicou: “Uma grande amiga da mamãe indicou um excelente oftalmologista. Agora, a mamãe já recuperou parte da visão, mas ainda precisa usar óculos escuros porque sente sensibilidade à luz.”
Já tinha fingido cegueira por tempo suficiente; na próxima semana, quando voltasse oficialmente à empresa, já estaria “recuperada”.
Vânia recuou a mão, hesitante, sem saber se deveria aceitar a ajuda de Késia para tomar banho.
Késia insistiu gentilmente.
“Vânia, mamãe sabe contar histórias muito bem. Você pode escolher qualquer uma para ouvir.”
“…Sério?” Vânia ficou tentada. Além disso, se não tomasse banho, seria ruim se a Sra. Geovana a achasse malcheirosa no dia seguinte.
Pensou por alguns segundos e acabou cedendo, mesmo a contragosto.
“Tá bom, mas só hoje.”
Késia sorriu e foi ao banheiro preparar a água do banho para Vânia. Vânia, por sua vez, foi até o closet, pegou um pijama e caminhou em direção ao banheiro, mas de repente se lembrou de algo, virou-se e correu até Ricardo.
“Mano, amanhã você não pode contar para a Sra. Geovana que deixei a mulher má me ajudar a tomar banho.”

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Depois da Tempestade, Chegou Meu Sol
Boa noite. Estou lendo o livro Depois da tempestade, quando tento comprar aparece uma nota dizendo para tentar mais tarde. Isso é muito incoveniente....