Helena fechou a torneira, ergueu os olhos e encarou Bruno pelo espelho. Sua voz era fria:
— Minha vida pessoal não tem nada a ver com você, não acha?
A garganta de Bruno se contraiu levemente:
— Sim, não tem nada a ver...
Helena se virou e foi embora.
Ao passarem um pelo outro, o braço direito de Bruno, escondido sob o paletó, se moveu sutilmente, mas, no fim, ele não fez nada. Apenas deixou que ela fosse.
Ele olhou para o próprio reflexo no espelho e deu um sorriso amargo.
"Bruno, com o que você pretende a reconquistar? Com um braço remendado, que nem ao menos consegue segurar um copo de água firmemente? O que você tem a oferecer para implorar que uma mulher tão jovem e cheia de vida fique ao seu lado e enfrente os olhares de reprovação dos outros? Bruno, a Helena tem tantas opções... Por que seria você?"
。。。
Ao cair da noite, um carro preto deslizou lentamente até a Mansão Torrente.
O veículo parou, e o motorista deu a volta até a parte de trás, abrindo a porta:
— Senhor, chegamos.
O interior do carro estava na penumbra. Bruno, sentado no banco de trás e ainda mergulhado na dor de lembranças passadas, se sobressaltou ao ouvir a voz. Logo, com uma passada longa, desceu do carro.
Assim que entrou no saguão, uma empregada da casa, falando em tom baixo, veio ao seu encontro:
— Tentamos o acalmar por um bom tempo, mas ele não quer dormir. Está chorando, chamando pela mãe.
Bruno segurou o corrimão da escada e subiu para o segundo andar.
No segundo andar, no quarto principal situado na extremidade leste, moravam Bruno e Gonçalo.
A mão direita de Bruno tinha limitações, e ele estava sempre ocupado com o trabalho. Mesmo assim, se recusava a mandar Gonçalo para ser criado na Casa dos Lima. Ele insistia em cuidar do filho pessoalmente.
Naquele momento, o pequeno estava emburrado, escondido debaixo das cobertas.
Bruno entrou no quarto, tirou o casaco e se ajoelhou ao lado da cama. Com a mão, puxou o pequeno de dentro do cobertor.
Era tão pequeno, tão pálido e delicado.
Gonçalo tinha uma saúde frágil, passou dez meses na incubadora antes de sobreviver. Ele era o tesouro de Bruno, cuidado com todo o zelo. Sua aparência lembrava muito a da mãe, e, sempre que via o rosto do filho, Bruno ficava momentaneamente perdido em seus pensamentos.
Gonçalo se aninhou no colo do pai, os olhos cheios de lágrimas:
— Hoje a Marina me perguntou por que eu não tenho mãe. Algumas crianças riram de mim, disseram que eu não tenho mãe.
Bruno não pôde evitar pensar em Helena. Ele acariciou suavemente o rosto do filho e lhe deu um beijo:
— Nosso Gonçalo, é claro que tem mãe.
— Então eu quero ver a mamãe.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Depois que Fui Embora, o Canalha Ficou Louco
O livro acabou ou não? Parei na página 363...
Acabou??...
Agora me diz porque fazer propaganda de um livro e não postar sequer uma atualização…...