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Depois que Fui Embora, o Canalha Ficou Louco romance Capítulo 433

No segundo andar, Jéssica estava tomando remédio. O comprimido repousava na palma de sua mãozinha branca, mas ela ficou muito tempo sem querer engolir, olhando para a mãe com uma carinha de pidona.

Nesse momento, Ian subiu as escadas carregando Paloma, viu a cena e colocou de lado o que tinha nas mãos, dizendo:

— Vou pegar uma balinha de ameixa.

Pouco depois, Ian voltou com um pacotinho. Ele mesmo não gostava muito, mas as meninas da classe viviam dizendo que aquela marca era deliciosa, azedinha e doce na medida certa, então ele tinha comprado dois pacotes.

Ian se agachou diante de Jéssica, pegou uma bala e encostou nos lábios da garotinha, dizendo:

— Primeiro o remédio, depois ganha essa aqui.

Jéssica fez um biquinho, com o rostinho gordinho e branco todo franzido, parecendo um pãozinho, muito fofa. Ela engoliu o comprimido e bebeu água, e logo depois pegou a balinha de ameixa e colocou na boca com pressa. Realmente não estava mais amargo, o sabor doce e ácido era muito bom. Ela então olhou para o que ainda restava no pacote nas mãos de Ian.

Ele afagou seus cabelos, falando:

— Quando você melhorar, eu compro cinco pacotes para você.

Mas agora, só tinha direito a uma balinha por dose de remédio. Jéssica imediatamente ficou desapontada.

Paloma ergueu o rostinho, espichou o pescocinho e pediu:

— Também quero.

Ian então se curvou e deu uma à irmãzinha. Ao lado, Yasmin sorriu com doçura, elogiando:

— Nosso Ian sempre sabe o jeitinho certo para lidar com elas.

O garoto retribuiu com um leve sorriso, depois caminhou até a janela panorâmica, e seu olhar pousou no carro preto parado do lado de fora. O veículo ainda não tinha ido embora.

Talvez pelo tempo em que o garoto ficou encarando, a cena acabou chamando a atenção de Yasmin também.

...

Após o almoço, enquanto as crianças estavam tirando a soneca da tarde, Yasmin saiu sozinha até o portão.

Quando o portão preto com arabescos abriu lentamente, o homem no Bentley desceu quase no mesmo instante. Eduardo encarou fixamente a barriga dela já bastante visível, e sua voz saiu rouca ao perguntar:

— Nesses dias, a Jéssica está bem? E o bebê na barriga, está bem? Não tem te feito sofrer, né?

— Isso não tem nada a ver com você. — A postura de Yasmin foi fria.

Nos olhos de Eduardo, surgiu um traço de desapontamento, mas ele insistiu:

— Então fale do que tem a ver comigo. Fiquei sabendo pelo Adv. Santini que você não aceitou as ações que eu transferi. Por que não aceitou? Se você quiser se vingar e tirar o Grupo Yael de mim, pode fazer isso agora mesmo!

O sol da tarde era quente, mas Yasmin sentiu o corpo inteiro gelar. Ela baixou o olhar e sorriu com amargura, respondendo:

— Para que eu ia querer essas ações? Isso pode fazer o baço da Jéssica voltar? Além disso, Eduardo, acho que a melhor forma de vingança contra você é te ignorar e te manter longe de mim. A partir de agora, não apareça mais aqui.

O semblante dele empalideceu, e ele disse:

— Eu vou me divorciar dela. — O restante da fala saiu quase num murmúrio. — E... Eu posso esperar.

Yasmin só entendeu ao que ele estava se referindo depois de alguns segundos. Assim que compreendeu, quase sem pensar, deu um tapa violento no rosto dele. Quando terminou o gesto, o corpo todo dela tremia, com os lábios estremecendo enquanto os olhos estavam esbugalhados, o encarando.

— Eu estava te esperando para fazer um lanche quentinho.

Pouco depois, ela lhe trouxe uma porção de pastel fumegante, eram de frango caipira com catupiry. Elder deu a primeira mordida e a emoção o dominou. As empregadas da casa podiam fazer seu lanche noturno, mas Amélia ter esperado por ele significava que a sogra se preocupava com ele, esperava que ele voltasse mais cedo e não se desgastasse tanto trabalhando.

Na meia-idade, as pessoas se apegavam ainda mais ao aconchego familiar, e Elder não era exceção. Só não sabia por quanto tempo ainda teria direito àquele calor...

Depois de comer, convenceu Amélia a ir dormir.

Quando tudo estava silencioso, Elder foi até o jardim. Sob o céu estrelado, tirou um cigarro do bolso. Ficou indeciso por um tempo, mas, no fim, ele acendeu.

Desde que foi diagnosticado, não tocou mais em nenhum cigarro pela própria sobrevivência, mesmo nas crises de abstinência. Mas naquela noite, não conseguiu se conter.

A fumaça leve subiu, enevoando o contorno do rosto. O branco da camisa parecia ainda mais puro sob a meia-luz. O gosto do cigarro já não era como antes, era áspero e amargo.

Enquanto fumava lentamente, Elder pensava no Bentley do lado de fora. Conhecia aquela placa de longe, era o carro de Eduardo, e havia rumores de que ele iria se divorciar.

Nesse único cigarro, pensou em muita coisa. Depois que ele se fosse, quando o corpo cedesse, o que seria da esposa e dos filhos? Ele não podia deixar de se preocupar, porque ele podia sentir o estado do próprio corpo, estava ciente de que não aguentaria por muito mais tempo.

A fumaça turvava o rosto, o olhar também estava cheio de sombras insondáveis. Quando terminou, apagou o cigarro com extremo cuidado, temendo que Yasmin sentisse o cheiro e desse uma bronca nele.

Mas ele não percebeu que, no segundo andar, Yasmin estava na varanda o tempo inteiro, e o observou em silêncio por muito tempo.

Depois, Elder subiu devagar. Quando abriu a porta do quarto, encontrou Yasmin sentada na saleta, lendo um livro, aparentemente serena. Ele pensou por um momento e acabou perguntando:

— Hoje, ele esteve aqui?

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