Bia
Ainda não sei se a escolha que eu fiz foi mesmo a melhor, tipo, meus pais colocaram tanta pilha pra eu aceitar, eu sei que eles me amam e tal, mas até pareceu que eles estavam querendo se livrar de mim, e tem também o Lucas, eu sei que ele gostou do que aconteceu entre a gente, nós ficamos, e foi muito bom, mas logo depois ele me mandou ir embora e não andou mais na minha casa, ele é muito certinho, com certeza quer fugir de mim, sim, a melhor escolha foi ter vindo embora.
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Lucas
Entro no quartinho e desabo na cama, não consigo me segurar e começo a chorar que nem uma criança, a Bia foi embora, e isso aconteceu porque eu sou um covarde que não teve coragem de lutar por ela, e agora ela está lá em outro país, sem lembrar do que houve entre a gente, sem ao menos imaginar que eu amo ela mais do que tudo nesse mundo, mas acho que foi melhor assim, mesmo que isso me mate por dentro, agora ela vai poder viver a vida dela da maneira mais normal possível, e bem longe de mim.
Acordo bem cedo com uma dor de cabeça enorme e uma batida na porta do meu quarto, vou abrir, é o meu pai.
— Oi filho bom dia! - ele diz e me abraça.
— Pai! Entra. - dou espaço para ele passar.
— Filho Você está com olheiras e com os olhos inchados. - Suspiro e não respondo nada, ele sabe muito bem o motivo de eu estar assim. — Isso é porque você soube que a Bia foi embora?
— Pai eu não quero falar sobre isso. - não adianta ficar sofrendo ainda mais com isso, ele não me entende.
— Filho ver você sofrendo assim parte o meu coração, olha onde você está morando, por causa disso você precisou até sair de casa. - então é isso, ele quer que eu volte pra casa agora que a Bia não está mais lá.
— Eu não vou voltar só porque a Bia foi embora pai! Eu estou bem morando aqui. - aviso pra ele.
— Tudo bem! Você sabe que eu te respeito, sempre o respeitei porque você é um filho de ouro, eu sempre tive muito orgulho de você Lucas. - Dou um abraço nele, ele não tem culpa de eu ter me apaixonado pela Bia, ninguém tem culpa na verdade. — Eu te amo Lucas.
— Eu também te amo pai.
Nas semanas que se sucederam, tenho certeza que eu parecia um zumbi, trabalho, faculdade, cama, meu pai e Marcela reclamavam por eu andar lá com pouca frequência, mas eu não tinha como ir, tudo naquela casa me lembra a Bia.
já é perto do meio dia e estou terminando o meu turno na academia, recebo uma ligação do meu pai me chamando para ir urgente na casa dele, já penso que pode ser alguma coisa com a Bia e saio feito um louco no meio da rua, quando chego lá encontro meu pai e minha mãe discutindo na sala, e Marcela na cozinha tapando os ouvidos.
— Era um assunto muito delicado pra se falar por telefone Claudia! - meu pai tenta explicar.
— Vocês tinham o dever de me manter a par dessa história! Principalmente você Marcela! Ou você já esqueceu? - minha mãe diz raivosa para Marcela que apenas encolhe os ombros.
— Mãe! - chamo e sua atenção é voltada pra mim.
— Filho! - Ela corre e vem me abraçar.
— Mãe que saudade! Porque você não me avisou que vinha?
— Peguei o primeiro avião depois que conversei com a Sara, nem deu tempo de te avisar filho, desculpa. - a Sara novamente fazendo inferno.
— Mãe não sei o Sara te disse mas.... - tento explicar.
— Não importa o que a Sara disse! Eu nunca deveria ter deixado você vir morar aqui, eu tinha que ter segurado você por lá, como eu vinha fazendo a cinco anos. - minha mãe volta a falar com a voz alterada.
— Eu quem não deveria ter me permitido ficar esse tempo todo longe do Lucas! Me perdoa filho. - meu pai diz com os olhos marejados.
— Tudo bem pai. - tento conforta-lo.
— E você acha que eu ia deixar ele ficar perto daquela menina? - minha mãe diz deixando a todos com uma pulga atrás da orelha.
— Do que você está falando? - meu pai pergunta com as sobrancelhas arqueadas.
— Nos fizemos um pacto de separar os dois, como eu já havia dito pra você antes, a Bia sempre olhou diferente pro Lucas. - Marcela confessa com uma expressão de arrependimento no rosto.
— E você filho já estava começando a falar o nome dela enquanto dormia. - minha mãe acrescenta.
— E só agora que eu fico sabendo disso tudo? - Meu pai olhou de um jeito diferente pra Marcela, e ela começou a chorar.
— Foi o melhor a se fazer na época! Eu achei que com o tempo isso ia passar e… - Marcela começa a dizer.
— Acontece que fazer eles ficarem anos separados só piorou a situação, eles não se veem como irmãos. - meu pai conclui, e na verdade eu acho que ele está certo, se eu tivesse tido mais contato com a Bia talvez tudo teria sido diferente.
Ou talvez não, vai saber, a real é que desde quando eu cheguei aqui, nunca consegui enxergar a Bia como irmã, para mim ela era uma garota adolescente como qualquer outra, e assim como todos os caras, eu fiquei encantando com a beleza dela.
— Então era pra eu ficar de braços cruzados enquanto aquela pervertidazinha seduzia o meu filho? - minha mãe diz provocando a todos.
— Não fala assim da Bia mãe. - eu a advirto, não vou permitir que minha mãe a destrate.
— ELA É UMA DOENTE QUE SEDUZIU VOCÊ! - grita alterada, e eu explodo logo de vez.
— OS ÚNICOS DOENTES AQUI SÃO VOCÊS TRÊS! EU AMO A BIA! O QUE EU SINTO POR ELA NÃO É DOENÇA, É AMOR! - Os três ficam em choque olhando pra mim, eles nunca me viram daquele jeito, e eu não estou mais nem aí, já chega de ser bonzinho, eu não vou mais aceitar ninguém dizendo o que eu e a Bia temos que fazer. — E NÓS NÃO VAMOS MAIS FICAR SEPARADOS! QUER VOCÊS ACEITEM OU NÃO!
Saio da casa do meu pai sem olhar pra trás, não me interessa mais o que eles pensam ou não sobre mim e a Bia, a única coisa que me importa agora é dar um jeito de ir atrás dela.
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