Despedida de um amor silencioso romance Capítulo 1757

Anos atrás, Nicholas havia sido alvo de uma tentativa de assassinato.

Sem hesitar, Cecilia o protegeu, recebendo o golpe em seu lugar. A cicatriz em suas costas era a prova daquele momento, uma marca que ela carregava desde então.

Por muito tempo, ela acreditou que havia salvado Nathaniel, convencida de que era ele quem lhe devia algo.

Nicholas engoliu em seco, mas o amargor em sua garganta se recusava a desaparecer.

“Como você pôde me dar remédios psicológicos?”, Cecilia exigiu saber, sua voz carregada de incredulidade.

Mesmo agora, ela lutava para entender. A pessoa que um dia fora gentil e excepcional na juventude havia se transformado em alguém paranoico e obsessivo.

Do outro lado da mesa, Nicholas tomou um gole lento de seu café, os dedos apertando a caneca sem que ele percebesse.

“Eu não tive escolha. Tudo o que eu queria era que a gente começasse de novo.” Ao dizer isso, ele ergueu o olhar para encará-la. “A verdade é que... você já seguiu em frente, não é? Você sempre esteve apaixonada por Nathaniel.”

As sobrancelhas de Cecilia se franziram em confusão.

Nicholas continuou. “Você nem se lembra de Nathaniel, mas mesmo assim não quis ficar comigo durante o ano que passamos juntos. Por quê? Não foi porque você já tinha se apaixonado por ele?”

Aquele ano no exterior com Cecilia ainda o assombrava. Não importava quanto tempo passassem juntos, nem o quão próximos estivessem, ela sempre recuava instintivamente ao seu toque, como um reflexo que não conseguia controlar.

O olhar de Nicholas desceu até o abdômen de Cecilia. “Quantos meses?”

Quantos meses?

Cecilia franziu a testa, pega desprevenida. “O que você quer dizer?”

“Quantos meses de gravidez? Você e Vivian não foram ao médico recentemente?”

A ficha caiu para Cecilia, ele havia entendido tudo errado. Ele achava que ela estava grávida, quando, na verdade, era Vivian.

Antes que ela pudesse corrigi-lo, a expressão de Nicholas escureceu. Sua voz destilava sarcasmo ao dizer: “Você realmente me decepcionou. Diz que não se lembra de Nathaniel, mas está carregando o filho dele? Me diga, ele te forçou ou foi escolha sua?”

Esse não era o Nicholas que ela conhecera. O calor, o jeito cavalheiro, tudo isso havia sumido. O que restava era um homem cujas palavras cortavam como uma lâmina, afiadas e amargas.

Quando estava prestes a se afastar, Jaqueline de repente acelerou o passo, correndo atrás dela.

“Sra. Smith, o Sr. Nicholas não quis fazer mal. Você não faz ideia de como esses últimos anos foram difíceis pra ele. Quando estava no exterior, ele ficou confinado numa ala esterilizada, sem poder ir a lugar nenhum. Passou dias sem fim sozinho, só sentado lá, olhando pra sua foto.” Jaqueline não sabia o que a tinha possuído hoje, mas, por algum motivo, sentiu necessidade de contar tudo a Cecilia.

Cecilia parou onde estava. Por um breve momento, hesitou. Uma parte dela fraquejou com as palavras de Jaqueline, mas ela não esquecera as coisas absurdas que Nicholas havia feito.

Ela se virou para Jaqueline, o olhar firme. “Deixa eu te perguntar uma coisa. Se você amasse alguém, você faria qualquer coisa pra ter essa pessoa, mesmo que ela já tivesse uma família, filhos?”

Jaqueline ficou em silêncio.

Ela já sabia a resposta. Não, ela não faria. Tinha visto Nicholas se casar com uma mulher que não amava, havia suportado seus próprios sentimentos em silêncio, nunca interferindo, porque entendia algo que Nicholas nunca compreendeu.

O amor não pode ser forçado.

Cecilia prosseguiu: “Além disso, o que ele sente por mim agora... eu nem acho que pode mais ser chamado de amor.”