Despedida de um amor silencioso romance Capítulo 1813

Juliana devorou os ovos mexidos rapidinho, terminando o prato inteiro em poucos minutos. “Tá vendo? Tá gostoso. Não precisa ficar com ciúmes. Você devia é cuidar da tia Quésia”, disse, colocando o prato vazio na mesa.

Observando, Cecília ficou sem reação. Não esperava que as coisas tomassem esse rumo. Sua prima pegou um prato limpo e ia servir mais ovos, mas, antes que conseguisse, Cecília a interrompeu.

“Não pega mais.”

Juliana fez cara feia, claramente irritada. “Qual é agora? Só porque você é filha de verdade da minha tia, acha que pode mandar em mim?”

Ignorando-a, Cecília apontou para a panela de mingau. “Tem um veneno nisso.”

Juliana congelou, sem palavras por um instante. “Como assim? Que veneno?”, perguntou.

“Um veneno de ação lenta”, disse Cecília com calma.

Juliana arregalou os olhos, chocada. “Isso é absurdo! Tá me acusando de querer machucar a tia Quésia? De todo mundo no mundo, eu nunca faria isso!”, exclamou.

Ela passou a infância inteira com a tia e os avós. Fora eles, não tinha mais ninguém. Como poderia pensar em machuca-la?

Mas Cecília não recuou. Ela tirou um relatório dobrado do bolso e o mostrou. “Veja com seus próprios olhos”, disse, entregando-o. “Esse é o resultado do teste do hospital dos ovos mexidos de ontem.”

Juliana arrancou o relatório das mãos dela e o abriu. Ao ler, sentiu o chão desabar sob seus pés. “Não pode ser...”, murmurou, tremendo. “Isso tem que ser falso!”

A expressão de Cecília permaneceu indecifrável. “Você acha mesmo que eu me daria ao trabalho de falsificar um laudo? O que eu ganharia te incriminando?”

Não faz sentido. Eu nunca envenenaria a tia Quésia. Então... será que foi a Cassandra? Mas por quê? A tia sempre a tratou bem, deu tudo de melhor pra ela. O que mais poderia querer?

Lágrimas brotaram nos olhos de Juliana. “Se eu tivesse feito, acha que eu teria coragem de comer agora há pouco?”

“Talvez você tenha comido pra despistar”, retrucou Cecília. “O veneno é de ação lenta, afinal. Um pouquinho não te faria mal.”

O rosto de Juliana empalideceu. Por um momento, ficou sem palavras. Vendo a reação, Cecília não segurou a mão. Pegou o celular. “Vou chamar a polícia.”

A jovem avançou, segurando o pulso dela. “Por favor, não! Juro, eu não sabia! Foi a Cassandra, me deu a comida e pediu pra trazer pra tia Quésia!”

Os olhos de Cecília brilharam com algo indecifrável. “Então você tá dizendo que vocês se juntaram pra machucar minha mãe?”

Juliana balançou a cabeça freneticamente. “Não! Eu não sabia que ela tinha colocado algo. Juro, não sabia!” Sua voz estava quebrada de desespero.