Despedida de um amor silencioso romance Capítulo 1968

Num piscar de olhos, dois dias se passaram.

O corpo de Matheus já estava praticamente recuperado, e a paciência de Denise tinha chegado ao fim. Às sete em ponto, ela parou ao lado da cama improvisada dele e o cutucou.

“Levanta. Hora de procurar emprego.”

Matheus gemeu, enfiando o rosto no cobertor. “Pra quê essa pressa? Me deixa dormir só mais um pouco.”

Irritada ao vê-lo ainda esparramado, Denise não disse nada. Apenas se abaixou, agarrou o cobertor e o arrancou com um puxão firme.

Uma onda de ar gelado o atingiu, e Matheus se encolheu instintivamente, lançando um olhar irritado. “Qual é a sua?”

“Levanta ou eu jogo água”, avisou ela, já indo até o banheiro. Poucos segundos depois, reapareceu com uma bacia cheia d'água nas mãos, parada bem na frente dele.

Vendo que ela não estava blefando, Matheus se levantou num pulo. “Tá bom, tá bom! Já levantei!”

Ao vê-lo finalmente de pé, Denise deixou a bacia de lado. “Ótimo. Se apronta e vai procurar trabalho. Já tá mais do que na hora de começar a me pagar”, disse, antes de ir se arrumar.

Matheus também não queria depender de uma mulher pra sempre. Tinha seus próprios sonhos e ambições guardadas.

“Espera só pra ver. Ainda vou te surpreender”, murmurou pra si mesmo, cheio de confiança. Afinal, já tinha sido gerente. Não devia demorar pra se reerguer... certo?

Mas a realidade da busca por emprego caiu como um balde de água fria. Não só as empresas o recusavam antes mesmo da entrevista, como até lojinhas de bairro o dispensavam sem pestanejar.

“Você veio aqui sem nenhuma experiência e acha que a gente vai te contratar?”

“Nem se deu ao trabalho de se candidatar direito, por que a gente daria uma chance?”

“Quer ser gerente? Por que não tenta virar CEO logo de uma vez?”

“Vaza. Não precisamos de maluco aqui.”

Matheus foi rejeitado de uma empresa após a outra. Foi aí que finalmente percebeu... Se quisesse trabalhar pros outros, teria que enviar currículos pela internet.

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