Despedida de um amor silencioso romance Capítulo 1969

Denise o levou até o local onde trabalhava.

Ao chegarem, Matheus encarou, surpreso, o clube luxuoso e cheio de luzes. O canto de sua boca se contraiu levemente.

“Você trabalha aqui?”, perguntou, arqueando a sobrancelha.

Agora fazia sentido ela sempre sair tão cedo e voltar tão tarde.

Denise percebeu o olhar de desprezo dele, mas não reagiu. “Sim”, respondeu de forma simples. “Trabalhar aqui é o jeito mais rápido de ganhar dinheiro.”

“Você realmente não se dá ao respeito, né?”, Matheus disparou, sem rodeios.

Ele já tinha frequentado lugares como aquele antes. Para ele, mulheres que trabalhavam em clubes eram todas iguais... Baratas e sem vergonha.

Um lampejo de mágoa passou pelos olhos de Denise, mas ela logo disfarçou. “Talvez. Mas eu não tenho escolha.”

Como mais eu pagaria o tratamento dos meus pais? Sem dinheiro, eles já estariam mortos.

Só então Matheus se lembrou de que os pais dela estavam gravemente doentes. A culpa apertou em seu peito.

“Eu... desculpa. Tinha me esquecido disso.”

Pela primeira vez, ele sentiu um remorso genuíno.

No mundo em que vivia antes, jamais teria cruzado o caminho de alguém como Denise. E só agora começava a entender que a vida de algumas pessoas era uma batalha diária pela sobrevivência.

“Tudo bem. Vamos entrar logo”, ela disse, com calma.

Matheus assentiu e a seguiu.

Enquanto ela andava à frente, ele ainda lutava para acreditar no que via.

Quando se conheceram, ele ficou surpreso com o quanto ela parecia jovem. Não era o tipo de mulher que ele imaginava trabalhando num clube. Tudo no jeito dela era diferente.

Denise o levou direto até o gerente.

Denise estreitou os olhos. Esse cara ainda precisa tomar muito na cara.

Por volta das cinco da manhã, quando seu turno finalmente terminou, Denise esperava perto da saída quando viu Matheus saindo cambaleando, com o rosto inchado e cheio de hematomas, parecendo ter passado por um moedor de carne.

O gerente também não estava nada satisfeito. Lançou um olhar para Matheus, depois se voltou para Denise com a testa franzida. “É bom ensinar umas lições pro seu amigo. Ele tá aqui pra servir os clientes, não pra irritar eles.”

Matheus estava à beira das lágrimas. Assim que o gerente se afastou, ele desabou por completo.

“Não aguento mais”, choramingou, a voz trêmula. “Eles me bateram, me humilharam, me trataram como lixo. Você não faz ideia do que eu passei hoje à noite...”

Denise o encarou, com a expressão indecifrável. Depois de uma pausa, soltou um suspiro. “Chorar pra mim não vai mudar nada”, disse, friamente. “Se não consegue aguentar, é melhor voltar a ser mendigo.”

Nesse mundo, todo mundo tem que se virar. Ninguém vai carregar você nas costas.

Ainda soluçando, Matheus a seguiu até em casa, fungando pelo caminho inteiro.

No apartamento, Denise tirou o kit de primeiros socorros em silêncio e começou a cuidar dos ferimentos dele. Enquanto passava o antisséptico com cuidado, finalmente ouviu a história completa. Aparentemente, enquanto servia as bebidas, os clientes o chamaram pra se juntar à mesa. Uma coisa levou à outra, e ele acabou ficando bêbado, esquecendo completamente que era apenas um funcionário. Pior ainda: começou a pedir mais vinho por conta deles e teve a ousadia de chamar as mulheres pra beber com ele.

Não deu outra... Uma das clientes, ofendida pela arrogância, chamou alguém pra dar uma lição nele.

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