Despedida de um amor silencioso romance Capítulo 1992

Assim que terminou de falar, Matheus olhou fundo nos olhos de Denise.

“Você ainda é minha amiga?”

No passado, ele só se cercava de amigos interesseiros. Assim que o dinheiro acabava, todos desapareciam.

Mas Denise era diferente. Ela o acolheu quando ele não tinha nada, o tratou com gentileza.

Só agora ele entendia o que era uma amizade de verdade. E não queria perdê-la.

Diante da pergunta, Denise desviou o olhar, sem saber como responder.

“Vamos deixar isso pra depois”, disse, saindo apressada do quarto e fechando a porta atrás de si.

Matheus observou sua silhueta se afastando, com um leve sorriso nos lábios.

Por algum motivo, mesmo com o corpo ainda doendo, ele se sentia estranhamente feliz.

Denise saiu para comprar mingau e um caldo nutritivo para Matheus. Gastou um bom dinheiro com isso antes de voltar ao hospital.

Ao ver o que ela trouxe, Matheus ficou um tanto surpreso.

“Isso deve ter custado caro, né?”

Acostumado à vida econômica que levavam juntos, ele ficou até constrangido de encostar naquilo tudo.

“O médico disse que você precisa comer coisas leves e também se alimentar bem. Então trate de comer”, respondeu Denise, com a expressão neutra.

Mas Matheus não começou a comer. Em vez disso, perguntou: “E você? Vai comer o quê?”

“Comprei uns pãezinhos antes. Já estou satisfeita.”

Denise ainda não conseguia gastar dinheiro consigo mesma.

Ao ouvir isso, Matheus ficou visivelmente incomodado.

“Ué, eu não ganhei duzentos mil ontem? Pode gastar. Por que ainda está comendo pão? Olha o quanto você tá magra.”

Denise o encarou de lado.

“Esse dinheiro é seu. Não posso usar. Só vou pegar de volta os cem mil que eram meus por direito.”

Ela era teimosa quando dizia não, era não mesmo.

Matheus a conhecia bem.

“Se for assim, então eu também não vou comer.”

Denise o olhou surpresa, sem entender.

Ele trabalhou tanto pra ganhar esse dinheiro... agora está bravo porque eu me recuso a usá-lo?

Os dois começaram a comer juntos, e de tempos em tempos, Matheus lançava olhares para Denise.

Percebendo, ela franziu a testa.

“Por que está me encarando assim?”

Matheus desviou o olhar depressa.

“Não posso nem olhar? Que implicância.”

Logo em seguida, perguntou, quase sem pensar:

“Denise, você nunca teve namorado?”

Ela parou no meio do movimento com a colher. Silenciou por alguns instantes antes de responder:

“Já namorei, sim.”

“E aí? Por que não estão mais juntos?”, perguntou ele, sem perceber o incômodo crescendo dentro de si.

“Por causa da doença dos meus pais. Não queria ser um peso pra ele”, respondeu Denise.

Matheus sentiu algo estranho apertar o peito, uma inquietação que ele não conseguia explicar.