Desta Vez, Eu Sou a Prioridade da Minha Vida romance Capítulo 103

O celular não parava de tocar. Dei uma olhada rápida e era tudo chamada de Sebastião Laureano, pelo menos dez chamadas.

Dei de ombros e ignorei, afinal, atender o telefone agora seria pedir para ser repreendida.

Corri para o trabalho. O escritório estava um alvoroço, mas assim que entrei, silenciou subitamente; muitos com cara fechada voltaram aos seus postos.

Entrei na sala sem alterar minha expressão.

Ao me ver, Jorge Marques, que parecia um filhotinho, levantou-se de imediato, seus olhos brilhando, fixos em meu rosto por um bom tempo, e perguntou preocupado: "Rosângela, você não veio de manhã, está tudo bem?"

Sentei-me e liguei o computador. "Tudo bem, só me atrasei por um assunto, vamos ao trabalho."

Jorge observou meu rosto, uma sombra de preocupação cruzando suas feições delicadas, e finalmente perguntou: "Rosângela, parece que seus lábios estão inchados, é uma alergia? Clara Céu Soares me disse uma vez que algumas pessoas ficam com os lábios inchados por causa de inflamação nos lábios."

Aí está, Sebastião Laureano tem mais uma coisa para me acusar.

Sorri para Jorge. "Não é inflamação, comi camarão apimentado no almoço e meus lábios incharam um pouco, mas estou bem, não é nada sério."

Jorge visivelmente relaxou, seus olhos claros cheios de alegria.

"Que bom, que bom. Vou te atualizar sobre o progresso do trabalho."

Meu trabalho é bastante fixo. Agora que o outono chegou, Jerônimo Souza pediu para começar a desenhar itens de inverno. Cada estação tem um tema e é preciso antecipar as tendências.

Embora em minha vida anterior eu fosse uma dona de casa em tempo integral, sempre me mantive atenta ao mundo da moda. Sabia bem o que estava em alta, então não demorou muito para esboçar um plano inicial.

Meu contato direto é Jerônimo Souza. Bati em sua porta com o esboço, embora pudéssemos ter comunicado por e-mail, mas queria perguntar sobre meu tio doutor.

Jerônimo Souza estava relaxado em seu escritório, focado em seu computador. "Entre."

Mantive minha expressão e olhar inalterados, sem dizer uma palavra.

Na minha vida anterior, ou melhor, em minha vida anterior inteira, eu sempre girava em torno de Sebastião Laureano, perdendo cada vez mais a minha própria identidade. Obediente, sensível, fraca, inútil, sem graça — essas palavras me acompanharam por toda a minha vida conjugal anterior.

Feroz, temperamental, assertiva, era algo impensável para mim, mas nesta vida estou vivendo tão confortavelmente, tão feliz, que até parece que, por ser feroz, a malícia ao meu redor diminuiu.

Até Jerônimo Souza, que na minha vida anterior me desprezava, achando que eu não era digna de Sebastião Laureano, não ousa mais me menosprezar.

Estou muito satisfeita comigo mesma agora.

Jerônimo Souza, após revisar o esboço, girou sua caneta, fazendo anotações, todo sorrisos.

"Cunhada, você realmente é um tesouro. Sonho de Borboleta faz jus ao nome, a geração mais jovem adora esse estilo simples e único. Eu tinha dito aos velhos conservadores da empresa que precisamos de criatividade e novidade, mas eles continuam agarrados às tradições, como se não soubessem projetar sem elas."