Ponto de vista do Bill
Meus olhos se abriram lentamente, e tudo o que vi foi um teto branco. O cheiro estéril, o som das máquinas, tudo começou a fazer sentido. Eu percebi que estava num hospital. Tentei juntar os pedaços na minha cabeça para lembrar o que tinha acontecido e como eu tinha parado ali.
A última coisa que passou pela minha mente foi uma motocicleta indo direto em direção à Serena. Instintivamente, me joguei para a empurrar para fora do caminho. Depois disso, tudo ficou em branco.
— Merda! — Pensei. — Será que ela está bem?
Olhei ao redor do quarto, procurando por Serena. E lá estava ela, com a cabeça apoiada na minha cama de hospital. Parecia que tinha ficado ali a noite toda, cuidando de mim. Soltei um suspiro de alívio ao saber que ela estava sã e salva.
Tentei me mexer, mas imediatamente senti uma dor latejante nos braços e nas pernas, lembranças do acidente. Porém, ao ver Serena tão perto, a dor parecia menos intensa.
Enquanto a observava dormir, a memória de Serena me entregando os papéis do divórcio voltou como um soco no estômago. Eu me lembrava de a ter implorado, tentado de tudo para fazer ela mudar de ideia, mas ela não cedeu. Foi como uma facada no peito, deixando um vazio doloroso. Ainda não consigo entender por que aquilo doía tanto, porquê a ideia de perder ela criou aquele buraco dentro de mim.
De repente, percebi que minha mão estava acariciando o cabelo dela. Retirei rapidamente, não querendo a acordar. Mas porquê? Não sei o que me levou a fazer aquilo. Nunca me havia importado tanto com Serena.
Ela se mexeu levemente, e meu coração disparou. Porquê havia ficado tão nervoso com a possibilidade de Serena me ver acariciando seu cabelo?
Foi então que notei a mão esquerda de Serena. O dedo anelar dela estava vazio, sem aliança. Ao lado dela, na mesa de cabeceira, avistei os papéis do divórcio na bolsa dela. Foi um choque de realidade, estávamos divorciados, ainda que a formalidade ainda não estivesse concluída.
Como CEO, estava acostumado a ter controle e tomar decisões difíceis, mas aquilo... aquilo era algo que não podia consertar ou negociar. Minha esposa não ia voltar, e aquela sensação de impotência me destruía por dentro.
Depois de um tempo, Serena começou a se mexer. Ela se espreguiçou devagar, e seus olhos se encontraram brevemente com os meus. Mas assim que percebeu que eu a estava observando, virou a cabeça rapidamente, evitando meu olhar.
— Como você está se sentindo? — Ela perguntou, olhando para baixo.
Sério, por que ela parecia tão tímida de repente?
— Bem! — Respondi.
Serena finalmente me olhou nos olhos, mas só por um segundo.
— Obrigada por me salvar, Bill. — Ela disse. — Eu te devo essa.
Devo essa? É só isso? Mas não disse isso em voz alta. Em vez disso, fingi indiferença e respondi:
— Sem problemas. Não precisa mencionar.
Sentamos em silêncio, sem saber o que dizer. Aquele constrangimento estava me matando, quase pior do que ser atropelado por aquela motocicleta.
Um batido na porta interrompeu o silêncio.
— Quem é? — Perguntei.
— Bill? Graças a Deus você está bem. — Uma voz feminina respondeu do outro lado. — É a Doris. Posso entrar?
Pedi que Doris entrasse. Assim que ela entrou no quarto, percebi a expressão de Serena ficar sombria.
— Oh, Bill, vim assim que soube pela sua mãe. — Doris disse, entrando no quarto. Ela caminhou até a mesa ao lado da minha cama e colocou uma sacola de papel ali.
Doris começou a remexer na sacola, nem se deu ao trabalho de cumprimentar Serena.
— Trouxe algumas coisas essenciais para você. — Disse ela, tirando uma escova de dentes, algumas revistas, barras de cereal, álcool em gel e um pequeno kit de higiene. — Achei que você poderia precisar disso. — Acrescentou, colocando os itens na mesa.
Enquanto Doris continuava desempacotando a sacola, vi Serena saindo do quarto silenciosamente.
— Para onde você vai, Serena? — Perguntei.
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